Ingrid Devisate, IFB: "Food Service cresce pelo tíquete médio. Cliente compra menos e paga mais"

  • Apesar do aumento nominal de faturamento para R$ 221 bilhões, o food service perdeu 400 milhões de visitas em 2024, reflexo de inflação
  • Tíquete médio sustenta setor, mas de forma não sustentável; desafio central é recuperar frequência enquanto mão de obra segue escassa
Por Bruna Lencioni | Letícia Cassiano

[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
O setor de food service brasileiro atravessa um momento desafiador – um misto de componentes como inflação e falta de mão de obra. Ambos têm forte impacto no segmento, que abarca indústria e varejo, fornecedores de produtos, equipamentos, embalagens, operadores logísticos entre outros ligados à alimentação fora do lar. A análise é do Instituto Foodservice Brasil (IFB), que representa 173 mil estabelecimentos, 405 mil colaboradores, uma média de 184 milhões de consumidores por mês e R$ 108 bilhões em faturamento (médio), mas mapeia 2 milhões de CNPJs em seus estudos. A vice-presidente do IFB, Ingrid Devisate, disse que há uma contradição entre os números e a realidade.

Preços de alimentos e insumos aumentaram por consequência da inflação (que agora dá sinais de retorno ao teto da meta (4,5%)), e repercutiram nos dados gerais. “Estamos vivendo um paradoxo. O setor cresce sustentado pelo ticket médio. Cliente consome menos e paga mais”, disse em entrevista ao videocast da Agência DC NEWs, o DC NEWS TALKS. Um dos principais indicadores para o IFB é o tráfego de consumidores em plataformas digitais e no local de compra. No ano passado, foram 11 bilhões de tráfego registrados, 400 milhões a menos do que o ano anterior. Apesar disso, o número “representa um dado histórico”. Mostra retomada a patamares pré-pandemia, segundo ela. Foram R$ 221 bilhões em faturamento contra R$ 217,6 bilhões em 2023, alta de 1,56%.

A tendência segue em 2025. Publicada em novembro, a pesquisa CREST IFB do terceiro trimestre mostrou alta em gasto (2%) e em tíquete médio (7%) e queda no tráfego (5%) na comparação com o mesmo trimeste do ano passado. “As pessoas têm menos dinheiro para consumir.” Trazer frequência é o principal desafio, segundo Ingrid. “O empresário precisa fazer o malabarismo para não repassar preço, o que muitas vezes não dá”. O IFB orienta quem está à frentes dos negócios a repensar, focar no backoffice e em reter os clientes. “Eles têm de rever todos os produtos, menu, categoria, negociar com fornecedores”, afirmou Ingrid. “Avaliar desperdício e usar a tecnologia. Melhorar eficiência.” Melhorar qualidade e criar novas categorias de produtos são igualmente indispensáveis, segundo a vice-presidente.

MÃO DE OBRA – A falta de mão de obra, dor compartilhada por todos os segmentos do varejo nos últimos anos, é pauta do dia, e ganhou atenção especial do IFB. Para tentar remediar o problema, a entidade desenvolveu uma plataforma, ainda em período de testes, para conectar empresas e profissionais. “A ideia é criar um elo, apoiar esse mercado de forma mais nichada”, disse Ingrid. Confira a entrevista.

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