Especial Metrô-SP 50 Anos. De acessório sexual a prótese de perna, 2,4 milhões de objetos já foram esquecidos
A Central de Achados e Perdidos (CAP) do Metrô e da CPTM já encontrou mais de 2,4 milhões de objetos
Crédito: Secretaria do Transporte Metroviário
Central de Achados e Perdidos (CAP) do Metrô e da CPTM já encontrou mais de 2,4 milhões de objetos
Turista argentino chegou a esquecer mochila com notebook, câmera fotográfica profissional e R$ 36 mil em espécie
Por Bruna Galati
Há 50 anos, em 16 de setembro de 1974, os primeiros paulistanos faziam suas viagens inaugurais no metrô. Havia apenas uma linha (a atual 1-Azul) e sete estações (da Vila Mariana até o Jabaquara). De lá para cá, se aproxima da primeira centena de estações (em operação são 91) e bateu 104km de extensão. Para marcar este meio século do sistema – decisivo não apenas para a mobilidade da metrópole, mas igualmente em sua transformação econômica –, a agência DC NEWS iniciou a série Metrô-SP 50 Anos. Pelos próximos dias, veicularemos reportagens para narrar suas melhores histórias e seus maiores desafios. Na de hoje, a sexta da série, o sistema de achados & perdidos.
Reportagem 6. Achados & Perdidos
Em 1975, apenas um ano após a inauguração do Metrô de São Paulo, foi criado o setor de Achados e Perdidos do sistema – em 1999, o mesmo serviço foi implementado na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Hoje, a Central de Achados e Perdidos (CAP) do Metrô e da CPTM já encontrou mais de 2,4 milhões de objetos. Com um detalhe: essa contabilização só começou a ser feita a partir de 2006 pela CPTM e de 2010 pelo Metrô. Do total de bens recuperados, cerca de 730 mil (30,5%) foram devolvidos aos donos. Para as empresas, o serviço tem se mostrado essencial à assistência aos passageiros e à manutenção da confiança no sistema de transporte público paulistano.
Há de tudo entre os objetos já esquecidos pelos usuários, desde os mais comuns – bilhetes de transporte, celulares, documentos, carteiras e crachás – a coisas mais insólitas. Neste segundo grupo estão carrinhos de bebê, cadeiras de rodas, luvas de boxe, acessórios sexuais e até a prótese de uma perna. Há perdas de alto valor. Chefe do Departamento de Relacionamento com o Passageiro da CPTM, Viviane Vizioni lembra de um desses casos, protagonizado por um turista argentino que, em 2022, de férias no Brasil, esqueceu uma mochila na estação da Luz. Dentro havia um computador, uma câmera fotográfica profissional e cerca de R$ 36 mil em espécie. “Encontramos um comprovante do hotel onde ele estava hospedado, no Guarujá (SP). Com isso, conseguimos localizar o dono, que estava desesperado. Aquele dinheiro todo seria para pagar o hotel e as despesas da viagem.”
A Central de Achados e Perdidos (CAP) do Metrô e da CPTM: 2,4 milhões de objetos Crédito: Secretaria do Transporte Metroviário
DONOS — A busca pelo dono de um item esquecido não é apenas reativa, quando a pessoa busca o pertence. Há também uma busca ativa. Na CPTM, por exemplo, ela consiste num esforço investigativo que envolve o cruzamento de informações a partir do banco de dados da empresa, com o objetivo de localizar o dono do objeto perdido. Segundo Viviane Vizioni, quando algum item é encontrado, seja por usuário ou pela equipe do transporte público, é feito o cadastramento do objeto e enviado para a CAP. Depois, o primeiro passo é tentar encontrar indícios que permita localizar o dono. “Verificamos documentos, cartões de visita, contatos salvos nos celulares e tentamos contatar o proprietário do objeto perdido ou algum amigo ou familiar”, disse. “Além disso, utilizamos um banco de dados interno, que contém mais de 800 mil nomes cadastrados feitos pelo nosso 0800.”
Os objetos esquecidos são mantidos nas centrais do Metrô e da CPTM por 60 dias Crédito: Secretaria do Transporte Metroviário
Só este ano, as CAPs ligadas à Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) registraram mensalmente em média 10 mil objetos esquecidos pelos passageiros. Com o trabalho de busca ativa desenvolvido pelas CAPs da CPTM, do Metrô e da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), cerca de um terço já foi devolvido aos proprietários. Os itens esquecidos são mantidos nas centrais do Metrô e da CPTM por 60 dias. Após esse período, documentos são enviados aos órgãos emissores, enquanto outros objetos são doados ao Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo (FUSSP) – cartões bancários são destruídos.
Os passageiros que perderam algum pertence devem se dirigir à Central de Achados e Perdidos, de segunda-feira a sexta-feira, das 7h às 20h, exceto feriados, e comprovar a propriedade do item. A consulta de documentos e objetos pode ser realizada presencialmente ou por telefone (0800-7707722, todos os dias, das 5h à meia-noite). No caso do Metrô, também é possível consultar pelo site os objetos identificados. “Mesmo que o item não esteja imediatamente disponível, avisamos quando for encontrado”, disse Viviane. As CAPs estão localizadas na Estação Palmeiras-Barra Funda e Estação Sé.
Itens esquecidos (ou abandonados) nas linhas do Metrô e CPTM Crédito: Secretaria do Transporte Metroviário
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