Qatar pede sanções a Israel, que recebe Rubio e intensifica ataques a Gaza

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, instou a comunidade internacional neste domingo (14) a “parar de usar dois pesos e duas medidas” e sancionar Israel pelo que chamou de crimes.

O premiê discursou em uma reunião preparatória na véspera de uma cúpula de emergência de líderes árabes e muçulmanos organizada pelo Qatar, depois que Israel lançou um ataque aéreo inédito contra líderes do Hamas em Doha, na terça-feira (9). Lideranças políticas da facção terrorista vivem na capital qatari, e o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, defendeu a ação.

“Chegou o momento de que a comunidade internacional pare de usar dois pesos e duas medidas e sancione Israel por todos os crimes que cometeu, e Israel deve saber que a guerra de extermínio em curso a que nosso irmão, o povo palestino, está sendo submetido, cujo objetivo é expulsá-los de sua terra, não funcionará”, afirmou o primeiro-ministro.

As declarações são dadas enquanto o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, inicia uma visita a Israel, após reiterar o apoio inabalável de Washington ao aliado, muito embora o presidente americano, Donald Trump, tenha expressado descontentamento com o ataque no Qatar, condenado pela grande maioria da comunidade internacional.

Enquanto isso, as operações do Exército de Israel continua na Cidade de Gaza. Forças israelenses destruíram ao menos 30 edifícios residenciais no local, o maior centro urbano do território conflagrado, e forçaram milhares a deixarem suas casas, disseram autoridades palestinas.

Israel planeja controlar a cidade, onde cerca de um milhão de palestinos têm se abrigado, como parte de seu objetivo de eliminar o Hamas. Para o governo Netanyahu, a cidade é o último grande bastião do grupo terrorista em Gaza.

A liderança política do grupo, que tem participado de negociações intermitentes sobre um possível cessar-fogo e acordo de libertação de reféns, foi alvo de bombardeio de Israel em Doha na terça-feira (9).

“O que aconteceu, aconteceu”, afirmou o secretário de Estado americano. “Vamos nos reunir com eles [a liderança israelense]. Vamos conversar sobre o que o futuro reserva”, disse Rubio antes de seguir para Israel, onde permanecerá até a próxima terça-feira (16).

Após chegar no país, ele visitou o Muro das Lamentações, local de oração judaico na Cidade Velha de Jerusalém, neste domingo, com Netanyahu e o embaixador americano no país, Mike Huckabee.

Autoridades americanas descreveram o ataque de terça-feira no território do Qatar um aliado próximo dos EUA no Oriente Médio como uma escalada unilateral que não serve aos interesses americanos ou israelenses. Rubio e Trump, reuniram-se com o Thani na sexta (12).

Netanyahu assinou um acordo na quinta-feira (11) para avançar com um plano de expansão de assentamentos que promete cortar terras da Cisjordânia ocupada considerada parte de um eventual Estado palestino. Os Emirados Árabes Unidos, outro país árabe da região mais aberto a Tel Aviv, advertiram que isso prejudicaria os Acordos de Abraão, mediados pelos EUA, que normalizaram as relações dos Emirados com Israel.

Israel diz querer que os civis deixem a Cidade de Gaza antes de mobilizar mais forças terrestres no local. Estima-se que dezenas de milhares de pessoas tenham saído, mas outras centenas de milhares permanecem na área.

Forças do Exército israelense têm operado dentro de pelo menos 4 subúrbios ao leste da cidade há semanas, transformando a maior parte de pelo menos 3 deles em terras devastadas. As tropas também se aproximam do centro e das áreas a oeste do território, onde a maioria das pessoas deslocadas se abriga.

Muitos relutam em sair, dizendo que não há espaço ou segurança suficientes no sul, para onde Israel lhes disse para ir ao designar uma pequena porção do território como zona humanitária. Embora sem operações terrestres, o local também é alvo de ataques aéreos, ainda que em menor intensidade do que nos centros urbanos de Gaza.

“O bombardeio se intensificou em todos os lugares e desmontamos as tendas, mais de vinte famílias, não sabemos para onde ir”, disse Musbah Al-Kafarna, deslocado na Cidade de Gaza.

Israel afirma ter completado cinco ondas de ataques aéreos na Cidade de Gaza na última semana, visando mais de 500 locais usados pelo Hamas, incluindo postos de reconhecimento e de atiradores do grupo terrorista, edifícios contendo aberturas de túneis e depósitos de armas.

Autoridades locais, que não distinguem entre baixas de combatentes e civis, dizem que pelo menos 40 pessoas foram mortas por fogo israelense em todo o território nesse período, pelo menos 28 delas na Cidade de Gaza.

O Hamas afirma também que as forças israelenses destruíram pelo menos 1.600 edifícios residenciais e 13 mil tendas desde 11 de agosto.

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