São Paulo, 26 de junho de 2025 – O presidente Donald Trump está considerando anunciarantecipadamente seu indicado para substituir Jerome Powell no comando do Federal Reserve (Fed, obanco central norte-americano), em uma tentativa de influenciar a política de juros antes do fim domandato de Powell, que termina em maio de 2025. Trump tem criticado publicamente a abordagemcautelosa do Fed em relação aos cortes de juros e avalia nomes como Kevin Warsh (ex-membro doFed), Kevin Hassett (diretor do Conselho Econômico Nacional) e Scott Bessent (secretário doTesouro). A ideia é que um anúncio antecipado, possivelmente ainda neste verão (do hemisférionorte), possa pressionar o mercado e o próprio Powell a adotar uma política monetária maisalinhada aos interesses do governo. As informações são da agência de notícias “Dow Jones”.
Entre os principais cotados para assumir o Fed está Kevin Warsh, que já foi consultado porTrump no passado, mas é visto com desconfiança por seu histórico de “hawk” (defensor de jurosaltos para controlar a inflação). Outro nome em discussão é Scott Bessent, que tem apoio de WallStreet, mas publicamente afirma que pretende permanecer no Tesouro. Já Kevin Hassett, outropossível candidato, já sinalizou que não tem interesse no cargo. Trump também avalia DavidMalpass (ex-presidente do Banco Mundial) e Christopher Waller (membro atual do Fed), mas dúvidassobre sua imagem pública e influência no comitê de política monetária podem pesar contra eles.
A nomeação antecipada de um novo presidente do Fed é incomum e pode criar um cenáriodelicado, no qual o sucessor indicado teria que equilibrar suas declarações para não antagonizaros atuais membros do Fed (de quem precisará de apoio) nem desagradar Trump. Além disso, há orisco de Powell decidir permanecer no conselho do Fed mesmo após o fim de seu mandato comopresidente, o que limitaria a influência do novo nomeado. Alguns analistas veem a estratégia comoarriscada, pois poderia minar a credibilidade do futuro presidente antes mesmo de ele assumir ocargo.
O presidente tem pressionado por reduções mais agressivas nas taxas de juros, alegando que apolítica monetária atual freia o crescimento econômico. Christopher Waller, membro do Fed,recentemente defendeu cortes já em julho, ganhando atenção da Casa Branca. No entanto, Powell eoutros membros do Fed mantêm uma postura cautelosa, temendo que medidas prematuras reacendam ainflação. Trump busca um nome que não apenas apoie sua agenda, mas também consiga convencer ocomitê do Fed a adotar uma postura mais flexível.
A possível interferência de Trump na escolha do próximo presidente do Fed reacende o debatesobre a independência da instituição. Desde os anos 1970, o Fed busca evitar influênciaspolíticas diretas, especialmente após as crises inflacionárias daquela década. Se Trumpantecipar a nomeação ou escolher um aliado incondicional, isso pode ser visto como uma tentativade politizar a autoridade monetária, o que geraria reações negativas no mercado e no Congresso.
Jerome Powell tem evitado comentar as especulações sobre sua sucessão, afirmando que seu focoé garantir estabilidade econômica e inflação controlada até o fim de seu mandato. Ele tambémnão confirmou se deixará o Fed após 2025, o que poderia complicar os planos de Trump.
Vanessa Zampronho / Safras News
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