Rodrigo Melo, sócio do Harõ: "Nosso foco é estar entre os maiores grupos de alimentação do país"

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Rodrigo Melo à esquerda e seus sócios Fernando Andrade (centro) e João Pedro Bezerra (direita)
(Divulgação)
  • Com seis marcas em operação, empresa pernambucana espera faturamento de R$ 80 milhões este ano, com expansão forte para todo o Brasil
  • Atualmente a rede tem 50 unidades ativas, sendo 15 delas inauguradas neste ano; atualmente, 30% dos franqueados têm mais de uma operação
Por Anna Scudeller Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

[AGÊNCIA DC NEWS]. Prestes a alcançar a marca de 100 mil pedidos mensais, o Grupo Harõ projeta um faturamento de até R$ 80 milhões em 2025. A holding pernambucana, que nasceu em Recife e hoje reúne diferentes marcas no segmento de alimentação, vive um momento de expansão acelerada. Em entrevista à AGÊNCIA DC NEWS, Rodrigo Melo, sócio-investidor e diretor de expansão, afirma que os números refletem não apenas a consolidação da operação, mas também a aposta em um modelo que se tornou estratégico para o setor: as cozinhas ocultas, mais conhecidas como dark kitchens ou ghost kitchens. Com um pontencial global de movimentar US$ 196,6 bilhões, holdings como o Harõ conseguem atender o público de suas seis marcas a partir de um único ponto físico, multiplicando a presença digital nos aplicativos de entrega e ampliando a competitividade no mercado. Segundo o Melo, essa combinação de escala e eficiência faz com que a empresa não apenas mantenha o ritmo atual, mas também tenha condições de sustentar taxas de crescimento próximas a 40% no ano. “Se conseguirmos manter esse ritmo, já será muito bom.”

A holding construiu seu diferencial justamente na capacidade de diversificar marcas sob o mesmo teto. A Harõ Sushi e a The Roll seguem como os carros-chefes da operação, mas outras bandeiras vêm ganhando espaço, como a Mango Salad, voltada para alimentação saudável, e a Redwok, especializada em culinária chinesa. Há ainda as marcas Hapoke e Tio Parma, que completam o leque de opções. Cada unidade física pode abrigar de três a cinco operações digitais, o que amplia exponencialmente a visibilidade nos aplicativos de delivery e reduz custos fixos, já que o mesmo espaço, equipe e insumos atendem diferentes cardápios. É essa lógica que, segundo Melo, permite ao grupo gerar mais receita sem elevar as despesas na mesma proporção, criando margens mais favoráveis ao franqueado. Para abrir uma operação, os investimentos variam entre R$ 150 mil e R$ 250 mil, dependendo do formato escolhido e da localização, mas a estratégia de compartilhar infraestrutura aumenta a atratividade do negócio. Não à toa, cerca de 30% dos franqueados já operam mais de uma unidade.

Atualmente, o Grupo Harõ soma 50 unidades ativas no país, sendo 15 abertas apenas neste ano, e continua em ritmo acelerado de expansão. A estratégia foi estruturada inicialmente em Pernambuco, em cidades vizinhas à capital, mas ganhou corpo em nível nacional a partir de ações de relacionamento com clientes, captação de leads e presença em eventos do setor de franchising. Agora, a meta é não apenas ampliar o mapa de atuação no Brasil, como também fincar bandeira fora do país: estão em estudo operações na Flórida, nos Estados Unidos, e em Portugal. Para Melo, esse movimento é consequência natural de um mercado em transformação, no qual o delivery deixou de ser apenas um serviço complementar e se consolidou como canal principal de consumo de refeições. Ele reforça, contudo, que a prioridade segue sendo crescer de forma sólida no Brasil, com suporte estruturado ao franqueado, antes de acelerar a internacionalização. Confira a entrevista completa.

