O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, esteve na Associação Comercial de São Paulo na manhã desta terça-feira, 19 de novembro, para o primeiro seminário realizado pela Agência DC NEWS. O presidente da Associação Comercial, Roberto Mateus Ordine abriu o evento, seguido do deputado federal Danilo Forte, do União Brasil (CE), e depois do editor-chefe da DC NEWS, Edson Rossi. No evento Economia: Cenários & Tendências para 2025, Campos Neto explanou sobre a economia do Brasil e do mundo. Sobre o Brasil, afirmou que é preciso dar um choque positivo ao mercado em relação aos gastos públicos. “A gente reconhece que o ministro Fernando Haddad tem feito um esforço enorme, mas precisa sair o corte.”
O presidente do BC disse também que há um cenário desafiador globalmente quando o assunto é inflação. E que há uma desancoragem vista não só por economistas da Faria Lima, mas que a percepção inflacionária é geral. “Não são só os economistas da Faria Lima que enxergam isso, mas os agentes do mundo real têm esta percepção, a percepção de que a inflação é pior”. Campos Neto também falou do crescimento do país, que está acima do que ele esperava, e que isso estaria atrelado ao impulso fiscal. Mas ele discorda. “Discordo de que o crescimento está atrelado somente ao impulso fiscal.” Tem um fator que é estrutural, relacionado a reformas, a desburocratização para empresas, por exemplo, segundo ele. “E tem muita gente que tem subido a expectativa de crescimento.”
Outro tema citado foi o mercado de trabalho, cuja taxa de desemprego está em 6,4,% no Brasil, a segunda menor da série histórica, iniciada em 2012, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na opinião de Campos Neto, o índice não é só efeito da economia aquecida, mas de reformas como a trabalhista. “A reforma trabalhista está ligada ao índice de desemprego e também tem o fator informalidade”, disse. Ainda no tema emprego, ele opinou sobre o fim da jornada seis dias de trabalho para um dia de descanso (6×1), que vem sendo debatida no meio político depois que a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) encampou um movimento na Câmara dos Deputados em busca de assinaturas para protocolar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com esse tipo de jornada. “Isso vai aumentar a informalidade. Não é uma medida positiva e deve prejudicar o trabalhador”, afirmou.
EXTERNO
Do lado externo, ele fez uma análise geral do mundo, fatores China e Estados Unidos, que a partir de 20 de janeiro de 2025 terá Donald Trump como presidente. “A China passa por uma transformação na economia”, disse. A mudança no modelo econômico é diminuir parte de imóveis e aumentar tecnologia muito ligada à eletrificação. E há um investimento abaixo da linha de tendência, na análise do BC. “Além disso, a população está envelhecendo rápido e a taxa de natalidade cai.” O presidente do BC ainda pergunta: “será que o crescimento da China será mais baixo?” Quanto aos EUA, Campos Neto considera que tanto direita quanto esquerda tem adotado uma política expansionista. E há incertezas quanto à política de imigração e a inflação americana. São esperadas mais medidas protecionistas e contra imigrantes, com deportação em grande escala. “Isso expandiria a inflação americana, porque teria um efeito de falta de mão-de-obra”, disse. A saída, para Campos Neto, seria “se o mundo ficasse mais produtivo.”
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