Trabalhadores da saúde enfrentam fila para evitar desconto da contribuição sindical

Uma image de notas de 20 reais

Imagem gerada por IA
Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Trabalhadores da área de saúde enfrentaram fila e esperaram até três horas para serem atendidos nesta segunda (1°) na sede do SinsaúdeSP (Sindicato da Saúde de São Paulo), na capital paulista, para entregar a carta de oposição e evitar o pagamento da contribuição sindical.

O sindicato atende boa parte dos profissionais da saúde, com exceção dos que têm uma representação própria, como médicos ou enfermeiros. São cerca de 800 mil profissionais contemplados, como técnicos de enfermagem, farmácia, saúde bucal, agentes sociais e outros.

A fila ocupava cerca de um quarteirão e meio às 12h15 desta segunda. De acordo com o sindicato, o prazo para obter o documento vai até esta quarta (3), mas começou há cerca de um mês, e teve o movimento mais diluído nos demais dias. As filas teriam começado a se formar nesta sexta (29). O horário de atendimento é das 10h às 17h, mas costuma abrir às 9h e acabar às 18h em dias mais cheios.

A contribuição sindical é cobrada de acordo com a faixa salarial do profissional, e teve um reajuste de cerca de 40% desde o ano passado. Em 2025, quem recebe um salário-base de até R$ 2.000 deve pagar R$ 87, divididos em três parcelas de R$ 29. Se a base for entre R$ 2.000,01 e R$ 2.800, o valor é R$ 117, ou três parcelas de R$ 39. Já os trabalhadores que recebem a partir de R$ 2.800,01 devem pagar o valor máximo, de R$ 147, ou três parcelas de R$ 49.

O SinsaúdeSP oferece uma senha virtual, para que os trabalhadores não precisem esperar presencialmente na fila, mas afirma que é preciso entregar a carta de oposição. Também diz que oferece apoio médico e jurídico gratuito para profissionais da categoria que enfrentem problemas trabalhistas, e que o esforço para obter a carta vem do desconhecimento das ações sindicais.

A auxiliar de limpeza hospitalar Maria Lúcia Cordeiro da Silva, 58, esperou das 10h40 às 13h40 na sede do sindicato, localizada na Liberdade. “É um valor do nosso salário que faz falta”, diz.

“Nosso compromisso é com a defesa dos direitos dos trabalhadores e o fortalecimento de suas condições laborais. A contribuição é voluntária, e o trabalhador tem o direito, garantido por lei, de apresentar sua carta de oposição, caso não deseje contribuir. O sindicato busca assegurar que o processo ocorra da forma mais transparente e acessível possível”, afirma Jefferson Erecy Santos, presidente do SinsaúdeSP.

Na convenção coletiva de 2025, houve um aumento no piso salarial em 10% e um reajuste salarial de 5,32% com abono de 12%. Além disso, foi definida hora extra de 90%, adicional noturno de 40%, auxílio-creche de R$ 361,31 ao mês, cesta básica anual no valor de R$ 2.704, duas folgas garantidas na jornada 12×36 e resort com refeições inclusas a partir de R$ 130 a diária.

A técnica de enfermagem Maria de Cleide Batista, 61, esperou das 10h30 às 13h30, mas diz “fazer questão” de esperar na fila para não pagar ao sindicato.

“Todo mundo está insatisfeito. Nós da enfermagem passamos por muita humilhação, somos agredidas, e não tem ninguém que lute para a gente”, diz.

Cristiane dos Santos Pereira, 48, é assistente administrativa em dois hospitais da cidade de São Paulo, e também afirma não observar os benefícios em seu cotidiano. Ela ficou cerca de quatro horas na fila.

“Você contribui e nunca pode contar com nada, não tem nada que te faça diferença. Para quem trabalha em dois, então, piorou, porque aí você tem o desconto duas vezes”, afirma.

“As pessoas não sabem quanto é a contribuição. Se ela vai e volta de Uber para chegar até aqui, muitas vezes vai pagar até mais do que pagaria aqui. Mas é o direito dela”, afirma Agostinho Teixeira, jornalista no SinsaúdeSP.

“Recebemos todos os dias aqui pessoas que foram demitidas, que sofreram algum tipo de violência ou acidente de trabalho. Se pagou ou não pagou, na hora em que precisar o sindicato vai ter um médico, um advogado para atender, e tudo gratuito”, diz.

Voltar ao topo