São Paulo, 27 de agosto de 2025 – O Santander informa, via relatório a clientes, que acredita queo atual ciclo da carne bovina nos EUA pode durar mais do que o esperado, visto que ainda nãoatingiu “o fundo do poço”, provavelmente levando a margens ainda mais apertadas para osfrigoríficos no futuro. Na avaliação de seus analistas, os indicadores de retenção de fêmeasainda estão defasados, o que significa que os preços do gado podem subir ainda mais, enquanto astarifas podem pesar sobre as importações de carne bovina para os EUA. Enquanto isso, a demanda porcarne bovina nos EUA permanece robusta, apesar da alta dos preços. No entanto, observam que osvarejistas de alimentos e os pecuaristas estão vendo benefícios em suas margens neste ambiente, emvez dos frigoríficos. Diante deste cenário, mantém a classificação “neutra” para a JBS e aMarfrig.
Atualmente, o Santander projeta margens ebitda de -1,8%, para a JBS Beef North America e de +1,5%para a Marfrig National Beef (em US GAAP) em 2026.
Em relação à retenção de fêmeas, a análise aponta que ainda está muito baixa. “Acreditamosque o atual ciclo da carne bovina pode levar mais tempo para se recuperar do que prevíamosoriginalmente. Poucas fêmeas estão sendo mantidas para reposição. Por outro lado, embora o abatede novilhas continue forte em 2025, já observamos um ligeiro declínio na entrada de animais emconfinamentos. Isso pode indicar que os pecuaristas começaram a reter animais para reprodução,apesar dos preços recordes do gado. Em nossa opinião, isso pode ser um sinal precoce de um aumentona retenção, que pode durar de 3 a 4 anos”, comentam.
O segundo ponto mencionado pelo Santander é uma previsão de restrições de oferta nos EUA em meioa restrições de importação. Na avaliação dos analistas do banco, a oferta de carne bovina dosEUA pode não ser capaz de atender à demanda em 2025, mesmo que as exportações diminuam, deacordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Excluindo o comércio internacional,eles projetam um déficit de cerca de 990 kt para 2025, dada a queda de 1% na previsão daprodução doméstica do USDA o rebanho bovino precisa crescer em 7,9 milhões de cabeças paraatender à demanda interna dos EUA. “Tarifas mais altas sobre as importações de carne bovina podemintensificar ainda mais as restrições de oferta, em nossa opinião. Em 2024, as importações decarne bovina para os EUA representaram cerca de 13% da oferta total do país”, pontuam.
Por fim, o relatório avalia que a demanda continuou forte, apesar da menor acessibilidade da carnebovina em comparação com outras proteínas. “O consumo implícito de carne bovina nos EUA aumentou3% em relação ao ano anterior em julho, embora os preços no varejo tenham subido 14% e arelação entre os preços da carne bovina e do frango também tenha aumentado no período. Osconsumidores americanos parecem estar favorecendo a carne bovina em relação a outras proteínas,enquanto a elasticidade-preço parece ser menor do que o esperado. Embora o aumento do preço novarejo em julho tenha sido menor do que o aumento do preço do gado, o efeito parece ter setraduzido em uma redução das margens dos frigoríficos por parte dos varejistas de alimentos”,concluem.
Cynara Escobar – cynara.escobar@cma.com.br (Safras News)
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