Reservistas de Israel recebem reciclagem após serviço militar obrigatório

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TEL AVIV, ISRAEL (FOLHAPRESS) – O governo de Binyamin Netanyahu convocou nesta quarta-feira (20) 60 mil reservistas depois que o Ministério da Defesa de Israel aprovou um plano para tomar a Cidade de Gaza.

Em Israel, país de cerca de 10 milhões de habitantes, 465 mil pessoas são reservistas, enquanto 165 mil fazem parte da ativa, entre oficiais de carreira e jovens que fazem o serviço militar obrigatório —geralmente a partir dos 18 anos, com duração de dois anos e oito meses para homens e dois anos para mulheres.

“Em comparação com os reservistas, os soldados [em serviço obrigatório] são muito mais jovens e estão na ativa. Isso significa que os reservistas podem estar um pouco mais enferrujados na questão do treinamento, dependendo da unidade”, diz André Lajst, presidente-executivo da StandWithUs Brasil, cientista político e ex-oficial acadêmico da inteligência da Força Aérea israelense.

“Mas pessoas que são reservistas de tanques, por exemplo, podem passar por uma reciclagem de tempos em tempos para não esquecer como funciona o equipamento.”

Os reservistas (na sua maioria, judeus não ortodoxos, embora drusos e árabes cristãos e muçulmanos também façam parte da reserva) recebem uma convocação das Forças Armadas e precisam se apresentar em até 24 horas para servir —sem saber por quanto tempo ficarão mobilizados ou se serão enviados para o front.

“O reservista pode ser enviado para Gaza, para a Cisjordânia, pode ficar na fronteira, servir na logística, depende da função”, diz Lajst.

“Existem batalhões inteiros de combate que são todos de reservistas, e eles servem de acordo com a necessidade: normalmente de 30 a 60 dias —mas algumas pessoas estão mobilizadas há 450 dias de forma constante, ou seja, não foram liberadas desde o começo do ano passado.”

A minoria árabe de cidadãos israelenses, que costuma se identificar como palestinos e compõe 20% da população, não precisa cumprir o serviço obrigatório, embora possa se voluntariar.

Tampouco são recrutados os judeus ultraortodoxos, cuja isenção militar data da fundação do Estado de Israel como acordo entre sionistas seculares e religiosos para que houvesse apoio à criação de um país laico —muitos ultraortodoxos consideram o serviço militar um pecado. Homens drusos, mas não mulheres, são convocados.

Em 2024, no entanto, uma decisão da Suprema Corte israelense considerou a isenção para ultraortodoxos, altamente impopular, como inconstitucional. Alguns poucos ortodoxos começaram a servir o Exército, embora muitos tenham se recusado, e suas prisões por insubordinação vêm causando revolta entre a comunidade religiosa.

Após o ataque de 7 de outubro de 2023, o Estado judeu fez a maior convocação desde a guerra do Yom Kippur, em 1973: 360 mil reservistas foram chamados. Quase dois anos de guerra depois, muitos tiveram pouco período de descanso, servindo em média 272 dias desde outubro de 2023, de acordo com o jornal Times of Israel.

Durante o período em que estiver convocado, o reservista, que pode ter até 40 anos de idade, recebe um salário equivalente ao do emprego do qual se afastará, até um determinado teto, ou um salário mínimo, se for desempregado ou um profissional liberal que não comprovar sua renda média.

Lajst avalia que essa nova ordem de convocação, que se soma a 20 mil reservistas que terão seu período na ativa estendido, não deve impactar a popularidade do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu ainda.

“Vai depender muito do resultado [da ocupação de Gaza]: quantos soldados vão morrer, qual será a pressão internacional, quantos civis palestinos vão morrer, se haverá resgate de reféns ou se o Hamas, por exemplo, vai executar um refém por causa da entrada de Israel, o que faria com que a população se volte contra o governo. É cedo para dizer.”

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, os bombardeios israelenses já mataram mais de 60 mil palestinos desde o início da guerra em outubro de 2023, quando o grupo terrorista matou 1.200 israelenses.

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