Paes tem 61% dos votos válidos na véspera da eleição e venceria em 1º turno no Rio, aponta Datafolha

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), chega à véspera da eleição com 61% das intenções de votos válidos, mostra pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (5). O índice lhe daria a vitória no primeiro turno.

Na dianteira, ele assistiu à redução no ritmo de aproximação do seu principal adversário. O deputado federal Alexandre Ramagem (PL) registra 24% das intenções de votos válidos —critério usado pela Justiça Eleitoral que desconsidera nulos e brancos.

Há dois dias, os índices de Paes e Ramagem eram de 63% e 25%, respectivamente.

Nas intenções de votos totais, considerando-se também brancos, nulos e indecisos, o prefeito fica com 54%, e o deputado, com 22%. A diferença, que chegou a 48 pontos, estabilizou-se em 32.

Contratada pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo, a pesquisa do Datafolha, registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número RJ-04865/2024, ouviu 1.809 eleitores na sexta-feira (4) e sábado. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos. O nível de confiança é de 95%.

O levantamento confirma a polarização entre os candidatos apoiados pelo presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro já no primeiro turno, minguando as alternativas à esquerda, à direita e ao centro.

O terceiro colocado, o deputado Tarcísio Motta (PSOL), aparece com 7% das intenções de votos válidos (tinha 5% há dois dias).

Atrás dos três, aparecem estagnados o deputado federal Marcelo Queiroz (PP), com 3%, o deputado estadual Rodrigo Amorim (União Brasil), com 2%, Cyro Garcia (PSTU) e Juliete Pantoja (UP), ambos com 1%. Carol Sponza (Novo) e Henrique Simonard (PCO) foram citados, mas não alcançaram 1%.

Declararam que pretendem anular o voto 7% dos entrevistados, enquanto outros 4% disseram ainda não saber em quem votar.

Na pesquisa espontânea, na qual não são apresentados os nomes dos candidatos aos entrevistados, Paes oscilou positivamente de 43% para 45%, enquanto Ramagem manteve-se com 17% das menções.

A taxa de rejeição dos dois principais candidatos também se manteve estável. Declararam que não votariam de jeito nenhum no nome do PL 35% dos entrevistados (mesmo índice registrado há dois dias), enquanto 19% mencionaram não escolher Paes de nenhuma maneira (eram 21% no último levantamento).

Assim como nos votos totais, Ramagem manteve patamar semelhante entre os eleitores de Bolsonaro. Ele atingiu agora 46% das intenções de voto totais nesse grupo, contra 35% de Paes (estava 47% a 34% na pesquisa anterior).

O prefeito, por sua vez, segue apresentando maior resiliência entre os evangélicos, geralmente associados ao bolsonarismo. Nessa fatia do eleitorado, ele tem 45% contra 29% de Ramagem nos votos totais, em patamar semelhante ao último levantamento.

A queda de braço nestes dois grupos resume as estratégias dos dois principais candidatos ao longo da campanha.

Paes construiu uma ampla aliança com lideranças evangélicas, escolhendo o deputado Otoni de Paula (MDB), um bolsonarista assumido, como coordenador de campanha entre os cristãos.

O arco de apoio entre evangélicos ficou evidente já na pré-campanha, quando Paes conseguiu com que a Igreja Universal vetasse a inclusão da deputada estadual Tia Ju (Republicanos) como vice de Ramagem.

A campanha ficou marcada pela tentativa do deputado do PL em atrair os evangélicos, um eleitorado que, para alguns, seria seu por gravidade. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, numa agenda com seu candidato, chegou a dizer que alguns pastores tinham preço, e não valores.

Após fechar a aliança com as lideranças, Paes passou a tentar esvaziar a carga ideológica do apoio dos fiéis. Passou a indicar que a preferência entre os cristãos se devia à aprovação de seu governo (em 46% no último levantamento) e aos serviços públicos da cidade.

Uma das grandes preocupações do prefeito era reduzir ao máximo a associação de sua candidatura a Lula e à esquerda. O presidente não teve qualquer agenda de campanha na cidade e, quando mencionava o aliado, Paes sempre ressaltava que as parcerias ocorriam apesar de divergências.

Ramagem seguiu o caminho inverso: apostou alto na nacionalização da campanha e na associação com Bolsonaro. Passou a explorar nas peças de propaganda a aliança em Paes e Lula, bem como resgatou as antigas citações ao prefeito em delações na Operação Lava Jato.

A estratégia deu resultado, mas encontra dificuldades em gerar um segundo turno por uma decisão inicial: a pulverização de candidaturas. Enquanto aumentava sua intenção de voto, Ramagem não viu outros postulantes o ajudarem na desidratação de Paes. Amorim e Queiroz oficializaram a participação nas eleições com esse objetivo após aval do PL.

Paes passou a se beneficiar também da campanha pelo voto útil feita por aliados de esquerda, como o ex-deputado Marcelo Freixo (PT). A ofensiva desidratou Tarcísio, minando outro adversário que poderia, involuntariamente, auxiliar Ramagem a levar a disputa ao segundo turno.

Como última cartada, Ramagem passou três dias ao lado de Bolsonaro. Foi à avenida Brasil acenar para motoristas, comeu pastel em feira e participou de lives ao lado do padrinho. As agendas, não divulgadas à imprensa, tinha como objetivo ampliar a associação de sua imagem à do ex-presidente.

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