Escolhas do Editor

AGÊNCIA DC NEWS – O que levou à criação do Grupo Harõ?
RODRIGO MELO – Inicialmente, abriu a Harõ Sushi. E com o tempo, o delivery começou a evoluir muito no Brasil. E começaram a, dentro de uma mesma cozinha, de uma mesma loja, você ter outras marcas, que são as conhecidas hoje como dark kitchens. Hoje você pode ter um espaço físico onde coloca mais de uma marca digital no delivery, para outros tipos de culinária. 

AGÊNCIA DC NEWS – Então, o grupo foi crescendo como franquia inicialmente com a marca Harõ Sushi?
RODRIGO MELO – Sim, e depois com a necessidade e o potencial dessas cozinhas de a gente estar realmente abrindo novas marcas dentro do mesmo negócio. Isso potencializa o faturamento e tem uma redução de custos também. Então, o Grupo Harõ foi crescendo como franquia e também nesse universo de delivery que está cada dia ganhando mercado a passos mais largos.

AGÊNCIA DC NEWS – Qual das marcas é considerada o carro-chefe?
RODRIGO MELO – Hoje é a Harõ Sushi, em seguida o The Roll. São as duas principais marcas do grupo. A gente tem uma que está crescendo muito também, que é a Mango Salad, que é de wraps e saladas. E tem também uma de comida chinesa, a RedWok, que é voltada para a comida chinesa.

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Nosso foco é nos tornarmos um dos maiores grupos de alimentação do país, mas também já estudamos abrir operações na Flórida e em Portugal

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Rodrigo Melo, Grupo Harõ

AGÊNCIA DC NEWS – E como tem sido a expansão da holding?
RODRIGO MELO – A gente começou aqui, dentro de Recife (PE), nas cidades vizinhas. Começamos abrindo com pessoas próximas, até que realmente o negócio foi pegando peso e iniciamos um trabalho de expansão nacional através de CRM [Customer Relationship Management, ou manutenção do relacionamento com cliente], captação de leads, tráfego e pela ABF [Associação Brasileira de Franchising]. 

AGÊNCIA DC NEWS – Tem sido mais um processo de estruturação até então.
RODRIGO MELO – Isso, para que pudesse atender de forma nacional. Não adianta expandir sem conseguir dar suporte ao franqueado, sem conseguir ter fornecedores que atendam o franqueado em cada região. Foi um passo natural de um crescimento próximo de forma em espiral, mas que aos poucos, com a estruturação, estamos fazendo realmente expansão de forma nacional.

AGÊNCIA DC NEWS – E o quanto vocês esperam faturar até o final deste ano?
RODRIGO MELO – Como número rede, entre R$ 70 milhões e R$ 80 milhões.

AGÊNCIA DC NEWS – O quanto da operação de vocês é take away e dark kitchen?
RODRIGO MELO – Pegando pelo exemplo de uma unidade presencial do Morumbi, que a gente inaugurou recentemente [em 23 de julho, na rua Crésilas], está basicamente em 60% para dark kitchen e 40% take away. Está funcionando bem a representatividade do balcão também. Mas, em geral, mais de 90% é delivery, porque a gente é focado realmente nisso. São poucas as operações que a gente tem essa pegada de loja. Possivelmente teremos mais unidades como essa, mas hoje se você pegar a realidade da rede, ainda assim 90% é delivery.

AGÊNCIA DC NEWS – Então o crescimento de vocês está muito relacionado a questão das dark kitchens e o delivery?
RODRIGO MELO – O mercado foi mudando ao longo do tempo e o delivery foi se tornando algo muito relevante. Na operação dessas dark kitchens, basicamente não se tem balcão. Há operações que a gente ainda tem um take away ali. Mas a maioria das nossas operações são operações que não tem serviço ao consumidor diretamente. A gente tem sim um modelo que é com a operação, a unidade do Morumbi. É uma operação que tem atendimento também e a gente quer explorar mais isso. Lojas menores e atendemos um público ainda no balcão, mas o foco ainda assim é o delivery.

