SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A indicação de Gabriel Galípolo à presidência do BC (Banco Central), confirmada nesta quarta-feira (28) pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), tem sido vista com bons olhos pelo mercado.
De acordo com analistas ouvidos pela reportagem, o atual diretor de Política Monetária da autarquia é um nome classificado como técnico, que pode garantir a credibilidade e a independência do BC.
“Ele já foi bastante divulgado, circulado e testado pelos meios políticos, empresariais e de mercado, e está no governo desde a equipe de transição. Ele tem uma interlocução muito boa e fluída com diversos setores da economia e teve um papel importante no arcabouço fiscal, quando ainda estava na Fazenda”, diz Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos.
A análise é de que Galípolo era o nome mais natural para a indicação ao cargo de Roberto Campos Neto, que deixa a autarquia ao término deste ano.
Para o mercado, ele tem sido visto como um diretor técnico, por vezes até contrário às sinalizações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que é um crítico vocal do atual chefe do BC e do patamar da taxa básica de juros Selic em 10,50% ao ano.
O desafio, porém, será comprovar para os agentes financeiros que o distanciamento se manterá à frente do cargo.
Na visão de André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, plataforma de transferências internacionais, a régua para Galípolo não será a mesma de Campos Neto.
“Vão sempre esperar um pouco mais dele, porque ele é o indicado do governo. O que ele deve fazer é repetir o que já tem feito: mostrar para o mercado que ele é diretor do Banco Central, e não um instrumento do governo dentro da autoridade monetária”, afirma, acrescentando que ele terá de manter a serenidade e a moderação de tom para reforçar a postura de autonomia.
Em relação a Campos Neto, os especialistas avaliam que não existem grandes divergências entre os dois nas decisões internas do Copom (Comitê de Política Monetária). “Mas espera-se do Galípolo mais sabedoria política e que ele não cometa os mesmos erros de Campos Neto, que já deixou explícita a opinião política em algumas circunstâncias”, diz Galhardo.
“De Galípolo, será cobrada a postura de neutralidade.”