Pesquisa: brasileiros dão menos importância ao ESG nas compras, mas mantêm expectativas em relação às empresas

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O estudo aponta que muitas marcas usaram ESG apenas como uma ferramenta de marketing
Crédito: Freepik
  • O score de impacto ESG caiu de 50% em 2023 para 43% em 2024 (redução de 14%)
  • “Em momentos de aperto financeiro, as pessoas tendem a priorizar preço em detrimento de sustentabilidade”, afirmou a sócia-fundadora da Mosaiclab 
Por Bruna Galati

Os consumidores brasileiros estão dando menos importância aos critérios ESG (Ambiental, Social e Governança) na hora de fazer suas compras. É o que aponta o estudo Impacto do ESG no Varejo 2024, realizado pela Mosaiclab, empresa de inteligência de mercado da Gouvêa Ecosystem. Apresentado na terça-feira (17) durante o Latam Retail Show, em São Paulo, o levantamento revelou que, embora 88% dos consumidores ainda considerem o tema importante, o porcentual de pessoas preocupadas com questões ESG no momento da compra caiu de 50% em 2023 para 43% este ano (redução de 14%). O estudo foi realizado este mês e ouviu 1,8 mil pessoas, das classes ABC e acima de 18 anos.

Os três pilares que compõem o ESG também apresentaram quedas. O componente ambiental foi de 46% para 40% (-15%), o social recuou de 50% para 42% (-16%), e o de governança passou de 53% para 45% (-15%). Segundo Karen Cavalcanti, sócia-diretora da Mosaiclab, essa redução reflete o cenário econômico desafiador no Brasil. “Em momentos de aperto financeiro, as pessoas tendem a priorizar preço e conveniência, em detrimento de questões mais amplas, como a sustentabilidade”, afirmou Karen. 

Veja a variação no porcentual de consumidores preocupados com questões ESG na hora de escolher o local da compra

Por outro lado, as expectativas dos consumidores em relação às ações ESG das empresas continuam elevadas. As principais prioridades mencionadas pelos entrevistados em relação a ações que as empresas devem tomar – ou continuar desenvolvendo – são criação de oportunidades de emprego (47%), redução de resíduos e incentivo à reciclagem (46%), qualidade da água e combate ao desmatamento (45%) e redução das emissões de carbono (44%). Segundo a Mosaiclab, o cenário econômico pós-pandemia contribuiu para a redução nos investimentos ESG pelas empresas, o que foi percebido pelos consumidores.

DESCONFIANÇA — De acordo com a pesquisa, há um crescente ceticismo em relação às práticas ESG das companhias, com muitos consumidores desconfiando do chamado greenwashing – ações enganosas de empresas a respeito de suas práticas sócio-ambientais. No estudo, a Mosaiclab destacou que “muitas marcas usaram o ESG apenas como uma ferramenta de marketing, sem promover mudanças reais, o que criou uma desconfiança entre os consumidores”. O relatório também apontou estratégias para reverter esse cenário. Segundo a empresa, as companhias precisam redobrar seus esforços em torno do ESG, não apenas como uma estratégia de marketing, mas com ações reais e transparentes que conectem práticas sustentáveis a benefícios tangíveis.

Outro desafio significativo levantado pela pesquisa é a acessibilidade econômica. Produtos sustentáveis frequentemente têm preços mais altos, o que pode afastar os consumidores. “As empresas precisam encontrar maneiras de tornar as práticas sustentáveis financeiramente acessíveis para um público mais amplo”, afirmou a Mosaiclab. Por fim, há uma lacuna na educação e comunicação sobre o tema. Cerca de 41% dos consumidores ainda não sabem o que é ESG, o que, segundo a pesquisa, demonstra a necessidade de uma comunicação mais eficaz por parte das empresas. “As pessoas precisam entender que essas práticas podem impactar diretamente suas vidas”, disse Karen Cavalcanti.

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