Barrizzelli, da FIA: “Margem de contribuição é um dos maiores desafios do varejo. Desconhecem"

  • "Margem de contribuição é o que sobra para cobrir despesas e garantir lucro." Especialista diz que setor varejista herda métodos inadequados
  • Economista também analisa cenário econômico brasileiro, juros altos e os seus efeitos. "Retração. Todos sofrem"
Por Bruna Lencioni | Letícia Cassiano Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

[AGÊNCIA DC NEWS]. Um dos maiores desafios na administração do varejo é a compreensão sobre a margem de contribuição, segundo o economista e coordenador da FIA Nelson Barrizzelli. “Margem de contribuição é o que sobra para cobrir despesas e garantir lucro”, disse em entrevista ao DC NEWS TALKS. Enquanto lucro final é o que sobra após pagar todas as despesas. Apesar do conceito parecer básico, ele afirmou que falta entendimento por parte do empreendedor. “É recorrente especialmente entre pequenos e médios varejistas. Desconhecem.” Na avaliação do especialista, isso impede uma administração eficiente. “Este [margem de contribuição] é um dos maiores desafios do varejo.”

Barrizzelli mencionou que, ao analisar pesquisas feitas com diversos segmentos, percebeu que a maioria dos varejistas se concentra apenas na última linha do balanço, ignorando os custos envolvidos entre a aquisição e a venda de cada produto, e como cada item contribui para o lucro final. “No varejo, margem de contribuição não é muito bem entendida”, afirmou. O economista ressaltou que, ao contrário da indústria, onde o conceito de margem de contribuição é bem difundido e aplicado, no varejo há resistência. Segundo ele, esse equívoco persiste até mesmo em empresas de grande porte, que mantêm métodos administrativos inadequados herdados de fases anteriores do negócio. “É um cacoete do ramo”, disse Barrizzelli.

Ele também afirmou o papel essencial dos contadores, que podem ajudar a esclarecer essa distinção, orientar o varejista na leitura de seus números e fortalecer tomada de decisões mais eficientes. Na visão do especialista, superar essa limitação passa por uma administração mais profissional e menos intuitiva, com foco na análise detalhada de cada produto e de sua contribuição real para o resultado financeiro da empresa, até para entender o que faz mais sentido vender e o que não. Barrizzelli enfatizou que compreender essa dinâmica é vital para o varejista enfrentar a crescente complexidade do setor e lidar com margens cada vez mais pressionadas. Esse conhecimento pode ser a diferença entre a sobrevivência e o fracasso no atual ambiente competitivo, segundo ele.

MACROECONOMIA – O cenário macroeconômico brasileiro foi outro ponto abordado na entrevista. Para ele, a atual condição do país impõe fortes restrições ao crescimento do varejo. O economista enfatizou que o país vive um ciclo de aperto monetário provocado por desequilíbrios fiscais e excessos de gastos públicos. Para ele, a inflação surge quando há desajuste entre a oferta de produtos e a capacidade de produção. “Quando gera inflação, só tem um remédio: aumentar a taxa de juros”, disse. Esse ajuste, embora necessário, compromete o ambiente de negócios e penaliza tanto empresários quanto consumidores.

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Barrizzelli destacou que o aumento dos juros provoca uma “retração generalizada da economia”, desestimulando investimentos produtivos e reduzindo o nível de emprego. “Sem investimento, não tem emprego; sem emprego, não tem consumo”, afirmou. Essa cadeia de efeitos afeta diretamente o varejo, que depende da confiança e do poder de compra da população. Para o especialista, enquanto persistirem políticas fiscais expansionistas sem contrapartidas em arrecadação, o país continuará enfrentando inflação e juros elevados, criando um ambiente desfavorável ao crescimento econômico sustentável.

O economista também chamou a atenção para o baixo nível de investimentos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o que limita o potencial de crescimento do país. Ele explicou que o Brasil opera com uma taxa de investimentos que não permite expansão econômica robusta. “O Brasil precisaria crescer 5% ao ano, mas falta investimento”, disse. Sem essa elevação, Barrizzelli alertou que o país tende a manter um crescimento modesto, insuficiente para promover a distribuição de renda e melhorar a qualidade de vida da população. Confira a entrevista.

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