Putin controla cidade vital para tomar o leste da Ucrânia

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Rússia anunciou nesta quinta (31) a tomada de uma importante cidade no leste da Ucrânia, Tchasiv Iar, após 16 meses de intensas batalhas. Com isso, está aberto o caminho para o assalto à capital da parte ucraniana da região de Donetsk, Kramatorsk, a 25 km dali.

Tchasiv Iar fica em uma posição alta, com acesso direto ao chamado cinturão de fortalezas de Donetsk, 1 das 4 regiões anexadas ilegalmente por Vladimir Putin após a invasão de 2022 e cuja tomada total é parte da lista de exigências pelo fim da guerra.

Segundo um analista militar russo disse à Folha, corroborando relatos de blogueiros ucranianos, as forças de Volodimir Zelenski na região estão muito enfraquecidas —restando saber se, após intensos combates que deixaram milhares de mortos, como estão as de Putin na região.

As Forças Armadas da Ucrânia disseram ainda ter forças em solo na periferia da cidade, mas o Ministério da Defesa russo publicou vídeos que foram georreferenciados por analistas mostrando soldados plantando a bandeira do país no distrito mais a oeste do local.

O referencial site ucraniano de monitoramento DeepState colocava aquela região como cercada na véspera. Na prática, com ou sem bolsões de resistência, Tchasiv Iar caiu.

Em junho do ano passado, isso quase ocorreu, mas Kiev enviou reforços para segurar as posições. A violência levou a cidade, que tinha 12 mil habitantes antes da guerra, a ser reduzida a ruínas. Segundo Moscou, 65 civis que ainda estavam por lá foram evacuados na operação de tomada final.

Dali, os russos poderão atacar por terra as fortificações de Kostiantnivka, Kramatorsk e Sloviansk, cidades que concentram a população civil remanescente sob controle de Kiev em Donetsk, que com a vizinha totalmente ocupada Lugansk formam o chamado Donbass, o leste histórico russófono da Ucrânia.

Kramatorsk serve de centro administrativo dos agora cerca de 30% remanescentes sob controle ucraniano na região desde 2014, quando a capital homônima Donetsk caiu para separatistas pró-Rússia na guerra civil fomentada por Putin após a derrubada de um presidente aliado em Kiev.

Mais ao sul, segue também o cerco ao centro logístico de Pokrovsk, que se desenrola desde o ano passado. A cidade agora está cercada por três lados, e sua eventual queda complica ainda mais a vida da defesa geral de Donetsk.

A chamada ofensiva de verão, no caso no Hemisfério Norte, dos russos parecia focar no norte, em Sumi e Kharkiv, mas aparentemente as ações lá visavam drenar energia e recursos de Kiev. Com efeito, os quase 50 mil homens empregados naquelas regiões avançaram, mas foram parados antes de chegar a ameaçar as capitais regionais.

Só que isso enfraqueceu o flanco leste, a prioridade estratégica do Kremlin, e ainda permitiu que houvesse ganhos significativos numa região que, como as duas do norte, não faz parte da lista oficial de desejos de Putin: Dnipropetrovsk, onde há forças invadindo por três pontos convergentes.

O avanço em solo vem uma semana antes do fim do prazo dado pelo presidente americano Donald Trump para que o colega russo aceite um cessar-fogo, sob pena de sofrer novas sanções econômicas —as mais importantes, contudo, estão planejadas contra países que compram petróleo e derivados russos, como China, Índia e Brasil.

Dois observadores da política russa afirmaram à reportagem que o Kremlin trabalha com a implementação das sanções e considera que até o fim do ano não haverá impacto significativo além do já elevado desgaste da economia local.

O próprio Trump já disse ter dúvida acerca da eficácia de seus esforços, que começaram com uma abertura a Putin, só para degradarem no ultimato inicial de 50 dias, reduzidos para 10, pelo fim do conflito.

O fornecimento de armas prometido por Trump também não assusta ainda os russos. Os dois sistemas antiaéreos Patriot prometidos pela Alemanha no novo arranjo de envio de armamentos americanos via Europa só devem chegar no primeiro semestre de 2026, segundo Berlim.

Enquanto isso, a guerra aérea segue intensa, no nível mais elevado do conflito, como a Folha mostrou. Nesta quinta, ao menos oito pessoas morreram como resultado de uma grande barragem de drones e mísseis contra Kiev.

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