AGÊNCIA DC NEWS – Isso seria por que ocorre uma diminuição dos gastos da operação?
RODRIGO MELO – Sim, mas o que acontece é que não é que diminui o gasto, a gente aumenta a receita. Proporcionalmente, onde tinha uma loja, por exemplo, que fatura R$ 100 mil como uma marca, a gente adicionou faturamento. E a gente ainda consegue ter dentro de uma linha de produção um cardápio muito adaptado em relação aos insumos para que seja possível trabalhar com cardápios diferentes para marcas distintas, com uma produção que você consegue atender com a quantidade X de funcionários. 

AGÊNCIA DC NEWS – Ou seja, mais receita é criada com a despesa controlada.
RODRIGO MELO – Isso, sem crescer proporcionalmente a receita por conta dos custos fixos, enfim. Imagina que você tem um faturamento maior para pagar o mesmo aluguel, se necessário, um outro funcionário, mas a receita, o aumento de receita, não é proporcional ao aumento de despesa. Assim, você garante uma sinergia entre as marcas e cardápios e produção no mesmo local. Isso acaba deixando você com uma margem um pouco melhor.

AGÊNCIA DC NEWS – Quanto aos insumos que você comentou, como a inflação dos alimentos afeta vocês?
RODRIGO MELO – Estamos trabalhando sempre com o CMV [Custo da Mercadoria Vendida] muito controlado, porque a inflação mexe demais nisso e precisa ter uma precificação ali para o franqueado que consiga suportar esses aumentos de preço que a gente vê recorrentemente com a inflação. Então, já consideramos dentro do plano de negócio para o franqueado um CMV com um pouco de folga para que a precificação dele, mesmo com alguma variação, ele não precise estar mudando o cardápio o tempo todo e alterando o preço do cardápio. Isso já considerando qualquer oscilação para cima em relação aos principais itens do cardápio. Temos um trabalho muito bom de precificação e controle desse CMV, porque se o franqueado não controlar, a operação pode ir por água abaixo. Procuramos acompanhá-los para que a gente veja realmente quanto cada operação está entregando de fato esse controle do CMV.

AGÊNCIA DC NEWS – E onde que estão as dark kitchens de vocês? Por exemplo, na cidade de São Paulo, elas ficam mais em qual bairro?
RODRIGO MELO – Ah, isso é bem diversificado. A gente, por exemplo, está inaugurando agora no Brooklyn, mas já estamos no Morumbi, Perdizes e outros locais. Então, onde tem uma demanda e possibilidade, a gente tenta. Se tem franqueado para aquela região, verificamos o potencial da região e havendo um número bom de habitantes, o público que a gente quer trabalhar, isso é possível hoje. Tem muita coisa para acontecer em São Paulo ainda.

AGÊNCIA DC NEWS – E quantas unidades vocês têm atualmente, considerando o número de franquiados?
RODRIGO MELO – A gente tem 50 unidades basicamente ativas, mas com várias ainda para inaugurar. Em processo de implantação, que foi comercializada a franquia, porém leva um tempo, ponto, obra, até que está tudo 100% para aquele operário.

AGÊNCIA DC NEWS – Quantas novas unidades foram abertas esse ano ou ainda vão abrir?
RODRIGO MELO – A gente abriu 15 unidades. Tem algumas que estão para inaugurar, então acredito que entre 10 e 15 unidades abertas esse ano.

AGÊNCIA DC NEWS – Na prática o número de lojas virtuais é bem maior.
RODRIGO MELO – IDs que chamam, que são lojas virtuais. Quando eu abro um ponto de venda físico, isso significa quatro ou cinco ou três operações digitais. Porque a gente, o ponto físico, por exemplo, quando você vai no iFood pesquisar Poki, você coloca Poki. Vai ter uma loja de Poki, vai ter uma loja de sushi, vai ter uma loja da Mango. São várias lojas. Então, na verdade, lojas digitais é muito mais do que uma. A gente abre uma loja física que ela compõe quatro, cinco marcas digitais. Considerando a questão de online, é bem mais porque se a gente multiplicar isso por 3, por 4, por 5, vai dar uma quantidade muito maior de lojas nos aplicativos de delivery.

