[AGÊNCIA DC NEWS]. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) faz nestas terça e quarta-feiras (28 e 29) sua 268ª reunião, a primeira sob o comando de Gabriel Galípolo, que substituiu Roberto Campos Neto após quase seis anos. Alguns nomes mudam (leia abaixo), mas a política de juros será a mesma por enquanto. Já se espera nova alta de 1 ponto porcentual, o que levará a taxa básica de juros a 13,25% ao ano, a maior em um ano e meio. E o movimento deve continuar: no Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (27) pelo BC, a projeção para a Selic mantém-se em 15%. No mesmo documento, a expectativa do mercado para a inflação (IPCA) deste ano subiu de 5,08% para 5,50% – as projeções de alta já duram 15 semanas.
Na chamada prévia da inflação oficial, o IPCA-15 teve variação de 0,11% em janeiro. Em 12 meses, soma 4,50%. Os alimentos seguem pressionando: apenas o grupo Alimentação & Bebidas, com alta de 1,06%, representou impacto de 0,23 ponto porcentual no primeiro mês do ano, com destaque para o tomate e o café. Em seguida, Transportes, com 1,01% e 0,21 ponto (passagens aéreas e combustíveis). O IPCA e o INPC de janeiro serão divulgados pelo IBGE no dia 11 do mês que vem.
Para o CEO do Grupo Studio, Carlos Braga Monteiro, o Focus refletiu preocupações do mercado com a persistência da inflação, além de apontar postura mais rígida do BC. Com suas consequências. “Apesar de necessária, a alta dos juros gera impactos significativos na economia, como menor crescimento do PIB e maior pressão sobre o crédito”, afirmou. “O cenário exige uma combinação de medidas fiscais e monetárias para equilibrar o crescimento econômico e o controle inflacionário.” Também para o CEO da gestora Multiplike, Volnei Eyng, o esperado aumentado da Selic reforça o compromisso da autoridade monetária de ancorar a meta de inflação, “ainda que isso traga um impacto negativo no crescimento econômico no curto prazo”. No longo prazo (2026), o cenário segue “desafiante” para conter a inflação, segundo Eyng. Ele também cita a reunião do Fed nesta semana, nos Estados Unidos. “A decisão ainda incerta entre manter ou reduzir os juros pode trazer uma volatilidade adicional, especialmente no câmbio e nos fluxos de capitais. Ou seja, tudo amplia a necessidade de cautela na condução da política monetária por parte do BC.”
Quando Roberto Campos Neto assumiu, em fevereiro de 2019 (quatro meses antes de completar 50 anos), a taxa básica estava em 6,50% ao ano e a inflação, em 3,89%. No mês de sua saída, dezembro de 2024, Selic de 12,25% e IPCA de 4,83%. Durante a pandemia, a Selic caiu até chegar – em agosto de 2020 – a 2%, seu menor nível histórico. Ficou assim até março do ano seguinte, quando teve altas sucessivas, para chegar a 13,75%. Atravessou a mudança de governo nesse patamar e recuou a 10,5% para voltar a novo ciclo de altas, nos atuais 12,25% ao ano. Na gestão de Campos Neto, além da eleição presidencial de 2022, o Congresso aprovou a independência do BC (2021) e o Pix entrou em vigor (2020).
Além de Galípolo (que em abril completará 43 anos), o Copom tem três novos diretores. Eles tomaram posse no início do ano. Izabela Correa, auditora do BC, assumiu a Diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta. Na Diretoria de Regulação, o titular agora é Gilneu Vivan, também auditor. E Nilton David é o novo diretor de Política Monetária, justamente no lugar de Galípolo. Desde 2019, era chefe de Operações na Tesouraria do Bradesco. No total, o Comitê é formado por nove diretores.
INFLAÇÃO X JUROS
Mês/ano | Inflação em 12 meses (IPCA %) | Taxa Selic (% ao ano) |
Dezembro/2024 | 4,83 | 12,25 |
Julho/2024 | 4,50 | 10,50 |
Março/2024 | 3,93 | 10,75 |
Dezembro/2023 | 4,62 | 11,75 |
Setembro/2023 | 5,19 | 12,75 |
Fev/2023 | 5,60 | 13,75 (3) |
Março/2022 | 11,30 | 11,75 |
Março/2021 | 6,10 | 2,75 |
Setembro/2020 | 3,14 | 2,00 (2) |
Março/2020 | 3,30 | 3,75 |
Março/2019 | 4,58 | 6,50 (1) |