Emive&Co investe R$ 50 milhões em IA para ampliar soluções ao varejo e vê receita do setor saltar 50% ao ano

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Investimentos em IA visam meta de crescimento de 50% ano a ano
(Freepik)
  • Empresa brasileira de tecnologia encontra alta demanda dos pequenos varejistas, que têm se preocupado mais com segurança e gestão das lojas
  • Expectativa é que o varejo, hoje responsável por 40% da receita da companhia, seja o destaque da operação nos próoximos quatro anos
Por Victor Marques Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

[AGÊNCIA DC NEWS]. A Emive&Co, companhia brasileira de tecnologia para segurança que atua por meio de franquias, investiu R$ 50 milhões nos últimos dois anos para definir a Inteligência Artificial como principal vetor de crescimento do seu plano de negócios – com varejistas no foco de atuação. O objetivo é claro: democratizar o acesso a ferramentas de ponta para os pequenos comércios e, com isso, crescer a receita de varejo da empresa, que corresponde a 40% do total. Considerando o faturamento de R$ 369,3 milhões em 2024, o varejo representa R$ 147,7 milhões, e a meta é crescer 50% ao ano, chegando a R$ 747,8 milhões em 2028, somente com esse segmento. “O varejo é a divisão que mais cresce dentro da empresa e vai continuar puxando nosso resultado”, afirmou André Prado, CEO da Emive&Co à AGÊNCIA DC NEWS. “Vamos manter esse ritmo pelos próximos quatro anos.”

Por muito tempo, a empresa com atuação de 30 anos de mercado, focou sua atuação na instalação de tecnologia para segurança como câmeras, centrais de monitoramento e sensores. E o caminho natural agora, segundo Prado, é inserir a IA para utilizar esses equipamentos não apenas de maneira reativa, mas também preventiva e como inteligência para o negócio. O sistema de câmeras ainda atua como a base da solução, mas, acoplado a ele, estão novos módulos de IA como o mapa de calor, que ajuda o comerciante a entender os locais onde os clientes mais passam nas lojas em diferente horários. “Isso muda o papel da câmera”, afirmou o CEO. “Deixa de ser apenas um instrumento de segurança e passa a ser também uma ferramenta de gestão.”

Há ainda tecnologias de análise de comportamento de clientes. As câmeras podem identificar para onde o consumidor olha em uma gôndola e até interpretar expressões faciais, captando insatisfação ou interesse. Cruzados com dados de vendas, esses insights ajudam a entender, por exemplo, se um produto está mal precificado ou se tem maior aceitação que outros. Todas as imagens são armazenadas em nuvem. Assim, mesmo que equipamentos sejam danificados, o histórico permanece acessível por até três meses, podendo ser estendido mediante contratação adicional. Esses módulos de IA estão previstos para lançamento no fim de 2025 ou, no mais tardar, no início do próximo ano.

Escolhas do Editor

Outra solução, já em operação, é o Estranho no Ninho. Ela utiliza as câmeras do estabelecimento para identificação de controle de entrada de ambientes por meio da IA. O comerciante cadastra as pessoas autorizadas a acessar um estoque ou área restrita, e qualquer entrada de não-cadastrados gera alerta imediato com foto enviada ao celular do responsável. A partir disso, o usuário pode então autorizar o novo acesso ou manter o bloqueio. Outras soluções em desenvolvimento incluem detecção de armas, monitoramento de aglomerações suspeitas e identificação de padrões de rondas em frente a estabelecimentos. 

Prado afirma ainda que a ideia é atender um espectro maior de empresas, levando a tecnologia não somente às grandes companhias. Para isso, a empresa têm trabalhado para reduzir em 80% o custo total de alguns algoritmos, considerando consumo de nuvem, número de interações e armazenamento. A redução de preço é expressiva, e deve se posionar abaixo dos R$ 100. “Isso viabiliza a oferta ao pequeno comércio.” Para facilitar a adoção, a Emive&Co vai oferecer de quatro a seis meses de uso gratuito, acompanhando de perto cada cliente para identificar dificuldades e ajustar a experiência do usuário.

Segundo Prado, o movimento visa a compreensão mais ampla da forma de implementar, de modo mais prático e intuitivo, as soluções no cotidiano do pequeno empreendedor. “Mudanças simples de interface, como a forma de exibição de botões, já aumentaram significativamente o engajamento.” Para o futuro, a meta é consolidar a presença no varejo, aumentando a carteira de clientes para todos os portes e perfil de empreendor, atuando na conscientização dos benefícios trazidos pelo uso inteligente da Inteligência Artificial.

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A IA muda o papel da câmera. Deixa de ser apenas um instrumento de segurança e passa a ser também uma ferramenta de gestão

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André Prado, CEO da Emive&Co

Em 2024 a empresa fechou o ano com uma guinada importante no desempenho operacional. A companhia registrou lucro operacional de R$ 26,1 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 18,7 milhões no exercício anterior . O avanço foi sustentado pelo salto de 74,6% na receita líquida, que atingiu R$ 369,3 milhões, frente a R$ 211,5 milhões em 2023. Também houve ganho de margem bruta, com resultado de R$ 161,5 milhões, acima dos R$ 113,5 milhões do ano anterior. O movimento reflete a expansão da rede de franquias e a consolidação das aquisições realizadas em 2023, que fortaleceram a presença da empresa no mercado de segurança eletrônica. Apesar da melhora operacional, a última linha do balanço permaneceu negativa. O resultado financeiro pressionou os números, com despesa líquida de R$ 47,5 milhões, quase o triplo do verificado no ano anterior . Assim, a Emive apurou prejuízo líquido de R$ 28,1 milhões em 2024, próximo ao déficit de R$ 26 milhões do exercício anterior.

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