Venezuela acusa EUA de interceptarem barco em sua zona marítima

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Venezuela acusou os Estados Unidos neste sábado (13) de abordarem um barco de pescadores com um destróier em sua área marítima, 48 milhas náuticas (88 km) a nordeste da ilha de La Blanquilla, em novo episódio de tensão entre os dois países ao menos desde que Washington enviou navios e tropas para o mar do Caribe para pressionar a ditadura de Nicolás Maduro.

A chancelaria de Caracas afirma que 18 militares abordaram e ocuparam a “pequena e inofensiva embarcação por oito horas”. Segundo o regime, o barco contava com nove tripulantes e tinha autorização para realizar a pesca de atum no local. Washington ainda não comentou.

“[É] uma operação que careca de qualquer proporcionalidade estratégica e que constitui uma provocação direta através do uso ilegal de meios militares exagerados”, escreveu o ministério em comunicado.

“Aqueles que dão a ordem para essas provocações estão em busca de um incidente que justifique uma escalada bélica no Caribe, com o objetivo de insistir em sua política, fracassada e rejeitada pelo próprio povo dos EUA, de mudança de regime”, diz nota.

A chancelaria afirma ainda que as Forças Armadas do país monitoraram o incidente “minuto a minuto com os meios aéreos, navais e de vigilância que possui” até que os pescadores fossem liberados.

“O governo venezuelano exige que os Estados Unidos cessem imediatamente estas ações que colocam em risco a segurança e a paz do Caribe, ao mesmo tempo que faz um apelo ao povo estadunidense para reconhecer a gravidade destas manobras e rejeitar a utilização de seus soldados como peças de sacrifício para sustentar os desejos de uma elite gananciosa e predatória”, escreveu o ministério.

Maduro, convocou nesta sexta-feira (12) reservistas, milicianos e jovens que se alistaram para que compareçam aos quartéis no fim de semana para receberem treinamento militar e aprenderem “a atirar” para defender o país diante do que classifica de ameaça dos Estados Unidos.

Nas últimas semanas, os EUA enviaram oito navios para o sul do Caribe para o que definiram como manobras contra o tráfico internacional de drogas. Washington não apresentou oficialmente uma ação direta contra a Venezuela, mas Maduro denuncia as movimentações como ameaça disfarçada de luta contra o narcotráfico –o ditador é visto pelo governo de Donald Trump como líder de um suposto grupo criminoso chamado Cartel de los Soles.

“Todas as armas que a República possui para se defender: fuzis, tanques e mísseis foram mobilizados por todo o país para defender nosso direito à paz. Quem quer paz, prepare-se para defendê-la”, proclamou.

Segundo publicações militares especializadas, como o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), a milícia venezuelana dispõe de cerca de 212 mil tropas, que se somam aos 123 mil soldados dos outros quatro ramos das Forças Armadas.

Mas generais reformados consultados pela AFP estimam que, na realidade, apenas cerca de 30 mil milicianos estão bem treinados e armados nesta força altamente ideologizada, formada principalmente por aposentados, funcionários públicos e membros do Partido Socialista.

Na madrugada de quinta-feira (11), a Venezuela havia anunciado o início de uma operação militar “de resistência”, em resposta às movimentações americanas no Caribe.

A mobilização militar abrange instalações petrolíferas, de serviços públicos, aeroportos e pontos de fronteira.

“Estes mares, esta terra, estes bairros, estas montanhas, estas imensidões e as riquezas destas terras pertencem ao povo da Venezuela, jamais pertencerão ao império norte-americano”, declarou Maduro em uma comunidade entre Caracas e a cidade costeira de La Guaira, na quinta.

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