SÉRIE Desafios 2026. Gonçalves: "A reforma do Estado é inadiável: a carga é alta e a Previdência vai quebrar"
"A boa gestão é aquela que sobrevive à troca de governos”
(Andre Lessa/Agência DC News)
Luiz Roberto Gonçalves defende um Estado mais enxuto e eficiente, com foco em previsibilidade e investimento produtivo
"O Estado precisa induzir a criação de riqueza e empregos, não criá-los. Isso é tarefa da iniciativa privada"
Por Felipe Nogueira Porto SeibelCompartilhe:
[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS] Na série especial Desafios 2025, iniciativa da AGÊNCIA DC NEWS, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), as vozes que conduzem a entidade ajudam a construir um retrato das transformações que desafiam o país. A série, que começou com o presidente da ACSP, Roberto Mateus Ordine, e com o presidente do Conselho Superior, Rogério Amato, segue agora com entrevistas individuais dos oito conselheiros que integram a Diretoria Executiva. Nesta edição, o foco se volta para Luiz Roberto Gonçalves, vice-presidente da ACSP, engenheiro de formação e empresário com larga experiência em gestão e finanças, cuja trajetória cruza chão de fábrica, conselho empresarial e desenho institucional. O ponto de partida é claro e sem adjetivos: “A reforma do Estado é inadiável.” No centro do seu argumento está a combinação entre eficiência pública, previsibilidade regulatória e prioridade ao investimento produtivo, condição para liberar o potencial de infraestrutura, comércio exterior e crédito. Para ele, aliviar a carga que asfixia quem produz e recompor a sustentabilidade das contas é um passo técnico, não retórico: “Sem previsibilidade, o capital não chega.” Nesta conversa, Gonçalves olha o país com régua de gestor e paciência de engenheiro, conectando biografia e tese para discutir produtividade, contas públicas e ambiente de negócios – o fio condutor que guia este capítulo da série.
Formado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP, Luiz Roberto Gonçalves construiu uma trajetória que traduz, em prática, o conceito que defende: planejamento, método e eficiência. Começou cedo, no Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), e passou pelo Laboratório de Hidráulica, onde aprendeu a importância da precisão e do cálculo – valores que levaria consigo ao longo da vida empresarial. Seu mergulho no setor privado veio com o Café do Ponto, empresa familiar que ajudou a transformar em uma das maiores torrefações do país, com cerca de mil funcionários e presença em mais de duzentas lojas. “Gestão é método, não improviso”, resume. A experiência de conduzir a profissionalização do negócio até sua venda a um grupo internacional, e depois atuar em sua fase multinacional, deu-lhe repertório para falar sobre governança e competitividade com a autoridade de quem viveu os dois lados do balcão. Hoje, como vice-presidente da ACSP, Gonçalves dedica-se à estruturação financeira e institucional da entidade, coordenando conselhos estratégicos e projetos que fortalecem o ambiente de negócios. “É no detalhe da gestão que nasce a solidez de uma instituição”, afirma.
Há em Luiz Roberto Gonçalves uma serenidade que vem de décadas de estrada – e de uma vida vivida com método, mas também com memória. Nascido em Cafelândia, no interior de São Paulo, a cerca de 400 quilômetros da capital, ele cresceu em meio ao cheiro do café e às histórias de imigrantes portugueses que moldaram sua família. Ainda menino, mudou-se para Pinheiros, bairro que viria a ser sua morada definitiva e onde aprendeu a ler o mundo urbano com o mesmo olhar atento com que antes observava as plantações do interior. “O futuro se constrói com trabalho e prioridade”, costuma repetir, como quem transforma disciplina em filosofia de vida. No encontro, entre uma reunião e outra, sua fala é firme, mas sem pressa – há pausa entre as ideias, como se cada resposta precisasse encontrar seu próprio lugar. Fala de Estado, de empresas, de políticas públicas, mas sempre com o olhar voltado às pessoas e à necessidade de construir um país que funcione. A conversa termina como começou: com lucidez, propósito e senso de dever. Confira a entrevista.
AGÊNCIA DC NEWS – Para começarmos, poderia nos contar um pouco sobre suas origens, onde nasceu e as primeiras experiências que o moldaram? LUIZ ROBERTO GONÇALVES– Bom, eu sou nascido em Cafelândia, uma cidadezinha no interior de São Paulo, que já foi o maior centro produtor de café do Brasil e que hoje se transformou com a cana-de-açúcar e um pouco de gado. Tenho um carinho especial por lá porque a origem da minha família mais próxima é de lá. Meu pai é nascido lá, mas meu avô é português. Do lado da minha mãe, ela é nascida numa pequena cidade, Botafogo, também no interior de São Paulo, e o pai dela também era português.
