Mapa das Livrarias de Rua começa a circular em São Paulo: 37 locais (e 1,3 milhão de seguidores) para "conectar leitores"

Uma image de notas de 20 reais
Livreiros se reúnem desde 2023 para discutir desafios comuns e políticas para o setor
(Evandro Leal/Folhapress)
  • Guia com pontos de venda espalhados pela cidade será distribuído a partir do próximo dia 24 e é um movimento de defesa do empreendedor
  • Objetivo , segundo os organizadores, é também dar ao consumidor uma visão ampla das muitas livrarias independentes que a cidade concentra
Por Vitor Nuzzi

[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
A partir desta segunda-feira (24), começa a ser distribuído na cidade de São Paulo o Mapa das Livrarias de Rua, iniciativa de 37 estabelecimentos, de portes variados, para chamar a atenção de leitores, moradores ou não, para esses pontos de venda. Entre os objetivos, está promover essas livrarias “como espaços fundamentais para o debate cultural e a preservação da bibliodiversidade, incentivar o turismo literário e conectar leitores”. Mais de 30 editoras e distribuidoras apoiam a iniciativa. O guia terá versão online e impressa (com tiragem inicial de 40 mil exemplares), com desenhos da ilustradora Isadora Ferraz e projeto do artista gráfico e DJ MZK. Segundo os organizadores, é também um movimento em defesa dos empreendedores culturais diante das plataformas digitais e também das feiras literárias. Essas livrarias também reivindicam políticas públicas, especificamente por meio da aprovação de um projeto de lei em tramitação no Congresso.

Somadas, as 37 participantes do projeto tem 1,3 milhão de seguidores no Instagram. Três livrarias (da Travessa, da Vila e Martins Fontes) concentram 545 mil. A maioria é especializada: infantojuvenil, arte gráfica, imigração, HQ, ensino, cultura pop, futebol, arquitetura&urbanismo, queer, design, arte, mangás. É um diferencial da atividade, segundo as educadoras Julia Souto e Tereza Grimaldi, sócias da Livraria Miúda, voltada ao público infantil, aberta há quatro anos. “A retomada das livrarias de rua, em São Paulo, trouxe também o surgimento de muitas livrarias de nicho, com curadoria especializada”, afirmaram.

A ideia do mapa começou a nascer em 2023, quando várias livrarias de rua começaram a se reunir. “Para compartilhar desafios e pensar ações que possam fortalecer seus espaços e o ecossistema do livro como um todo”, afirmaram Julia e Tereza. No ano passado, editoras pequenas e independentes se juntaram ao grupo. “Elas compreendiam os desafios e dificuldades das livrarias de rua, especialmente com as feiras de descontos.” Dessas conversas surgiu a Festa do Livro das Livrarias de Rua, realizada simultaneamente à Feira do Livro da USP, em novembro do ano passado. “A ideia era mostrar que nas livrarias também há desconto, mas de forma equilibrada”, disseram. “E que nesses espaços há experiências culturais, conversas e lançamentos.”

Escolhas do Editor

Nas feiras, afirmam Julia e Tereza, “os livros são oferecidos com descontos agressivos e, muitas vezes, superiores aos que as editoras oferecem às livrarias”. Isso, segundo elas, provoca “impacto considerável” para as livrarias de rua. No caso das plataformas, elas afirmam que há “concorrência desleal” em relação aos preços. “Elas vendem por um valor menor que o preço de capa, estabelecido pelas editoras. Os livros acabam sendo chamariz para outros produtos.”

O segmento acompanha a tramitação do Projeto de Lei do Senado (PLS) 49/2015, batizado de Lei Cortez, referência a José Xavier Cortez, fundador da editora que leva o seu sobrenome. Ele morreu em 2021, aos 84 anos. De autoria da então senadora Fátima Bezerra, atual governadora do Rio Grande do Norte, o projeto cria uma política nacional de preços e limita em até 10% o desconto no ano de lançamento. Em outubro do ano passado, o PLS foi aprovado na Comissão de Educação e Cultura (CE) do Senado e seguiria para a Câmara, mas houve pedido para votação em plenário, o que ainda não aconteceu. “A lei preserva e fomenta a existência de livrarias, especialmente as pequenas e de rua”, disseram as sócias da Miúda. “Além disso, regulamenta o mercado e equilibra todo o ecossistema do livro.”

Das 37 livrarias que entraram no projeto – algumas não quiseram participar, pelo menos inicialmente –, perto de metade (17) está na região central (confira a lista abaixo). Reflexo da revitalização da área ou parte desse processo? As duas coisas, comentam Julia e Tereza. “A revitalização do Centro fomenta o surgimento de diversos tipos de espaços, iniciativas e movimentos”, afirmaram. “Ao mesmo tempo, a presença das livrarias de rua mobiliza a cena cultural do entorno, e suas ações se estendem à comunidade.” A elaboração do Mapa se desdobrará em outras atividades: “Temos muitas ideias”.

A Banca de Livros, Arte e Cultura
Higienópolis

Aigo Livros
Bom Retiro

Banca Stardust
Vila Buarque

Banca Tatuí
Vila Buarque

Bibla
Vila Madalena

Casa Cosmos
Vila Madalena

Cidade de Papel
Vila Madalena

Entretempo
Vila Pirajussara (Butantã)

Espaço Sophia
Jardim Anália Franco

Faz de Conta Livraria
Bela Vista

La Librería
Campos Elíseos

Livraria Bandolim
Santa Cecília

Livraria Barrilete
Bela Vista

Livraria Cabeceira
Vila Romana

Livraria Caraíbas
Perdizes

Livraria Casa de Livros
Chácara Santo Antônio

Livraria da Tarde
Pinheiros

Livraria da Travessa
Pinheiros

Livraria da Vila
Vila Madalena

Livraria das Perdizes
Perdizes

Livraria Diálogos
Chácara Santo Antônio

Livraria Eiffel
República

Livraria Gato sem Rabo
Vila Buarque

Livraria Gráfica
Santa Cecília

Livraria Martins Fontes
Paulista e Consolação

Livraria Megafauna
República

Livraria Miúda
Pompeia

Livraria NoveSete
Vila Mariana

Livraria Ponta de Lança
Vila Buarque

Livraria Simples
Bela Vista

Livraria Tutear
Vila Leopoldina

Lovely House
República

Mundos Infinitos
Vila Clementino

PanaPaná Livraria Infantil
Vila Clementino

Selecta Livros
Mooca

Tapera Taperá
República

Tolc
Perdizes

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