Trump ataca apoiadores e diz que caso Epstein é fraude inventada por democratas

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em novo desgaste com sua base, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atacou seus apoiadores nesta quarta-feira (16) por continuar pressionando o governo a publicar documentos relacionados à morte e aos crimes do magnata Jeffrey Epstein, acusado de tráfico de pessoas e abuso sexual de menores de idade.

Na rede Truth Social, Trump disse que o caso Epstein, que é obsessão da base trumpista há anos, é uma fraude inventada pelo Partido Democrata e que quem acredita nela é um “ex-apoiador”.

“Essas fraudes e farsas são a única coisa na qual os democratas são bons”, escreveu o presidente. “Eles não sabem governar, não tem boas políticas, não sabem escolher candidatos que vencem. O novo GOLPE deles é o que para sempre chamaremos de Farsa Jeffrey Epstein, e meus EX-apoiadores mergulharam de cabeça nessa bobagem.”

Ainda se referindo aos trumpistas que pressionam o governo sobre o caso, o republicano disse que “eles não aprenderam a lição, e provavelmente nunca aprenderão, mesmo tendo sido enganados pela esquerda lunática por oito longos anos”.

“Tive mais sucesso em seis meses do que talvez qualquer presidente na história do nosso país, e só o que essa gente quer discutir, com forte incentivo da mídia fake news e dos democratas falidos, é a Farsa Jeffrey Epstein”, prosseguiu Trump. “Que esses fracotes continuem a fazer o trabalho dos democratas. Nem pensem em falar do nosso sucesso incrível e sem precedentes, porque não quero mais o apoio deles!” concluiu, em referência aos “ex-apoiadores”.

A declaração foi mal recebida mesmo na Truth Social, rede de Trump. Em comentário no post do presidente, usuários acusaram o republicano de quebrar promessas de campanha -em 2024, o então candidato disse que publicaria arquivos relacionados a Epstein- e sugeriram que o controle do Partido Republicano do Legislativo poderia estar em perigo em 2026, quando ocorrem as eleições de meio de mandato.

Esse pleito, que acontece principalmente em novembro do próximo ano, vai renovar toda a Câmara dos Representantes e um terço do Senado. É comum que o partido do presidente que ocupa a Casa Branca sofra retrocessos nessas eleições.

O governo Trump enfrenta uma das maiores crises em sua base por causa do caso Epstein. O magnata foi preso em julho de 2019, acusado de tráfico de pessoas e abuso sexual de menores de idade, e tirou a própria vida dentro da cadeia em Nova York pouco mais de um mês depois, enquanto aguardava julgamento.

Sua morte gerou uma série de teorias da conspiração sugerindo que ele teria sido assassinado por interesses poderosos que desejavam esconder sua relação com o esquema de pedofilia e prostituição de menores operado por Epstein –o magnata era amigo de pessoas da elite política e financeira dos EUA e Reino Unido, como Bill Clinton, o príncipe Andrew e o próprio Donald Trump.

As teorias foram estimuladas ao longo dos anos por figuras importantes da base de Trump, incluindo várias que hoje ocupam cargos no governo, como o diretor do FBI, Kash Patel, e a secretária de Justiça, Pam Bondi, que disseram várias vezes que, se chegassem ao poder, publicariam a “lista de Epstein” –um suposto arquivo detalhando clientes do esquema de pedofilia do magnata.

Entretanto, no último dia 7, o FBI e o Departamento de Justiça, comandados por Patel e Bondi, vieram a público dizer que essa lista não existe, e que todas as provas indicam que Epstein morreu por suicídio. A admissão caiu como uma bomba entre trumpistas adeptos das teorias da conspiração, que agora afirmam que há um novo acobertamento em curso e exigem a publicação de todos os arquivos em poder do governo sobre o caso.

Essa exigência chegou à Câmara, onde o governo pode sofrer uma derrota. Na terça (15), o presidente da Casa, o republicano Mike Johnson, deu uma rara sinalização de descontentamento com Trump e disse que o governo deveria publicar todos os documentos relacionados a Epstein.

Johnson disse ainda que Bondi deveria “se explicar sobre a confusão causada” quando a secretária de Justiça afirmou ter em sua mesa a lista de clientes de Epstein -apenas para, meses depois, dizer que ela não existia.

O deputado republicano Thomas Massie, um dos poucos políticos de seu partido que se opõe a Trump, disse nesta quarta que vai protocolar um voto na Câmara exigindo a publicação dos documentos por parte do governo federal.

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