AGÊNCIA DC NEWS – Seus avós eram cafeicultores? LUIZ ROBERTO GONÇALVES– Não, não. Meu avô materno era mais ligado ao comércio de café. Já a família do meu pai era de panificadores, donos de padaria.
AGÊNCIA DC NEWS – E onde você cresceu? LUIZ ROBERTO GONÇALVES– Eu vim muito pequeno para São Paulo, cheguei aqui com oito anos de idade. Minha vida toda foi aqui, em Pinheiros. Lembro um pouco da fase em Cafelândia, do começo da escola. Em São Paulo, estudei no Colégio Fernão Dias, que na época era um dos melhores colégios de São Paulo, com uma educação pública de alta qualidade. A minha cultura básica eu ganhei lá, com professores excepcionais que tinham capacidade, competência e prazer de ensinar. Eles buscavam suas experiências e contavam histórias, o que nos dava não só o básico do ensino, mas também experiências e conselhos.
O progresso não se improvisa, se calcula
Luis Roberto Gonçalvez
AGÊNCIA DC NEWS – Depois dessa formação básica, qual foi sua trajetória acadêmica e profissional inicial? LUIZ ROBERTO GONÇALVES – Depois eu fiz curso de Engenharia Civil na Escola Politécnica (Poli-USP). Fiz também uma experiência bacana no Laboratório de Hidráulica, construindo modelos reduzidos de barragens. Nessa época, acabei trabalhando no Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) por uns dois anos, porque um professor meu, que conhecia minha especialização em tecnologia e computação, me convidou para trabalhar com ele. Também dei aula na FATEC por um tempo, quando a faculdade estava se iniciando.
AGÊNCIA DC NEWS – E teve a empresa da sua família, o Café do Ponto, certo? Como foi o início? LUIZ ROBERTO GONÇALVES – Meu pai veio para São Paulo para trabalhar com uma empresa americana de aviação. Depois de alguns anos, ele e mais dois amigos de Cafelândia adquiriram uma pequena empresa de torrefação de café que se chamava Café Pauliceia – depois, passou a se chamar Café do Ponto. Transformaram-na em uma das torrefações mais importantes do Brasil. Eu cresci nesse ambiente, trabalhei lá desde menino, fora do horário escolar. Trabalhei em todas as áreas: produção, industrialização (a primeira obra que fiz foi um prédio novo da fábrica), administrativa, financeira, exportação… Meu pai foi presidente até os últimos dias.
AGÊNCIA DC NEWS – E qual foi um dos maiores orgulhos nesse período? LUIZ ROBERTO GONÇALVES – Um dos exemplos de orgulho foi que, dentro da própria empresa, antes de vendê-la, conseguimos desenvolver uma companhia baseada em qualidade, conceito e inovação. Criamos uma loja de café lá pelos anos de 1976-1977: foi a primeira loja de café em shopping de São Paulo, no Ibirapuera. Ela se transformou depois em uma rede de franquias com mais de 200 lojas. Sair de uma empresa muito pequena e conseguir construir isso foi uma grande realização. Quando a empresa foi vendida para um grupo americano em 1998, tínhamos cerca de 1.000 funcionários.
AGÊNCIA DC NEWS – A venda da empresa foi um grande desafio? LUIZ ROBERTO GONÇALVES – Foi. Quando a gente vendeu a empresa, o presidente mundial do grupo americano me pediu para continuar fazendo exatamente o que eu estava fazendo. Fiquei mais uns sete, oito anos com eles e até presidi uma filial da trade mundial deles no Brasil. Para mim, foi uma experiência muito grande sair do segmento de empresa familiar para uma multinacional, com outro tipo de exigências, metas, coisas às quais eu não estava tão acostumado. Esse foi um momento de enorme aprendizado.
AGÊNCIA DC NEWS – Você teve algum outro momento de risco ou dificuldade maior em sua carreira empresarial? LUIZ ROBERTO GONÇALVES – Sim. Tive experiências de empresas que abri com um irmão meu, como uma de injeção de plástico, que não deram 100% certo. Tivemos que desativar a empresa porque a estrutura de custo não se sustentava. Fui obrigado a tomar ações radicais, e para o empresário, isso bate como uma derrota, porque o empresário verdadeiro busca o sucesso. Essas experiências me mostraram que é difícil ser empresário nesse país.
AGÊNCIA DC NEWS –Sua ligação com o associativismo, especialmente com a ACSP, é muito forte. Como começou esse envolvimento? LUIZ ROBERTO GONÇALVES –Vem desde a época do meu pai. Como morávamos em Pinheiros, meu pai era da Distrital Pinheiros da Associação Comercial. Eu comecei junto com ele, ali na distrital. Fui superintendente de lá em 1988-89 até 1991-92. E depois, de lá para cá, sou vice-presidente da ACSP. Hoje, também participo do Conselho Superior.
