Roberto Mateus Ordine, presidente da ACSP: “Seguimos firmes pela liberdade econômica. Nosso negócio é apoiar o seu negócio”

  • Criação do MEI e do Simples Nacional são destaques entre iniciativas que nasceram dentro da Associação Comercial de São Paulo
  • Uma das principais características da entidade é sua vocação para exercer força política, o que faz ao longo dos anos levantando bandeiras de interesse do empresário
Por Bruna Lencioni

[AGÊNCIA DC NEWS]. A Associação Comercial de São Paulo (ACSP), fundada em 1894, celebra 130 anos de atividades no dia 7 de dezembro – esses anos foram marcados por grande relevância para o comércio, a economia e a sociedade brasileira. Desde sua criação, a entidade desempenhou um papel crucial no fortalecimento do setor comercial e no apoio ao desenvolvimento de São Paulo como um dos principais polos econômicos do país. O presidente da ACSP, Roberto Mateus Ordine disse, em entrevista à Agência DC NEWS, no DC News Talks, que a que a instituição vai seguir com seu propósito de apoiar o empresário. “Seguimos firmes pela liberdade econômica. O nosso negócio é apoiar o seu negócio.”

O surgimento da ACSP foi motivado pelas necessidades do comércio no final do século XIX. Segundo o presidente da entidade, a chegada da família real ao Brasil em 1808 impulsionou o comércio no país, mas, em 1894, o cenário ainda era marcado por desafios como a falta de comunicação eficiente entre os empresários. “Não havia uma comunicação efetiva, uma organização, então os negócios demoravam a acontecer”, disse. Foi nesse contexto que o coronel e professor Rodovalho [Antônio Proost Rodovalho], fundador da ACSP, empresário visionário da época, percebeu a importância do associativismo como forma de trocar informações e fortalecer o setor. Outros 300 empresários participaram da fundação da entidade.

Segundo Ordine, na época, comerciantes reuniam-se nas praças para discutir questões como crédito e confiabilidade de clientes. “Na prática foi o que inspirou a fundação da ACSP”, disse. Embora outras associações comerciais já existissem no Brasil, como as da Bahia, Rio de Janeiro e Pará, a de São Paulo se destacaria ao longo dos anos pelo seu dinamismo e pela força econômica crescente do estado. Ao longo de suas 13 décadas de existência, a ACSP participou ativamente de momentos históricos importantes para o país e para São Paulo.

Entre as ações de destaque, estão as campanhas durante a gripe espanhola, as revoluções de 1930 e 1932 e a luta contra a CPMF. Além disso, a associação foi pioneira na criação do Simples Nacional e do Microempreendedor Individual (MEI), iniciativas que simplificaram a formalização e tributação de pequenos negócios no Brasil. Outro marco significativo foi a criação do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), que começou como um arquivo físico de informações e evoluiu para um sistema eletrônico moderno, contribuindo para a segurança das transações comerciais em todo o país.

A atuação da ACSP vai além do suporte econômico e comercial. A entidade tem desempenhado um papel importante na capacitação de empreendedores e profissionais, por meio de cursos e da Faculdade do Comércio, a primeira do Brasil especializada em gestão comercial. A faculdade, que já possui nota máxima no Ministério da Educação, oferece graduação e pós-graduação voltadas para atender às necessidades do setor. No campo social, a associação também está à frente do projeto Acolher, que busca qualificar pessoas em situação de rua e reintegrá-las ao mercado de trabalho. Cursos de pintura e outras áreas da construção civil têm gerado novas oportunidades para essas pessoas, demonstrando o compromisso da ACSP com o bem-estar social.

Uma das bandeiras recentes da ACSP é a revitalização do Centro Histórico de São Paulo, área que já foi o coração comercial da cidade. Em parceria com a prefeitura e o governo do estado, a entidade tem trabalhado para melhorar a zeladoria, segurança e iluminação do centro, incentivando a reocupação da região por empresas e consumidores. “Nos próximos cinco anos, sem ser futurólogo, posso garantir que veremos um centro vivo e ativo”, afirmou Ordine. Confira a entrevista.

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