Luiz França, da Abrainc: “Os juros e a inflação não foram capazes de frear um setor como o nosso”

Uma image de notas de 20 reais
Presidente da Abrainc ressaltou a importância do fim do saque aniversário do FGTS
(Divulgação/Abrainc)
  • Presidente da Abrainc relata "briga" com Gabriel Gaípolo, presidente do BC, pelo fim do saque aniversário do FGTS e aumento do crédito
  • Ministro das Cidades, Jader Filho, afirmou que metade dos lançamentos imobiliários em 2024 foram do Minha Casa Minha Vida
Por Anna Scudeller Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

[AGÊNCIA DC NEWS]. Os juros impõem novos desafios à construção civil, mas não são capazes de impedir o crescimento do setor. Ao menos é o que o SUMMIT da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) reforçou. Realizado nesta quarta-feira (28), no Hotel Renaissance, em São Paulo, a edição de 2025 do evento reuniu 500 pessoas. “Os juros e a inflação não foram capazes de frear um setor como o nosso”, disse Luiz França, presidente da Abrainc, que tem 84 incorporadoras associadas. O executivo também destacou a ampliação do Minha Casa Minha Vida, que alcançou mais de 8,5 milhões de unidades contratadas, e agora tem a nova faixa 4 para a classe média. O ministro das Cidades, Jader Filho, reforçou o momento: “Estamos revolucionando o programa”.

Os números do programa habitacional comprovam isso. O Minha Casa Minha Vida representou em média 50% de todos os lançamentos imobiliários em 2024, e R$ 204 bilhões foram financiados entre 2023 e 2025. O ministro e o presidente da Abrainc destacaram o papel do FGTS como principal linha de crédito financeiro do projeto. Neste ano, o MCMV recebeu reserva do Orçamento na ordem dos R$ 127 bilhões e, segundo Jader Filho, garantiu “a menor taxa de juros da história”, de 4% ao ano. França, por sua vez, afirmou travar uma “briga” frequente com Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, pelo fim do saque aniversário do FGTS e também o aumento do crédito para o setor.

Uma das participações mais esperadas do SUMMIT era a do Secretário Extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy. O economista, porém, não compareceu ao evento, sendo substituído pela colaboradora da Secretaria da Reforma Tributária, Melina Rocha, que participou de forma online diretamente do Canadá. “Esse foi o setor com quem mais tivemos diálogo”, afirmou. Durante o painel mediado pelo advogado tributarista Rodrigo Dias, Melina destacou que a reforma será favorável ao setor pela eliminação de resíduos tributários e que ela permitiria que as construtoras optassem pela melhor forma de construção independente da carga tributária.

Escolhas do Editor

Rodrigo Osmo, CEO da Tenda, afirmou que o grande impacto da reforma está na neutralidade tributária, e que o ganho de produtividade compensaria a maior complexidade com o IVA. Apesar do tom esperançoso do empresário e da consultora internacional, não são todos os construtores que estão contentes. Diego Villar, CEO da Moura Dubeux, por exemplo, diz que essa lógica não tem lastro no momento atual, em que as famílias não conseguem financiar um ímovel devido a alta de juros – com novas cargas tributárias, o valor seria repassado para o cliente final, mesmo com uma possível alta de produtividade. “Estamos pagando mais impostos que a média dos setores”, disse. O CEO da Saber Fazer Marketing & Negócios, Eli Gonçalves, foi mais pessimista. “Tenho convicção de que isso [Reforma Tributária] não é para diminuir nossa carga tributária, e sim aumentar a arrecadação da Receita Federal.”

DESTAQUES – Outro foco do evento foi a automação e uso da inteligência artificial na construção civil. Foi destacada a importância em entender as demandas dos clientes e, Francis Navarro, diretor de tecnologia e inovação da BRZ Empreendimentos, contou como a empresa desenvolveu um modelo próprio de IA para mapear e customizar a relação com o cliente. Lucas Freitas, head de ofertas do segmento de construção da Totvs reforçou que o básico precisa ser bem-feito, mas que o “básico” tem outras características hoje, visto que a “régua” subiu nos últimos anos.

Também esteve presente no encontro o secretário do Verde e Meio Ambiente da cidade de São Paulo, Rodrigo Ashiuchi, que destacou o papel da entidade na parceria para a transparência das construções. Recentemente, a secretaria e a Abrainc firmaram a obrigatoriedade de ter, em todas as obras de empresas associadas, uma placa informativa com os efeitos daquela obra no meio ambiente, assim como medidas tomadas para evitar outros efeitos negativos. Com Ashiuchi, outra figura da prefeitura esteve presente. Julia Maria Jereissati, secretária adjunta municipal de Urbanismo e Licenciamento. Segundo ela, os projetos na região central, como os retrofits e a futura implementação de VLT conectando o Centro Histórico e o Centro Comercial, assim como a reforma do Parque D. Pedro, estão no topo das prioridades da Pasta. “Boa parte dos nossos investimentos estão no Centro”, disse.

Durante o período da tarde, o público foi dividido em salas temáticas conforme o interesse dos participantes. Entre os temas abordados estavam sustentabilidade, trabalho e gênero na construção civil, impactos das questões climáticas nas cidades e construção sustentável na prática. O SUMMIT tem apoio da Caixa e do governo federal, empresas do ramo e da tecnologia, como a Totvs – o diretor do segmento de Supermercados da líder em sistemas e plataformas para empresas, João Alberto Giaccomassi, foi entrevistado pela Agência de Notícias DC NEWS – e a Superlógica. Entre outros patrocinadores, estavam representantes do setor financeiro, como a B3 e a Nucléa.

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