Páscoa e juros influenciam compras no varejo: “Perspectiva ainda é de desaceleração”

Uma image de notas de 20 reais
Vendas de artigos médicos e farmacêuticos crescem 3,2% no ano e 5,7% em 12 meses
(Zanone Fraissat/Folhapress)
  • Segundo o IBGE, vendas variaram -0,4% de março para abril, resultado considerado de estabilidade. Sobre 2024, alta de 4,8%
  • Para economista da ACSP, juros já afetam setor de bens duráveis. Mas emprego e renda sustentam varejo restrito
Por Vitor Nuzzi Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

[AGÊNCIA DC NEWS]. As vendas no varejo recuaram 0,4% de março a abril, resultado que o IBGE considera estabilidade. Na comparação com abril do ano passado, há alta de 4,8%. Segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada na quinta-feira (12), as vendas sobem 2,1% no ano e 3,4% em 12 meses. Para o economista Ulisses Ruiz de Gamboa, do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV-ACSP), a pesquisa mostra, por um lado, a influência positiva da Páscoa, que neste ano caiu em abril (a de 2024 foi em março). Por outro, o impacto negativo dos juros, principalmente no consumo de bens duráveis. “A perspectiva continua sendo de desaceleração”, afirmou.

Ele comenta que enquanto a variação mostra praticamente estabilidade, o crescimento sobre abril de 2024 superou as expectativas. As vendas em hiper e supermercados, que incluem produtos alimentícios, por exemplo, subiram 6,4%. Mais uma vez, Ruiz de Gamboa aponta a influência da Páscoa. De março para abril, o mesmo grupo teve retração (-0,8%). Das oito atividades pesquisadas pelo IBGE, quatro tiveram variação positiva e quatro, negativa. Na comparação com abril do ano passado, cinco atividades tiveram alta. Além de hiper/supermercados, destaque para tecidos, vestuário & calçados (+7,8%) e artigos médicos e farmacêuticos (+1,9%). Entre as três quedas, combustíveis&lubrificantes registrou -1,9%.

No varejo ampliado, o economista do IEGV-ACSP destaca as quedas de 7,1% em veículos&peças e de 2,7% em material de construção. “A gente já pode ver no consumo de bens duráveis o efeito negativo dos juros”, afirmou Ruiz de Gamboa. “Esse efeito ainda não é tão claro no varejo [restrito], porque emprego e renda ainda estão crescendo.”

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De acordo com o gerente da PMC, Cristiano Santos, a estabilidade no mês se deve, basicamente, aos resultados de março, quando o índice da pesquisa atingiu o maior nível da série histórica, iniciada em janeiro de 2000. “Está havendo uma desaceleração, após três meses de crescimento”, disse. “Existe o efeito base, pois o patamar anterior foi recorde. É muito mais difícil subir.”

O gerente da pesquisa lembrou que o setor que inclui hiper e supermercados representa mais da metade do índice. E teve alta nos primeiros meses de 2025, o que eleva a base de comparação. “O comércio é muito focado nos orçamentos familiares”, disse Cristiano. “A família precisa distribuir seu orçamento entre comércio, serviços, talvez uma poupança ou pagar uma dívida.” Neste momento, acrescentou, existe o que chamou de fator inflacionário. “Mesmo com a queda na inflação em geral, houve aumento na inflação dos alimentos”, disse. “E isso vai se refletir diretamente no setor de hiper e supermercados.” O IPCA de abril foi de 0,43%, enquanto o grupo Alimentação&Bebidas subiu 0,82%. No mês passado, ambos desaceleraram (0,26% e 0,17%, respectivamente). Mas a alta dos alimentos em 12 meses (7,33%) ainda supera o da inflação total (5,32%).

Também no acumulado em 12 meses, segundo os dados da PMC-IBGE, prevalecem os resultados positivos. Inclusive no varejo ampliado, com alta de 7,6% em veículos&peças e 5,2% em material de construção. No restrito, as vendas de móveis&eletrodomésticos sobem 5% e as de artigos médicos&farmacêuticos, 5,7%. Em tecidos&vestuário, crescimento de de 4,6%. Entre as quedas, combustíveis&lubrificantes (-1,1%). Em 2024, as vendas no varejo cresceram 4,1%, ante 1,7% no ano anterior.

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