AGÊNCIA DC NEWS – Com todas essas marcas que tem dentro do guarda-chuva do Harõ, são quantos pedidos em média em um mês?
RODRIGO MELO – Vamos chegar daqui a pouquinho em 100 mil pedidos.

AGÊNCIA DC NEWS – E como foi a sua entrada no Grupo Harõ?
RODRIGO MELO – Quando o delivery foi crescendo, tinha mais pessoas querendo abrir a operação, e aí iniciou o processo de franquia. Foi exatamente quando tive o meu primeiro contato com o Fernando [Andrade, fundador e diretor comercial] e com o João [Pedro Bezerra, fundador e diretor de operações]. Eu tinha uma empresa que fazia formatação de franquia e aí a gente formatou. Eram quatro sócios [do Grupo Harõ], e eu entrei há dois anos atrás na saída desses outros dois sócios. Comprei a participação e, como era uma pessoa do mundo do franchise, aí entrei de fato na rede.

AGÊNCIA DC NEWS – Entre abril e junho deste ano, vocês cresceram 39%. O que vocês esperam crescer até o final do ano?
RODRIGO MELO – Está havendo um investimento maior nesse segmento de delivery. Então, pretendemos continuar nesse patamar até o final do ano e chegar na média dos seus 40% [de crescimento para 2025], já é um crescimento muito bom.

AGÊNCIA DC NEWS – E como tem sido o crescimento de franqueados abrindo novas unidades?
RODRIGO MELO – Muito bem. A gente tem franqueado que tem mais de uma unidade e para nós é o que realmente chamamos de crescimento orgânico, que é alguém que já opera, já testou o modelo de negócio, gostou, entendeu que não há promessa, mas o que foi vendido para ele está de acordo com o plano de negócio que ele conseguiu atingir. Só reforça que ao investir numa segunda unidade, que o negócio realmente dá resultado positivo. É a melhor maneira de você crescer com os próprios franqueados, quando entendem que podem dar um passo maior, abrir uma segunda, uma terceira, até uma quarta unidade. Então, isso só reforça o modelo de negócio do Grupo Harõ, que realmente é um negócio confiável e que entrega o resultado esperado pelo próprio franqueado.

AGÊNCIA DC NEWS – Pode mensurar quanto das unidades são de franqueado abrindo outras novas?
RODRIGO MELO – Acredito que a gente tem 30% da rede que tem mais de uma unidade. Normalmente, esse franqueado, nacionalmente, está começando a implantar algumas operações agora com pouco tempo. Tem franqueados que têm três ou quatro operações. Mas a tendência é que esses franqueados que abriram, por exemplo, há um ano, já entendem do negócio e estão conseguindo ter consistência e aí a gente consegue multiplicar naturalmente em várias regiões com franqueadas.

AGÊNCIA DC NEWS – E quais são os próximos passos do Grupo Harõ que você considera os mais importantes?
RODRIGO MELO – Eu acho que a gente tem um caminho muito promissor do que o movimento nacional do delivery está acontecendo, com muito investimento sendo anunciado no Brasil. Então, cada dia que passa, a facilidade, a competitividade, agora o mercado mais aberto. Isso tende a crescer muito. E a gente tem possibilidades também de internacionalizar o Grupo Harõ. A gente está vendo para ver se consegue abrir uma operação na Flórida (EUA) e outra em Portugal. Temos muita coisa para fazer aqui no Brasil. Mas a gente às vezes pensa também em ter uma perna lá fora e começar também com esse movimento fora do país. Mas se você perguntar, o foco da gente realmente é se tornar um dos maiores grupos aqui de alimentação e focado no delivery do país.

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