Trump mira Obama e Hillary em novas ameaças ao ser questionado sobre Epstein

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Barack Obama e Hillary Clinton estão de novo sob a mira de Donald Trump. O presidente dos Estados Unidos voltou a atacar os democratas nesta terça-feira (22) ao ser perguntado repetidamente sobre o caso do magnata Jeffrey Epstein -condenado por abuso sexual de menores de idade–, sobre o qual tem sido cobrado por sua base de apoiadores nas últimas semanas.

“A caça às bruxas sobre a qual você deveria estar falando é que eles [a equipe de inteligência do governo] pegaram o presidente Obama de surpresa”, respondeu Trump. Ele se refere ao relatório divulgado na última sexta (18) pela diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, em que o órgão afirma comprovar uma “conspiração de traição” em 2016, por altos funcionários do governo Obama, para minar Trump -então candidato à Presidência.

Gabbard ameaçou encaminhar funcionários da gestão democrata da época ao Departamento de Justiça para serem processados. “Está aí, ele é culpado. Isso foi traição”, disse o presidente nesta terça. “Eles tentaram roubar a eleição, tentaram ofuscar a eleição. Fizeram coisas que ninguém jamais imaginou, mesmo em outros países.”

Durante seu primeiro mandato, em 2018, Trump havia declarado que aceitava “a conclusão da inteligência de que houve intromissão russa nas eleições de 2016”. Nesta terça, porém, o presidente faz eco ao que Gabbard afirma, que vai na contramão do investigado à época.

Agências de inteligência e investigadores do Senado analisaram -durante anos- indícios de interferência da Rússia e concluíram que, durante as eleições de 2016, Moscou conduziu operações de investigação dos sistemas eleitorais para verificar se conseguiam alterar os resultados das votações. A avaliação do governo Obama nunca afirmou que hackers russos manipularam efetivamente os votos.

Os resultados obtidos apontaram para o fato de que a Rússia conduziu operações de influência para manipular a opinião pública. Isso incluiu também o uso de postagens falsas em redes sociais para semear a polarização entre os americanos e o vazamento de documentos roubados do Comitê Nacional Democrata para prejudicar Hillary, a candidata democrata à Presidência.

Várias análises naquele momento -inclusive um relatório do Senado liderado pelos republicanos- apoiaram as descobertas. Entre os senadores do Comitê de Inteligência estava Marco Rubio, atual secretário de Estado de Trump.

As novas falas de Gabbard atropelam as duas conclusões -de não interferência direta nos votos e de influência proposital na opinião pública com Hillary como alvo- para afirmar que Obama manipulou a investigação sobre a Rússia com o objetivo de “tentar liderar um golpe”, o que, segundo Trump, configuraria um ato de traição.

O relatório divulgado na sexta destaca não haver “nenhuma indicação de uma ameaça russa de manipular diretamente a contagem real dos votos” e, em seguida, contrasta isso com a conclusão final das agências de que o presidente russo, Vladimir Putin, “aspirava aumentar as chances de eleição do [então candidato] Trump” para dizer que a primeira afirmação necessariamente desqualifica a segunda.

O senador Mark Warner, da Virgínia, o principal democrata no Comitê de Inteligência, disse que esse novo documento compara coisas diferentes. “Este é mais um exemplo da diretora de inteligência nacional tentando fraudar dados”, disse. “Estamos falando de coisas incoerentes. Os russos não tiveram sucesso em manipular nossa infraestrutura eleitoral, nem nós dissemos que tiveram.” Segundo ele, as operações de influência relatadas pela análise -e corroboradas diversas vezes por diferentes relatórios- foram uma ação diferente.

Sem esclarecer a suposta contradição, Trump usa o novo documento para acusar Obama, Hillary e as respectivas equipes de fraude. “Tentaram fraudar a eleição, e foram pegos, e deve haver consequências muito severas para isso”, afirmou nesta terça.

Os ataques aos dois líderes democratas não são novidade. Em 2011, o republicano acusou o então presidente Obama de não ter nascido nos EUA -o que inviabilizaria sua Presidência, segundo a Constituição americana. Obama, à época, divulgou uma cópia de sua certidão de nascimento -com local de nascença no território americano do Havaí.

Desde que Trump assumiu seu segundo mandato, no entanto, não havia direcionado ataques tão veementes ao ex-presidente. Somente o fez, nesta semana, ao ser confrontado novamente com o caso Epstein.

A base trumpista tem pressionado o presidente pela divulgação dos arquivos de investigação sobre o magnata condenado por exploração sexual de crianças e adolescentes, que se suicidou em 2019 em uma prisão de Nova York.

Sob cobranças, na última semana, Trump ordenou a publicação de “todo e qualquer depoimento [do caso] pertinente ao Grande Júri”, devido ao que chamou de “quantidade ridícula de atenção dada a Jeffrey Epstein”. Na prática, porém, o que Trump solicitou representa uma fatia de todos os documentos, e não parece ter satisfeito seus apoiadores.

A base aliada acredita haver nos arquivos uma série de documentos que, além de elucidar o caso, pode identificar possíveis envolvidos que ainda não teriam sido expostos publicamente.

A relação de Trump com Epstein também tem sido alvo de questionamentos, especialmente após a constante recusa do governo em compartilhar os arquivos e depois que o jornal americano Wall Street Journal divulgou uma carta atribuída ao republicano, incluída em um álbum de aniversário organizado por Ghislaine Maxwell, então a namorada de Epstein, para o magnata em 2003.

Trump nega veementemente qualquer envolvimento com os crimes de Epstein e, em entrevistas anteriores, disse ter rompido com ele nos anos 2000. Na última semana, em meio ao imbróglio com seus seguidores, e antes mesmo de atacar Obama e Hillary diretamente, Trump voltou a reafirmar sua acusação de que a situação é inflada e fraudada pelo Partido Democrata. “Este golpe, perpetuado pelos democratas, deve acabar agora mesmo!”, escreveu.

Ao mirar Obama, nesta terça, o presidente republicano publicou um vídeo produzido com inteligência artificial do democrata sendo preso no Salão Oval da Casa Branca. O ex-presidente não se pronunciou sobre a publicação.

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