A partir desta segunda-feira (11) e até quarta-feira (13), 480 compradores de 290 grupos de varejo e 160 importadores de 32 países reúnem-se na BFShow, principal feira do setor de calçados. O evento ocorre em um momento de retomada da atividade. A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) calcula que em 2025 a produção voltará ao nível anterior à pandemia, atingindo a marca de 904 milhões de pares. Se confirmada, será a maior quantidade desde 2018 (932 milhões). Para este ano, a entidade estima produção de 890 milhões (alta de 3,2%), ainda abaixo de 2019 (898 milhões). De janeiro a setembro, a produção subiu 4,8%, atingindo 671 milhões de pares. O mercado interno responde por 85% das vendas.
De acordo com a Abicalçados, o setor tem alta concentração de pequenas e médias empresas: de um total de 5,3 mil indústrias, 92% (4,9 mil) são PMEs. Incluídas as de médio porte, são mais de 5 mil. Com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a associação informa que neste ano, até setembro, foram criados 14,5 mil postos de trabalho. O estoque atingiu 294,8 mil empregos diretos, 2% a menos do que em igual período de 2023 e 4,3% acima de 2019, antes da pandemia de Covid-19. Os estados com maior número de empregados são Rio Grande do Sul (84,7 mil), Ceará (68,9 mil), Bahia (42,2 mil) e São Paulo (34 mil).
A Abicalçados afirma que a pandemia provocou “ruptura importante” na indústria brasileira, dependente do mercado interno. Agora, o setor caminha para a recuperação. “Entre janeiro e setembro, a entidade estima crescimento de mais de 9% no consumo doméstico de calçados, onde também são computadas as importações”, afirmou o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira. Segundo ele, o bom momento será refletido no evento, com os lojistas precisando buscar, além das novidades da próxima estação, produtos para pronta entrega. Ferreira destaca a importância do evento, que deverá receber 10 mil compradores do Brasil e do exterior. “O varejo precisa se abastecer, sobretudo pela proximidade com as festas de final de ano, que são historicamente muito importantes para a nossa indústria.”
A entidade diz ainda que a pirataria segue sendo um desafio difícil de combater e de mensurar. Cita cálculo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre ônus de R$ 453 bilhões em 2022, entre impostos não arrecadados e perdas em 15 atividades econômicas. O presidente afirma que os calçados falsificados são produzidos em estruturas clandestinas, com mão de obra informal, sem proteção. “Por outro lado, boa parte dos produtos piratas também é importada de países que possuem baixo nível de ratificação de padrões internacionais de trabalho estabelecidos nas convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT)”, afirmou Ferreira. A coordenadora da Assessoria Jurídica da Abicalçados, Suely Mühl, acrescenta que “a pirataria gera sonegação fiscal, trabalho ilegal e riscos à saúde e segurança dos consumidores, impactando a sociedade de forma generalizada”. As marcas mais falsificadas são de calçados esportivos.
A terceira edição da BFShow está sendo realizada no Distrito Anhembi, no bairro de Santana, na Zona Norte de São Paulo. Segunda-feira e terças-feira, das 9h às 19h e na quarta-feira, até as 17h. O evento é organizado pela Abicalçados, pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e pela NürnbergMesse Brasil.
PRODUÇÃO DE CALÇADOS/BRASIL
Ano | Pares (em milhões) |
2018 | 932 |
2019 | 898 |
2020 | 746 |
2021 | 855 |
2022 | 886 |
2023 | 865 |
2024 (projeção) | 890 |
2025 (projeção) | 904 |