Com inflação em alta no radar, Copom faz primeira reunião sob Galípolo. Juros continuarão subindo

Uma image de notas de 20 reais
Sai Campos Neto (dir.), entra Galípolo: mercado na expectativa
(Gabriela Biló/Folhapress)
  • Reunião liderada pelo novo presidente do Banco Central deve aprovar mais um aumento de 1 ponto percentual na Selic, para 13,25% ao ano
  • Boletim Focus elevou para 5,50% a expectativa da inflação neste ano. Economistas apontam efeito negativo sobre o crescimento econômico e o crédito
Por Vitor Nuzzi Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

[AGÊNCIA DC NEWS]. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) faz nestas terça e quarta-feiras (28 e 29) sua 268ª reunião, a primeira sob o comando de Gabriel Galípolo, que substituiu Roberto Campos Neto após quase seis anos. Alguns nomes mudam (leia abaixo), mas a política de juros será a mesma por enquanto. Já se espera nova alta de 1 ponto porcentual, o que levará a taxa básica de juros a 13,25% ao ano, a maior em um ano e meio. E o movimento deve continuar: no Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (27) pelo BC, a projeção para a Selic mantém-se em 15%. No mesmo documento, a expectativa do mercado para a inflação (IPCA) deste ano subiu de 5,08% para 5,50% – as projeções de alta já duram 15 semanas.

Na chamada prévia da inflação oficial, o IPCA-15 teve variação de 0,11% em janeiro. Em 12 meses, soma 4,50%. Os alimentos seguem pressionando: apenas o grupo Alimentação & Bebidas, com alta de 1,06%, representou impacto de 0,23 ponto porcentual no primeiro mês do ano, com destaque para o tomate e o café. Em seguida, Transportes, com 1,01% e 0,21 ponto (passagens aéreas e combustíveis). O IPCA e o INPC de janeiro serão divulgados pelo IBGE no dia 11 do mês que vem.

Para o CEO do Grupo Studio, Carlos Braga Monteiro, o Focus refletiu preocupações do mercado com a persistência da inflação, além de apontar postura mais rígida do BC. Com suas consequências. “Apesar de necessária, a alta dos juros gera impactos significativos na economia, como menor crescimento do PIB e maior pressão sobre o crédito”, afirmou. “O cenário exige uma combinação de medidas fiscais e monetárias para equilibrar o crescimento econômico e o controle inflacionário.” Também para o CEO da gestora Multiplike, Volnei Eyng, o esperado aumentado da Selic reforça o compromisso da autoridade monetária de ancorar a meta de inflação, “ainda que isso traga um impacto negativo no crescimento econômico no curto prazo”. No longo prazo (2026), o cenário segue “desafiante” para conter a inflação, segundo Eyng. Ele também cita a reunião do Fed nesta semana, nos Estados Unidos. “A decisão ainda incerta entre manter ou reduzir os juros pode trazer uma volatilidade adicional, especialmente no câmbio e nos fluxos de capitais. Ou seja, tudo amplia a necessidade de cautela na condução da política monetária por parte do BC.”

Escolhas do Editor

Quando Roberto Campos Neto assumiu, em fevereiro de 2019 (quatro meses antes de completar 50 anos), a taxa básica estava em 6,50% ao ano e a inflação, em 3,89%. No mês de sua saída, dezembro de 2024, Selic de 12,25% e IPCA de 4,83%. Durante a pandemia, a Selic caiu até chegar – em agosto de 2020 – a 2%, seu menor nível histórico. Ficou assim até março do ano seguinte, quando teve altas sucessivas, para chegar a 13,75%. Atravessou a mudança de governo nesse patamar e recuou a 10,5% para voltar a novo ciclo de altas, nos atuais 12,25% ao ano. Na gestão de Campos Neto, além da eleição presidencial de 2022, o Congresso aprovou a independência do BC (2021) e o Pix entrou em vigor (2020).

Além de Galípolo (que em abril completará 43 anos), o Copom tem três novos diretores. Eles tomaram posse no início do ano. Izabela Correa, auditora do BC, assumiu a Diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta. Na Diretoria de Regulação, o titular agora é Gilneu Vivan, também auditor. E Nilton David é o novo diretor de Política Monetária, justamente no lugar de Galípolo. Desde 2019, era chefe de Operações na Tesouraria do Bradesco. No total, o Comitê é formado por nove diretores.

INFLAÇÃO X JUROS

Mês/anoInflação em 12 meses (IPCA %)Taxa Selic
(% ao ano)
Dezembro/20244,8312,25
Julho/20244,5010,50
Março/20243,9310,75
Dezembro/20234,6211,75
Setembro/20235,1912,75
Fev/20235,6013,75 (3)
Março/202211,3011,75
Março/20216,102,75
Setembro/20203,142,00 (2)
Março/20203,303,75
Março/20194,586,50 (1)
(1) Taxa ficou em 6,50% de 03/18 a 06/19
(2) Manteve-se em 2% de 08/20 a 01/21
(3) Ficou em 13,75% de 08/22 a 06/23

Voltar ao topo