Tesouro Direto cresce em atratividade e ganha espaço na carteira de investidores

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os investimentos em renda fixa ganham força no Brasil. Na comparação entre o segundo trimestre de 2024 e o mesmo período deste ano, o número de investidores nessa categoria subiu 20%, para 100,2 milhões de CPFs, segundo levantamento da B3.

Um tipo de investimento que se destacou no período foi o Tesouro Direto, que alcançou 3 milhões de investidores em junho deste ano, alta de 14% na mesma base comparativa.

Criado em 2002, o Tesouro Direto é uma das formas mais acessíveis e seguras para pessoas físicas investirem em títulos públicos emitidos pelo governo federal. Além de ser naturalmente uma alternativa de risco reduzido frente a outros investimentos, não há mais valor mínimo fixo para aplicar.

“O investidor pode adquirir um percentual, uma fração da unidade do título. Não precisa necessariamente adquirir uma unidade completa. Isso traz uma acessibilidade maior do que outras opções”, diz Guilherme Almeida, head de renda fixa da Suno Research.

Apesar do baixo risco, existem diversas possibilidades dentro do programa, que podem atender a diferentes perfis de investidores. Hoje, é possível simular e entender seu perfil de investimentos em um teste rápido disponível no portal tesourodireto.com.br ou por meio do aplicativo com o mesmo nome. O site auxilia no processo de abertura de conta em uma corretora ou banco habilitado para o programa.

“Antes de investir, é importante ter clareza sobre o objetivo financeiro: se é para reserva de emergência, aposentadoria ou compra futura”, afirma a economista Paula Sauer, professora âncora da ESPM. “Ter um prazo determinado ajuda na hora da escolha do melhor título para o investidor de acordo com o seu momento de vida. Títulos mais longos podem render mais, mas têm maior oscilação no preço.”

TESOURO SELIC

É o mais indicado por especialistas para quem busca liquidez diária e menor volatilidade, sendo muito utilizado como reserva de emergência ou diversificação da carteira de médio e longo prazos. Sua principal característica é acompanhar a Selic, a taxa básica de juros da economia. Dessa forma, quanto maior for a Selic, maior será o rendimento do título. Hoje, a Selic está em 15% ao ano, o que aumenta a atratividade desse investimento. É uma alternativa eficaz frente a CDBs que rendem 100% do CDI e Poupança. Permite resgates a qualquer momento.

TESOURO PREFIXADO

Nele, a taxa de juros é definida no momento da contratação e não sofre alterações. Ou seja, é mais previsível que o Tesouro Selic, garantindo maior controle sobre o retorno para quem o mantém até o vencimento. Quando a Selic aumenta, os títulos prefixados podem perder valor de mercado, pois novas emissões se tornam mais atrativas. Em contrapartida, se a Selic cai, os títulos prefixados se valorizam, beneficiando levemente o investidor que decide vendê-los antes do prazo. Seus ganhos não mudam de acordo com as variações da inflação.

TESOURO IPCA+

Essa aplicação combina rendimento fixo com a variação da inflação, preservando o poder de compra a longo prazo. É uma escolha indicada para quem quer se proteger contra a desvalorização da moeda e planejar objetivos de médio e longo prazo com mais segurança. Mas resgatá-lo de forma antecipada pode resultar em perdas, já que o Tesouro IPCA+ pode apresentar variações no mercado secundário.

Como a Folha de S.Paulo mostrou na semana passada, os títulos do Tesouro IPCA+ estão com uma oportunidade rara para investidores. Levantamento da Quantum Finance, plataforma de dados do mercado financeiro, mostra que as taxas atuais estão entre 7% e 7,77% ao ano acima da inflação.

Na última década, apenas 3 títulos IPCA+ entre 20 ofertados passaram mais da metade de seus dias em negociação com um retorno acima de 7%.

“Historicamente, um juro acima de 7% só tivemos em momentos de bastante stress e preocupação. Hoje, não vivemos essa aversão a risco, estamos em um momento mais calmo, mas a dinâmica fiscal continua ruim e conforme passa sem ajuste, isso justifica juros reais mais elevados, pois o desafio é cada vez maior”, diz Carlos Lopes, economista no banco BV.

TESOURO RENDA+

Voltado para aposentadoria, é um título com pagamento mensal programado por 20 anos ou 240 meses a partir de uma data específica —hoje, o primeiro ano disponível é 2030. Ao se cadastrar, a pessoa define quando deseja se aposentar e qual a renda extra que quer ter nesta fase da vida. Ele certifica uma taxa de juros junto à variação da inflação, a qual é medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor – Amplo). Assemelha-se ao Tesouro IPCA+.

TESOURO EDUCA+

Lançado em agosto de 2023, é direcionado ao custeio de estudos, com renda mensal por cinco anos. Seu intuito é ajudar famílias a planejarem o futuro educacional de crianças e jovens, especialmente ao ingressarem na faculdade. Sua aplicação é semelhante ao Renda+.

COMO ESCOLHER O TÍTULO?

“A escolha do título ideal depende do perfil e dos objetivos do investidor. Quem prioriza segurança e liquidez tende a optar pelo Tesouro Selic. Por outro lado, quem busca previsibilidade pode se interessar pelo prefixado. Já para metas de longo prazo que exijam proteção contra a inflação, o IPCA+ e os títulos de renda programada se mostram mais adequados”, explica o planejador financeiro Harion Camargo.

Para garantir a rentabilidade contratada, especialistas recomendam a manutenção do título até a data de vencimento. Resgates antecipados estão sujeitos à marcação a mercado, o que pode gerar variações positivas ou negativas no valor investido, especialmente nos títulos voltados ao longo prazo.

PRÓS E CONTRAS

Como o emissor é o Tesouro Nacional, o risco de calote é considerado muito baixo. Isso é visto como uma vantagem para investidores de perfil moderado, que não querem assumir riscos no mercado de capitais. Mesmo para perfis mais arrojados, a variedade de indexadores e de vencimentos permite ao investidor adequar a estratégia diante do cenário econômico.

Dentre as desvantagens, especialistas indicam a oscilação diária de alguns títulos, algo comum à renda fixa, de forma geral, o que pode causar prejuízos a quem não respeitar os prazos de vencimento. Outra desvantagem citada é a taxa de custódia de 0,20%, que acaba corroendo parte dos ganhos no investimento. Estão isentas da taxa de custódia as aplicações de valor inferior a R$ 10 mil no Tesouro Selic.

COMO É A COBRANÇA DO IMPOSTO DE RENDA E DO IOF

Investidores pagam Imposto de Renda no momento do resgate. Hoje os títulos têm uma tributação que beneficia quem mantém o investimento parado por mais tempo. Ou seja, quanto maior o período sem resgatar a aplicação, menor o imposto.

A tributação pelas regras atuais segue a tabela regressiva do IR:

– Até 180 dias sem resgatar: 22,5%;

– De 181 a 360 dias: 20%;

– De 361 a 720 dias: 17,5%;

– Mais que 720 dias: 15%

Se a medida provisória 1.303/2025 for convertida em lei, a cobrança do Imposto de Renda desses investimentos mudará, pois haverá uma alíquota fixa de 17,5% sobre todos os investimentos, independentemente do tempo da aplicação.

Além do IR, há cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que segue as mesmas regras de outros investimentos: o IOF só é cobrado nos investimentos resgatados antes de 30 dias.

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