[AGÊNCIA DC NEWS]. A indústria de transformação foi o destaque da balança em 2024, segundo a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres. As exportações no setor (que representam 54% do total) cresceram 2,7% em relação ao ano anterior e somaram US$ 181,9 bilhões. Os dados são maiores nas importações, que aumentaram 9,3%, para US$ 238,7 bilhões. No caso de automóveis de passageiros, a alta nas importações chegou a 43,2% – e vai a 201,3% entre os veículos trazidos da China. Os resultados completos do ano passado foram divulgados nesta segunda-feira (6) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O país fechou 2024 com superávit de US$ 74,6 bilhões, queda de 24,6%, número e percentual que haviam sido antecipados pela AGÊNCIA DC NEWS. Apesar da queda, Tatiana Prazeres e o diretor de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão, enfatizaram o desempenho “robusto” do comércio brasileiro. Eles observaram que a redução se deve à queda de preços no mercado global, uma vez que as exportações em volume, por exemplo, cresceram (+3,3%).
As exportações brasileiras totalizaram US$ 337 bilhões, retração de 0,8%, em valor, na comparação anual. Mesmo assim, é o segundo maior resultado da série histórica (iniciada em 1989), atrás apenas de 2023 (US$ 339,7 bilhões). Já as importações somaram US$ 262,5 bilhões, alta de 9%, o que resultou no superávit de US$ 74,6 bilhões (ante US$ 98,9 bilhões em 2023). Também nesses casos, foi o segundo maior valor registrado pelo MDIC. As vendas para a China – principal parceiro comercial do Brasil – caíram 9,3%, para US$ 96 bilhões, e a participação do país asiático passou de 31,1% do total, em 2023, para 28,5%. (Confira abaixo as participações por país ou bloco.)
Para 2025, Brandão divulgou as primeiras projeções, enfatizando que as estimativas, neste momento, podem não ser muito precisas. “Doze meses à frente é um horizonte de tempo considerável”, afirmou. O MDIC projeta exportações em um intervalo entre US$ 320 bilhões e US$ 360 bilhões, o que indica estabilidade em relação ao ano passado. Para importações, de US$ 260 bilhões a US$ 280 bilhões, com saldo entre US$ 60 bilhões e US$ 80 bilhões. “Com o primeiro trimestre fechado, dados da atividade econômica, expectativas de mercado mais robustas, dados do comércio mundial já fechados, a gente tem uma direção melhor.”
O setor de agropecuária teve queda de 11% no ano passado, com as exportações caindo para US$ 72,5 bilhões. Mas o volume teve alta de 0,7%. Segundo Brandão, o resultado se deve à queda de preços –de 11,6%, em média. A soja, por exemplo, teve queda de 19,4%, com diminuição de 16,9% no preço – a participação da commodity nas vendas caiu de 15,7% (2023) para 12,7%. Na indústria extrativa, as exportações de minério de ferro também caíram (-2,4%).
Entre os parceiros comerciais, o Brasil teve superávit de US$ 31,4 bilhões com a China, de US$ 1,1 bilhão com a União Europeia e de US$ 200 milhões com a Argentina. Com os Estados Unidos, déficit de US$ 250 milhões. Em relação às exportações, as vendas caíram 17,6% para a Argentina (US$ 13,8 bilhões). E aumentaram com os Estados Unidos (+9,2%, para US$ 40,3 bilhões) e com a União Europeia (+4,2%, para US$ 48,2 bilhões). As importações aumentaram em todos os casos: para a China (+19,8%, para US$ 64,6 bilhões), Argentina (+13,2%, US$ 13,6 bilhões), Estados Unidos (+6,9%, US$ 40,6 bilhões) e União Europeia (+3,7%, US$ 47,1 bilhões).
Os principais itens importados foram óleos combustíveis (US$ 15,2 bilhões) e adubos/fertilizantes (US$ 13,6 bilhões). Mesmo assim, esses produtos caíram em relação a 2023: -12,2% e 7,1%, respectivamente. Já as importações de automóveis de passageiros somaram US$ 8,3 bilhões (+43,2%) – a participação no total subiu de 2,4% para 3,1%. Apenas com a China, de 2% para 5,1%, com as importações de veículos daquele país somando US$ 3,3 bilhões, três vezes mais do que em 2023 (US$ 1,1 bilhão). A participação de veículos trazidos da Argentina é maior (17,6%), mas caiu em relação a 2023 (18,6%) – as importações aumentaram 7%.
Brandão disse ainda, durante entrevista coletiva, que a questão cambial tem peso relativo. “O câmbio real, não o nominal, influencia. Commodities são pouco sensíveis à taxa de câmbio. Os preços são determinados internacionalmente pelas condições de mercado. O que determina comércio exterior é demanda – externa e interna. Não é taxa de câmbio.”
EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS EM 2024 (participação)
China – 28,5%
União Europeia – 14,3%
EUA – 12%
Mercosul – 6%
Oriente Médio – 5,3%
África – 4,7%
Argentina – 4,1%
México – 2,3%
Canadá – 1,9%
Japão – 1,7%
Rússia – 0,4%