[AGÊNCIA DC NEWS]. A Gazeta Mercantil, jornal que marcou época na cobertura econômica e de negócios no Brasil, voltou ao mercado em março de 2025, após 16 anos. A marca foi comprada e está viva no digital sob o comando de Ricardo Azevedo, publisher, jornalista, diretor na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e sócio da GMD Ventures (empresa de participações com posições em outras, como Medcloud S/A, Blue Note Rio de Janeiro e The Shift, além de publicar o Portal da Cidade Campos do Jordão). Ele disse que a Gazeta Mercantil Digital chega com o lema “Inspiração no Legado, Visão no Futuro”. A nova fase da Gazeta, segundo ele, busca resgatar o conteúdo analítico, DNA do jornal, agora com uma abordagem digital e multiplataforma. “Nosso modelo de jornalismo é denso, analítico, aprofundado e independente”, afirmou em entrevista ao videocast DC NEWS TALKS. “Não brigamos por furos. Queremos detalhamento e análise.”
Formado em Comunicação Social, Azevedo tem passagens por redações da Globo e do SBT, além de experiência executiva no setor privado. Desde 2014, investe em mídia e tecnologia. À frente do relançamento da Gazeta, ele vê potencial para que o veículo volte a ser uma referência no jornalismo de negócios. “É um canal de diálogo com as pessoas que constroem o país”, disse. Um dos produtos mais conhecidos do jornal, à época, era o Fórum Gazeta Mercantil, que deve voltar a existir. “Teremos também alguns outros produtos, como o Panorama Setorial, um projeto grande da Gazeta.”
ECONOMIA
Na entrevista, o publisher comentou sobre o cenário econômico brasileiro marcado hoje por inflação de 5,35%, acima do teto, e juros de 15%. Para ele, é preciso dar um “zoom out”, para que seja pensado um projeto de país. “É um projeto no médio e no longo prazo. Como é que nós atacamos os nossos problemas estruturais?”. A problemática em torno de reformas estruturais está bastantemente ligada a índices de aprovação dos governos, na visão dele. Na era Temer, por exemplo, não foi um problema. “Ele poderia fazer ‘qualquer coisa’, porque já estava com baixa aprovação. Era aquilo e pronto”, disse.
“Eu acho que hoje [mandato Lula] o governo está sempre naquele limiar em que ainda há muito interesse para para segurar.” Em relação às questões econômicas propriamente ditas, de momento, o publisher opinou sobre a postura do ministro da Fazenda Fernando Haddad e Lula. “Vejo Haddad ouvindo. Você tem governos que ouvem mais e outros, menos, mas Haddad tem escutado setores.” Em relação a Lula, diz que uma análise só seria possível ao fim do mandato. “Há um plano e precisamos entender, ao final do governo, se ele foi cumprido”, disse Azevedo.
JORNALISMO
O jornalismo econômico, no contexto das notícias desse segmento, é para ele, cumpridor de um papel imprescindível na sociedade. Em tempos de polarização, praticar jornalismo sem defesa de ideologia é algo que pode trazer diferencial, na visão de Azevedo. “Nossa posição é de abertura para todas as frentes. A gente não defende nenhuma ideologia.” Ao falar sobre o conteúdo da nova Gazeta Mercantil, Azevedo explicou que o veículo tem investido em colunistas com diferentes visões e aprofundado a cobertura de temas estruturantes.
O publisher explicou que o projeto tem buscado dar voz a empresários, gestores públicos e especialistas, numa tentativa de cobrir a economia real de forma mais ampla. “A Gazeta tem de ser útil, atual, mas sem perder o rigor que sempre teve”, afirmou. Azevedo acredita que o ambiente de negócios do país demanda um jornalismo que vá além das manchetes e traga reflexões de médio e longo prazo. Confira a entrevista.