AGÊNCIA DC NEWS – Quais são suas principais responsabilidades e como enxerga sua contribuição para a entidade? LUIZ ROBERTO GONÇALVES –Tenho tido a oportunidade de participar das coisas mais importantes que a associação tem feito, principalmente no aspecto empresarial e de buscar a preservação financeira da entidade. Fiz o primeiro trabalho, junto com o Alfredo [Cotait Neto], para a estruturação do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). Formatamos ele aqui dentro da associação como se fosse uma empresa independente, depois montamos uma empresa independente, trouxemos um fundo, fomos para o conselho, a empresa abriu capital e hoje vendemos para um grupo nacional. Participei de todo esse movimento desde os primeiros dias. Hoje, sou vice-presidente da ACSP, participo de conselhos de outras empresas ligadas à associação, como ACCredito, da qual sou presidente do conselho; CRDC [Central de Registro de Direitos Creditórios] e CDR, além do conselho da faculdade [Fundação Cásper Líbero]. Minha principal atribuição é na Comissão Financeira de Investimentos (Cofin), onde estão as empresas e os investimentos financeiros da associação. Isso toma quase 100% do meu tempo.
AGÊNCIA DC NEWS –Você também é coordenador da SP Chamber. O que é essa iniciativa e qual o papel dela? LUIZ ROBERTO GONÇALVES –A SP Chamber (São Paulo Chamber of Commerce) é um departamento da ACSP que organiza todos os movimentos de comércio exterior. Temos uma área de câmara de comércio – de proximidade com embaixadores, cônsules… – e que faz missões para o exterior, recebe missões e emite certificados de origem. É tudo o que está embaixo do guarda-chuva São Paulo Chamber of Commerce.
AGÊNCIA DC NEWS– Qual um projeto de destaque da SP Chamber? LUIZ ROBERTO GONÇALVES – Bom, são vários. Mas hoje existe um Conselho das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras (CECIEx), que foi gerado aqui. Esse conselho abriga todas as câmaras comerciais, importadoras e exportadoras, e principalmente, dá suporte às pequenas e médias empresas na inserção no mercado internacional. Os pequenos e médios não têm condição de se estruturar para o comércio internacional, então nós fazemos a aproximação e a estruturação. Um case de sucesso foi a própria criação do CECIEx. Por exemplo, quando o governo disse que não podia fazer convênios com entidades locais para apoiar pequenas e médias empresas na exportação, montamos o CECIEx. Através dele, fazemos muitas missões no exterior com suporte da Apex. Isso está ajudando muito.
AGÊNCIA DC NEWS – Sua atuação se estende às distritais, como a de Pinheiros, onde é conselheiro nato. Qual a importância delas? LUIZ ROBERTO GONÇALVES – Eu sou conselheiro nato da Distrital Pinheiros por ter sido ex-superintendente e tenho um carinho especial por lá. Minha visão, que não é unanimidade, é que as distritais têm que desempenhar um papel de protagonismo na comunidade. Devem ser o polo onde as entidades, as pessoas… vêm discutir. É a casa da comunidade. Por exemplo, em Pinheiros, no passado, até qualquer mudança de trânsito na região era discutida na associação com os comerciantes locais. Esse protagonismo é o mais importante, porque ajuda a resolver qualquer causa.
AGÊNCIA DC NEWS –Vamos mudar de escala agora: do bairro para o país. No jargão do campo, o que o Brasil precisa fazer para não ter uma “quebra de safra”? LUIZ ROBERTO GONÇALVES – Para um café ser bom, tem que ter clima, relevo, solo… Para o Brasil, enquanto a gente defende menor interferência do Estado, ele tem que ser competente, sério, ter estratégias claras. Ele não provê nada porque não cria um centavo, só tira de alguém para dar a alguém. O que ele tem que fazer é induzir a criação de riqueza e de empregos, não criar empregos, pois isso é tarefa da iniciativa privada. Assim, o Estado precisa ter uma estrutura a mais enxuta possível, com uma carga tributária menor, para que haja espaço para investimentos, principalmente em infraestrutura. Quando você investe em infraestrutura, a economia cresce, os empregos crescem. Estamos no caminho contrário, com o Estado gastando cada vez mais, jogando a bola de neve da dívida.
