Nos últimos 12 meses, as ações da Nestlé na Bolsa de Valores da Suíça (país de origem da companhia) registraram uma queda de 14,1%. No mesmo período, o principal índice do mercado suíço subiu 13,1% e concorrentes da empresa – como Unilever e Danone – também tiveram alta. Para completar a crise, no final de julho a companhia divulgou o resultado do ano passado, que registrou queda de 1,5% em sua receita bruta – caiu de US$ 107,1 bilhões para US$ 105,5 bilhões. Pode parecer uma queda pequena, mas analistas avaliaram os números como “decepcionantes”. E o comando da Nestlé deu uma eloquente demonstração de que concorda.
Na quinta-feira (22), a companhia demitiu o seu CEO global, o alemão Mark Schneider, 58 anos. A notícia foi divulgada na própria quinta-feira, em comunicado oficial da empresa. No texto, a Nestlé diz que Schneider “decidiu renunciar aos cargos de CEO e de membro no Conselho de Administração.” O mercado não recebeu a novidade com bons olhos. Poucas horas após o anúncio, as ações da companhia caíam 4% na bolsa suíça. O cargo de Schneider será ocupado pelo francês Laurent Freixe, 62 anos, que assume de vez no dia 1º de setembro.
Ele é um executivo bastante longevo na Nestlé, cujo valor de mercado é de US$ 275 bilhões. Freixe entrou na empresa em 1986 – há 38 anos, portanto – e já desempenhou funções estratégicas, como a de diretor da Divisão Europeia e a de CEO na América Latina, que ocupava até ser nomeado para ser o chefe mundial da companhia. Como CEO na América Latina, Freixe tinha sob seu guarda-chuva a operação da Nestlé no Brasil. Em sua primeira declaração após ser promovido, ele disse que priorizaria “o crescimento orgânico, em vez de aquisições”.
PROBLEMAS – O novo CEO global também ressaltou a importância de investir nas marcas e plataformas de crescimento da empresa, com o objetivo de ampliar a participação de mercado. Antes, porém, terá de enfrentar problemas sérios pelos quais a empresa passou recentemente, como falhas na cadeia de abastecimento e um processo de investigação sobre o emprego de técnicas ilegais de purificação da água mineral vendida pela marca. “Haverá sempre desafios, mas acredito que podemos posicionar estrategicamente a Nestlé para liderar em todas as geografias em que operamos.”, afirmou Freixe.