SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região irá entrar com uma ação coletiva na Justiça para que os funcionários demitidos pelo Itaú Unibanco nesta semana sejam readmitidos. A perspectiva é que a ação seja protocolada nesta sexta-feira (12).
“Fomos pegos de surpresa. Foi desleal com o movimento sindical e os trabalhadores. O STF [Supremo Tribunal Federal] já sinalizou, e a convenção coletiva de trabalho determina que demissões em massa não podem ser feitas sem comunicado prévio ao sindicato, mesmo após a reforma trabalhista”, disse Neiva Ribeiro, presidente do sindicato, nesta quinta-feira (11).
Segundo a sindicalista, o Itaú informou a entidade que foram dispensados pouco mais de mil funcionários na última segunda (8).
A decisão sobre a ação judicial foi tomada em conjunto com 387 desligados que se reuniram com a entidade nesta quinta. Segundo Neiva, eles negam a inatividade nas máquinas corporativas alegada pelo banco ao encerrar seus contratos sem justa causa.
Além da recontratação, os sindicalistas visam regular as ferramentas de monitoramento do teletrabalho.
O sindicato também diz que, assim como os demitidos, não teve acesso ao monitoramento feito pelo banco de seus funcionários em home office.
“O Itaú descumpriu regras básicas de proteção ao emprego e desconsiderou a mesa de negociação coletiva. Um banco que lucra bilhões não pode tratar os trabalhadores como números descartáveis. Vamos acionar a Justiça para reverter esse ataque e responsabilizar o Itaú por esse desrespeito à lei e à categoria”, afirma Neiva.
O Sindicato de São Paulo também irá se reunir com a CONTRAF (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) para discutir outras medidas na próxima segunda (15). Quase todos os demitidos, porém, estão em São Paulo.
A entidade estuda entrar com uma segunda ação coletiva por dano moral, dada a publicização dos desligamentos. O sindicato também está realizando protestos com seu carro de som na frente dos prédios do Itaú.
Segundo o Itaú, as demissões fazem parte de um processo de gestão responsável e têm como objetivo preservar nossa cultura e a relação de confiança construída com clientes, colaboradores e a sociedade” e “não têm o objetivo de redução de quadro”.
O banco também afirma que o monitoramento adotado não considera exclusivamente o uso de mouse ou teclado como métricas de aderência digital e respeita diretrizes previstas na LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), ao não realizar captura de telas, áudios ou vídeos.
“O programa utilizado provê indicadores robustos da atividade digital real dos mais diversos softwares licenciados para uso corporativo, inclusive chamadas em vídeo, mensageria, cursos a distância, pacote Office, dentre outros”, diz o banco em comunicado à imprensa.