AGÊNCIA DC NEWS –Quais reformas o senhor considera essenciais e quais são suas maiores preocupações hoje? LUIZ ROBERTO GONÇALVES – Precisamos de reformas básicas, como a administrativa e a política. A estrutura de governo está péssima. Sou um grande defensor do voto distrital, para que a pessoa que desempenha um papel no governo responda pelas suas ações. A reforma do Estado, a carga do Estado, é absurda. A Previdência, por exemplo, vai quebrar em pouco tempo, porque cada vez menos gente contribui para pagar os que não contribuem, e a longevidade aumenta. Outra grande preocupação também é a segurança jurídica. Sempre foi importante, mas nos últimos tempos, vemos o mesmo fato ter interpretações diferentes e criativas. Isso gera uma insegurança muito grande, e não vem investimento do exterior com insegurança jurídica. Não dá para ficar otimista com a postura que temos hoje. O que me inspira um pouco de esperança é que temos uma safra de políticos mais jovens que já começam a raciocinar mais ou menos dentro da linha que eu penso, como alguns governadores que estão indo bem em seus estados.
“A excelência não nasce do improviso, mas da repetição bem feita” (Andre Lessa/Agência DC News)
AGÊNCIA DC NEWS – Pensando nos próximos 5 a 10 anos, quais são os grandes desafios que o Brasil precisa superar para garantir um desenvolvimento econômico e social mais robusto e inclusivo? LUIZ ROBERTO GONÇALVES – O que precisamos, antes de tudo, é olhar para o agro. O agro foi largado sozinho em um determinado momento, há uns 20 anos, e se modernizou, aumentando a produtividade 3 ou 4 vezes. Hoje, produzimos mais com menos área plantada, e a produtividade explodiu. Se fizermos algo parecido nos segmentos de indústrias e serviços, preocupados em ajudar as empresas a terem eficiência, não criando mais despesas ou impostos. O país precisa de investimentos em infraestrutura – portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, hidrovias – mas como todo o dinheiro é gasto em despesas para sustentar a própria estrutura do Estado, não temos recursos para investimentos. Nem o capital externo conseguimos atrair com a insegurança jurídica. E mais: a Educação Básica é o mais importante, não é “universidade para todos”, mas sim Educação Básica de boa qualidade. Precisamos de cursos profissionalizantes, cursos técnicos, onde estão empregos. Há um apagão de profissionais técnicos –gesseiros, eletricistas, encanadores – enquanto sobram engenheiros e arquitetos..
AGÊNCIA DC NEWS – Pegando carona nessa resposta, como a ACSP pode apoiar as empresas na transição para um futuro cada vez mais digital? LUIZ ROBERTO GONÇALVES – A digitalização e a inovação não têm retorno: são mandatórios. A Associação enxerga isso e incentiva sempre. Nas nossas empresas, investimos muito nesse segmento. A própria associação tem o Pateo 76, que é uma ação de incentivo a startups, a maioria delas baseadas em tecnologia. A faculdade da ACSP também é uma frente importante, na qual procuro dar minha contribuição, estruturando-a como empresa e buscando ter uma faculdade de qualidade. Ela tem nota máxima no MEC, o que é um orgulho.
AGÊNCIA DC NEWS – Se o senhor pudesse alterar apenas uma coisa no ambiente de negócios ou na economia brasileira, o que seria? LUIZ ROBERTO GONÇALVES – Eu não vejo nenhuma isoladamente. Porque é um conjunto de medidas que você precisa fazer. Não adianta só trocar o presidente se ele não tiver um plano para enxugar o Estado, diminuir custos e despesas para sobrar dinheiro para investimento em infraestrutura. É um processo todo, uma série de coisas que têm que acontecer para que o país seja viável. Eu não acredito em milagres, acredito em muito trabalho.
AGÊNCIA DC NEWS – Se voltasse no tempo, qual conselho daria ao jovem Luiz Roberto Gonçalves? LUIZ ROBERTO GONÇALVES – Muita coisa eu faria igual, mas talvez eu faria com uma velocidade maior para ter chegado a alguns lugares mais cedo. Acho que seria bom. Ele teria aproveitado um pouco mais, talvez aprendido um pouco mais. Porque, como meu pai sempre dizia… ele ficava triste o dia que não aprendia nada. Então, se você acelera as coisas, amadurece mais rápido, acaba incorporando os ensinamentos melhores. Fica com uma carga muito maior de conhecimento depois.
Encerrar uma conversa com Luiz Roberto Gonçalves é como acompanhar a construção de um raciocínio geométrico. Cada ideia tem lugar, medida e proporção – uma harmonia pitagórica entre lógica e experiência. Pitágoras, considerado o pai da matemática, via nos números uma linguagem universal capaz de revelar a ordem oculta das coisas. Em Gonçalves, há algo desse mesmo espírito: a crença de que a clareza, o cálculo e o método não são apenas instrumentos de trabalho, mas formas de compreender o mundo. Ele fala de finanças como quem fala de música – buscando o ponto exato onde o ruído cessa e o som se organiza. “O país precisa de método, não de milagres”, diz, quase como um axioma. No fundo, é uma fé simples e profunda: a de que o progresso não se improvisa, se calcula.