Do primeiro dia do Pix até hoje, 750 milhões de notas deixam de circular no país e chaves Pix saltam 780%

Uma image de notas de 20 reais
Total de notas em circulação (7,6 bilhões) equivale ao total de R$ 342 bilhões
(Fotoarena/Folhapress)
  • País tem hoje 7,6 bilhões de cédulas em circulação. Até 2021, total superava 8 bilhões. Banco Central vê "relativa estabilidade"
  • Notas de 20 e de 50 reais são as que têm maior redução nos últimos anos. Já as de 100 e 200 (a mais nova) crescem
Por Vitor Nuzzi

[AGÊNCIA DC NEWS]. O número de cédulas de real em circulação no país diminuiu após a implementação do Pix, sistema de pagamentos instantâneos, no final de 2020. Até quinta-feira (13), último dado disponível, havia pouco mais de 7,6 bilhões de notas, com valor total de R$ 342,1 bilhões, segundo números do Banco Central. Em 16 de novembro de 2020, quando o Pix foi lançado, havia quase 8,4 bilhões de cédulas nas mãos dos brasileiros e nos caixas dos bancos (R$ 350,8 bilhões). A redução percentual, nesse caso, é de 9,1%. Significa 758 milhões de notas a menos, principalmente as de 20 e de 50 reais. Mas a diferença muda porque há variações diárias. Já o Pix saltou de 95 milhões de chaves, em novembro de 2020, para 836,1 milhões, em fevereiro deste ano – variação de 780%. O número deve chegar a 1 bilhão em 2025.

Segundo o BC, há “relativa estabilidade” do estoque de dinheiro em circulação. “A quantidade e, principalmente, o valor em circulação não têm apresentado variações relevantes, desde 2022, após crescimento atípico em 2020 e redução em 2021, decorrentes da pandemia”, afirmou a autoridade monetária. “Em contrapartida, se observa, por outros indicadores, como os saques em caixas eletrônicos, uma diminuição do fluxo do dinheiro.” O BC enviou a tabela a seguir para reforçar a afirmação sobre as variações na circulação de dinheiro nos últimos anos. O número de notas refere-se ao último dia de cada ano.

Fonte: Banco Central

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“Acredita-se que a população esteja mantendo o numerário por mais tempo em seu poder e diminuindo o seu giro, muitas vezes como contingência para eventual impossibilidade de uso dos meios eletrônicos utilizados com maior frequência”, disse ainda o BC. Pesquisa divulgada pelo banco em 2024 mostrou que o total de pessoas que usam dinheiro vivo “frequentemente” (24,1%) ou “muito frequentemente” (20,1%) caiu de 44,2%, em 2021, para 31,6% no ano passado (18,4% frequentemente e 13,2% muito frequentemente). Os que fazem uso “pouco frequente” passaram de 46,5% para 54,3%.

Duas das três cédulas de maior valor nominal no Brasil concentram quase metade do dinheiro em circulação: as notas de 100 reais (2 bilhões no dia 13) correspondem a 26,3% do total – o volume cresceu 8,7% em relação a novembro de 2020. E as de 50 reais (1,7 bilhão de notas) são 22,2%. Nesse caso, houve queda de 34,5%. As cédulas de 20 reais (689,8 milhões) também tiveram redução (-26,7%) nos quatro últimos anos. E o maior crescimento foi justamente da cédula que pouca gente vê, a de 200 reais: atualmente, há 153,1 milhões dessas notas em circulação, 430,8% a mais do que em novembro de 2020, dois meses após o lançamento. Assim, diminuíram os micos-leões-dourados (nota de 20) e as onças pintadas (50) e cresceram as garoupas (100) e lobos-guarás (200). As cédulas de 1 real (beija-flor), da primeira família, deixaram de ser produzidas, mas ainda há 148,6 milhões no país. As notas de real começaram a circular em 1º de julho de 1994.

A nota de 200, a sétima da segunda família, foi criada durante a pandemia (veja o cartaz de divulgação). Na época do lançamento, Roberto Campos Neto, então presidente do BC, disse que era uma resposta da instituição a uma necessidade causada pelas circunstâncias. “O momento singular que estamos vivendo trouxe os mais diversos desafios, e um deles foi um aumento expressivo na demanda da sociedade brasileira por dinheiro em espécie”, afirmou. “Em momentos de incerteza, é natural que as pessoas busquem a garantia de uma reserva em dinheiro. Os programas de transferência de renda implementados para enfrentar os efeitos negativos da crise e a extensão do programa de auxílio emergencial também contribuem para essa maior demanda por dinheiro em espécie em nosso país.”

O Pix respondeu por mais da metade (52%) das transações realizadas no último trimestre de 2024, também segundo o BC. Entre outras modalidades, o cartão de crédito respondeu por 16% e o de débito, por 14%. Os boletos são 4%. 

Na semana passada, o BC alterou as normas do Pix para tentar evitar golpes. Segundo a instituição, o objetivo da medida é “exigir que as instituições financeiras e instituições de pagamento participantes garantam que os nomes das pessoas e das empresas vinculadas às chaves Pix estejam em conformidade com os nomes registrados nas bases de CPF e de CNPJ da Receita Federal”. Assim, deverão ser excluídas chaves de pessoas que estejam em situação irregular na Receita. “Para garantir que os participantes do Pix cumpram as novas regras, o BC irá monitorar periodicamente a conduta dos participantes, podendo aplicar penalidades para aquelas instituições que apresentem falhas nesse processo.” Chaves que usam e-mail, por exemplo, não poderão mais mudar de dono. No caso dos CPFs, 1% (8 milhões) apresenta problemas.

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