[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
A rede de salões de beleza Cubo completou 13 anos de existência no último dia dois de outubro, sendo uma das propostas de estética alternativa na capital paulista. Como negócio, o Cubo promete mais que um corte de cabelo “alternativo”. Com três unidades fundadas e administradas por Jonathas Diniz, a marca deve faturar acima dos R$ 6 milhões em 2025, alta de 50% em relação a 2024 e acima da média de crescimento anual, que fica entre 15% e 20%. Segundo Diniz, os números são reflexo da estratégia para reter mão de obra e dos planos de expansão geográfica. Para o empresário, a pluralidade de São Paulo fez o Cubo “dar tão certo” na cidade, e agora mira em novos horizontes. “Começamos a flertar com o Rio de Janeiro e queremos entrar oficialmente no mercado de educação com um viés social”, afirmou.
Fundada em Porto Alegre (RS) por Diniz e o ex-sócio Artur Lopes, a primeira unidade do Cubo nasceu com o intuito de subverter o conceito de salão. “Ninguém se sente realmente à vontade em um salão tradicional”, disse o cabeleireiro. A ideia era criar um espaço mais acolhedor para clientes e colaboradores, sem a pressão da fidelidade com um profissional específico e que fosse um local para compartilhar ideias. A proposta foi um sucesso, segundo o empresário e, em 2017, os sócios ensaiaram a primeira expansão, para São Paulo.
Na garagem de uma amiga, começaram a atender a uma demanda da indústria criativa paulistana, insatisfeita com a qualidade e os preços elevados do mercado tradicional. A unidade da Santa Cecília foi aberta em 2019. A unidade porto-alegrense, apesar de ter sido o pontapé inicial, é a menor tanto em espaço quanto faturamento. Entre os atuais três endereços do Cubo, o que mais fatura é também o mais recente, na Vila Madalena, Zona Oeste. “É maior, atende um público menos nichado e é a única que também oferece maquiagem além de corte e tintura”, afirmou Diniz. Agora, no mesmo modelo da expansão para São Paulo, o empresário começou a organizar visitas ocasionais ao Rio de Janeiro para formar clientela.
Ao todo, a rede emprega 51 profissionais, em um fluxo de aprendizagem que transforma assistentes em cabeleireiros profissionais. “Sempre formamos a maioria dos profissionais para o nosso time e para fora também. Virou um diferencial”, disse Diniz. O Cubo foge à regra da realidade do setor de serviços, que desde a pandemia queixa da falta de mão de obra qualificada. O estudo mais recente da Associação Brasileira dos Salões de Beleza (ABSB) sobre o assunto, datado de 2022, apontou que 44% dos salões não conseguiram recompor completamente as equipes após a pandemia, e os reflexos ainda são sentidos no ramo.
Nesse quesito, o negócio de Diniz nada contra a maré, com crescimento impulsionado pela constante profissionalização dos próprios funcionários. “Quanto mais assistente se formando como cabeleireiro, mais estações de trabalho precisamos abrir”, afirmou. Ele ressalta que não se trata de um curso formal, mas que esse aspecto do negócio inspirou os planos de criar uma vertical com viés social, ainda sem perspectiva de sair do papel. O plano é abrir uma escola voltada para comunidades carentes para a profissionalização de mulheres privadas de liberdade. “Já estamos atrás de marcas para patrocinar essa empreitada”, disse.
Mesmo com os números positivos de crescimento, um dos planos de expansão não saiu como planejado. Além de formar novos cabeleireiros profissionais, a ideia era que o passo seguinte fosse o empreendedorismo. “Queríamos que cada cabeleireiro abrisse a própria unidade”, disse. “Mas parece que as pessoas estão mais cansadas, não querem mais problema do que o necessário.” Na visão dele, essa tendência também se relaciona com a principal deficiência do setor no Brasil: a falta de regulamentação dos profissionais e dos salões de beleza. Para ele, uma das consequências do problema é a falta de cursos de qualidade e de profissionais devidamente capacitados. “Hoje não existe nenhum curso profissionalizante realmente bom no país, que te ensina a pegar na tesoura do zero”, afirmou o empresário.
ALTERNATIVO – O Cubo não é uma marca de beleza comum, tanto nos espaços dos salões quanto nos princípios. Quando está na unidade da Santa Cecília, Diniz repara que o salão atrai olhares curiosos. Para os passantes na região central, o vidro fumê deixa visíveis os balcões coletivos e a estética minimalista e industrial. “Não temos cara de salão. Preferimos focar na qualidade, como os lavatórios com massagem. São coisas que as pessoas notam”, afirmou. Outro diferencial ante os salões comuns é fornecer todos os materiais e produtos aos profissionais, igualando o atendimento e garantindo um padrão de qualidade para todos os clientes. Mas, para o empresário, o que realmente distingue o Cubo são os princípios. “Buscamos fugir dessa beleza imposta e valorizar a beleza natural”, disse. “Nossas redes não têm um monte de loira, essa opressão ao feminino, visagismo. São coisas que a gente não acredita.” Devido ao posicionamento de fugir do padrão estético, o empresário nota que o crescimento ficou mais lento.
Diniz avalia positivamente o momento do negócio, mas afirma sentir os impactos da crise econômica. “Por muito tempo existiu essa visão de que o mundo externo não afeta esse mercado”, disse. O empresário cita o chamado “Efeito batom”, que descreve o crescimento de setores como de beleza em momentos de crise econômica, que se colocam como luxos acessíveis às pessoas comuns. O termo foi cunhado pelo empresário Leonard Lauder, da Estée Lauder Companies, em 2008. Segundo ele, mesmo com a economia americana fragilizada após os ataques de 11 de setembro em 2001, a empresa notou uma alta na procura por batons. Apesar disso, Diniz afirma que o movimento caiu este ano. “Quando as pessoas estão assustadas, beleza sai do primeiro plano.” Mesmo assim, ele vê um futuro promissor e já está colocando os próximos passos em prática. Gradualmente, o gaúcho vai soltando as rédeas da primeira unidade, que hoje está nas mãos da sócia Silvia Schutz, e se concentrando no futuro. “Existem outros lugares do Brasil para onde queremos ir.”