São Paulo, 17 de julho de 2025 – A governadora do Federal Reserve (Fed, o banco centralnorte-americano), Adriana Kugler, em um evento hoje mais cedo em Washington, D.C., acredita que astarifas de Donald Trump ainda devem pressionar a inflação para cima. “Vejo pressão ascendentesobre a inflação por parte das políticas comerciais e espero novos aumentos de preços no finaldo ano”, afirmou.Ela aponta que a inflação dos bens essenciais já reflete, de forma parcial, os efeitos dastarifas, e cita os índices de preços ao consumidor (CPI, da sigla em inglês) e ao produtor (PPI,da sigla em inglês), e que mais altas ainda virão. “As empresas acumularam estoques antes dosaumentos tarifários previstos, dando-lhes margem para ainda vender produtos a preçospré-tarifados”, destaca.
“Em segundo lugar, dadas as muitas mudanças nas políticas tarifárias implementadas, asempresas podem ainda não estar repassando as tarifas mais altas para seus preços de venda porqueestão aguardando maior clareza. Terceiro, as empresas, especialmente as maiores, também podemestar esperando para capturar participação de mercado de outras que aumentam os preços maiscedo”.
Ela também aponta que o ambiente atual de expectativas de inflação de curto prazo aindaelevadas torna mais fácil para os trabalhadores buscarem salários mais altos e as empresascobrarem preços mais altos, o que pode aumentar a persistência dos aumentos de preços no futuro.Além disso, “as tarifas podem aumentar ainda mais, como visto nas tarifas recíprocas recentementepropostas para vários países e nas novas tarifas sobre o cobre introduzidas na semana passada,colocando ainda mais pressão ascendente sobre os preços”. Kugler aponta também tensõesgeopolíticas, como no Oriente Médio e a guerra na Ucrânia como pontos que podem criar pressõesascendentes para os preços.
Do ponto de vista do mercado de trabalho, a governadora do Fed salienta que ele continua forte eresiliente nos EUA. “A taxa de desemprego permaneceu em uma faixa estreita e historicamente baixapor mais de um ano. As medidas de demissão permaneceram moderadas, e a proporção de vagas deemprego em relação aos trabalhadores desempregados permaneceu praticamente estável, em um nívelque sugere que a demanda e a oferta de mão de obra estão praticamente equilibradas”.
Por conta de todos esses fatores, Kugler conclui que ainda não é hora de reduzir os juros.”Considero apropriado manter nossa taxa básica de juros no nível atual por algum tempo. Essapostura política ainda restritiva é importante para manter as expectativas de inflação de longoprazo ancoradas”.
Vanessa Zampronho / Safras News
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