SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O endividamento das famílias na cidade de São Paulo atingiu em setembro o nível mais alto em dois anos. De acordo com a Peic (Pesquisa de Endividamento e inadimplência) realizada pelo FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), 72,7% das famílias paulistanas estão com dívidas. Esse é o maior nível desde junho de 2023, quando o índice marcou em 72,8%.
Em números absolutos, isso significa que cerca de 3 milhões de famílias têm algum tipo de dívida em aberto. Em apenas um mês, mais de 50 mil famílias entraram para a lista de endividadas. Na comparação com setembro do ano passado, o aumento é de mais de 200 mil famílias. O crescimento foi verificado em todas as faixas de renda, desde lares com ganhos de até dez salários mínimos (equivalente a R$ 15.180) bem como entre famílias com renda acima de dez salários mínimos.
Entre os meios de pagamentos que mais comprometem o orçamento das famílias estão os cartões de créditos com 80%, seguido de 12% com o crédito pessoal e 4,5% do consignado. Em média, as famílias paulistanas levam sete meses para quitar seus compromissos, usando 26,6% de sua renda para esse fim.
Apesar do recorde no número de famílias endividadas, a pesquisa aponta uma estabilidade na inadimplência -que se refere a dívidas em atraso. O índice se manteve em 22,7% em setembro, repetindo o resultado de agosto. Hoje, 931,6 mil famílias têm contas em atraso, um acréscimo de 160 mil lares nessa situação em um ano.
A FecomercioSP ressalta que um alto nível de endividamento nem sempre é negativo, pois pode indicar que as famílias estão usando o crédito para manter o consumo em um contexto de inflação controlada e mercado de trabalho aquecido, o que facilita o pagamento das parcelas.
No entanto, o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas dívidas em atraso subiu para 9,6% em setembro, o maior índice desde abril de 2023. Isso equivale a 393,5 mil famílias em situação financeira crítica. Para essas pessoas, o tempo médio de atraso nas contas já chega a 63,8 dias, e mais da metade dos inadimplentes estão com dívidas vencidas há mais de 90 dias.
Diante desse cenário, a disposição para contrair novas dívidas é a menor desde julho de 2023. Apenas 10,8% das famílias têm intenção de fazer um empréstimo ou financiamento nos próximos três meses, sendo que a maioria 82,5% pretende usar para o consumo imediato.