[AGÊNCIA DC NEWS]. O estado de São Paulo, que tem 24 mil supermercados, nos primeiros quatro meses de 2024 apresentou crescimento real de 5,17%, segundo os últimos dados divulgados pela Associação Paulista de Supermercados (Apas). No ano passado, faturou R$ 300 bilhões, o que corresponde a 30% do país. O varejo de primeira necessidade emprega diretamente 600 mil pessoas no estado, mas falta mão de obra, de acordo com o diretor-geral da entidade, Carlos Correa. “São 30 mil postos disponíveis. Essas posições vão desde operadores de caixa até áreas administrativas”, disse em entrevista ao DC News Talks, o podcast da Agência DC News.
Para o diretor-geral da Apas, alguns fatores explicam o apagão da mão de obra no setor. “Há mudanças sociais significativas. Os jovens hoje têm acesso a muitas informações e alternativas.” Correa acredita que há também a questão do retardamento da entrada no mercado devido à expectativa de vida mais longa. Além disso, a internet e opções como entregas por aplicativos ou outras formas de trabalho autônomo competem com o emprego tradicional. “Isso nos aflige muito, porque o setor supermercadista sempre foi uma grande porta de entrada para o primeiro emprego.”
SAÍDA – Outro grande desafio está relacionado à legislação trabalhista. Hoje, o funcionamento aos domingos é essencial para atender à demanda dos consumidores, mas cria tensões no equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. A entidade avalia que uma possível solução seria adotar um modelo mais flexível, onde trabalhadores poderiam optar por horários específicos, como trabalhar apenas aos domingos, com escalas pré-determinadas. “Algo semelhante ao sistema de plantões hospitalares. Isso poderia trazer mais pessoas para o mercado”, disse.
A inteligência artificial foi outro ponto abordado durante a entrevista. A IA ganha espaço no varejo, principalmente em áreas como gerenciamento de estoques, logística, marketing e atendimento. “Hoje, cerca de 35% dos supermercados já utilizam IA para otimizar suas operações.” Porém, muitos ainda não possuem sistemas próprios, utilizando tecnologias mais generalistas. Isso ocorre porque implementar uma inteligência artificial personalizada demanda um grande investimento. Correa avalia que em breve será possível que cada empresa tenha sua própria IA projetada para atender suas necessidades específicas. “Isso será um avanço importante, mas nunca substituirá o contato humano, que é essencial no setor supermercadista”, afirmou. Correia também comentou sobre outras tendências do setor, como o self-checkout, e ainda discorreu sobre economia, inflação e fez projeções para 2025. Confira a entrevista.