Trump foi informado de que seu nome está em caso Epstein antes de manter sigilo sobre documentos

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi informado pelo Departamento de Justiça (DOJ, na sigla em inglês) americano, em maio, de que seu nome aparece diversas vezes nos arquivos da investigação sobre o caso de Jeffrey Epstein, diferentemente do que o republicano havia afirmado na semana passada.

A menção nos registros, por si só, não indica irregularidades ou envolvimento em atividades ilícitas. Em divulgações anteriores de materiais relacionados ao caso, o nome de Trump já havia aparecido, além de menções à família do republicano, uma vez que ele conviveu com Epstein por anos.

Segundo autoridades ouvidas pelo jornal americano The Wall Street Journal, a secretária de Justiça, Pam Bondi, e seu subsecretário, Todd Blanche, comunicaram ao presidente que os arquivos continham o que ambos consideravam “boatos não verificados” sobre muitas pessoas, inclusive Trump. A conversa teria ocorrido em uma reunião cerca de um mês antes de o governo confirmar que manteria o sigilo de parte dos documentos.

Os materiais aos quais o DOJ se refere foram usados na revisão do caso que levou à conclusão conjunta, do departamento do governo e do FBI, para reiterar o sigilo, além de confirmar o suicídio do financista, em 2019, e a ausência de uma suposta “lista de clientes”. A divulgação desse desfecho, em 7 de julho, inflamou a base trumpista, que cobra repetidamente a divulgação de todos os arquivos.

Também nesta quarta-feira (23), uma juíza federal negou o pedido do DOJ para tornar públicos os depoimentos do caso, como Trump ordenou -em uma aparente tentativa de satisfazer seus apoiadores.

Bondi havia oficializado o pedido do presidente na última sexta (18). Sob pressão, o republicano solicitou a divulgação de “todo e qualquer depoimento [do caso] pertinente ao grande júri”, devido ao que chamou de “quantidade ridícula de atenção dada a Jeffrey Epstein”.

Em uma decisão de 12 páginas, a juíza Robin L. Rosenberg afirmou que não poderia atender ao pedido legalmente, de acordo com as diretrizes que regem o sigilo do grande júri -que é formado por um grupo de cidadãos que decide se há evidências suficientes para acusação formal de um crime- estabelecidas por um Tribunal de Apelações dos EUA.

A magistrada escreveu que o tribunal “está de mãos atadas”. O governo não solicitou as conclusões do grande júri para uso em processo judicial, segundo ela. No geral, os tribunais distritais são proibidos de tornar públicos os depoimentos do grande júri, exceto em circunstâncias restritas, acrescentou.

Em seu pedido, o DOJ citou “amplo interesse público” e “transparência para o público americano” ao justificar a solicitação. Os juízes federais de Nova York que acompanham o pedido, porém, afirmaram que o departamento não havia “abordado adequadamente” os fatores sob os quais o material poderia ser divulgado.

A ordem de Trump veio como resposta à onda de cobranças públicas de sua base pela divulgação completa dos arquivos da investigação, dos quais o FBI e o DOJ têm posse. Na prática, o que Trump solicitou, no entanto, representa uma fatia de todos os documentos.

Entre os arquivos da investigação está uma carta atribuída a Trump, incluída em um álbum de aniversário organizado por Ghislaine Maxwell, então a namorada de Epstein, para o financista em 2003, que foi revelada na quinta-feira (17) pelo Wall Street Journal.

O material contém um desenho de uma mulher nua e mensagens sugestivas, além de supostos escritos de outras personalidades famosas. O presidente nega que seja o autor do texto e do desenho, o que diz ser uma invenção do jornal.

Após a publicação, Trump processou o Wall Street Journal e o seu dono, Rupert Murdoch, além de dois jornalistas do veículo, acusando-os de difamação e calúnia. O processo foi registrado em um tribunal federal da Flórida, em Miami -nele, Trump pede US$ 10 bilhões (R$ 55 bilhões) em danos morais. A empresa dona do veículo, a NewsCorp, tem o valor avaliado em cerca de US$ 17 bilhões.

A base aliada acredita haver nos arquivos uma série de documentos que, além de elucidar o caso, pode identificar possíveis envolvidos que ainda não teriam sido expostos publicamente. No início do mês, o Departamento de Justiça e o FBI publicaram um vídeo a partir do qual afirmam ter concluído que Epstein se suicidou na cadeia. Os órgãos disseram que não existem provas de que ele tenha chantageado figuras poderosas nem mantido uma “lista de clientes”, como se acredita há anos.

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