Câmbio, inflação e emprego devem fazer com que o Copom acelere alta dos juros em 0,5 ponto, diz Itaú

Uma image de notas de 20 reais
Copom
Marcello Casal Jr./Agência Brasil
  • Ferramenta do banco para avaliar comunicados do BC, o Copômetro, diz que mensagens "possuem tons mais duros"
  • No último relatório Focus, do BC, projeção para o IPCA deste ano superou o teto da meta
Por Vitor Nuzzi

O Itaú avalia que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve aumentar o ritmo da alta de juros já na próxima rodada, na terça (5) e na quarta-feira (6) da próxima semana. Para o economista-chefe do banco, Mario Mesquita, a taxa Selic deve subir em meio ponto porcentual, de 10,75% para 11,25% ao ano. Em setembro, depois de manter a taxa estável duas vezes, o Copom elevou os juros em 0,25 ponto. Se confirmada a estimativa, a Selic voltará ao nível de fevereiro/março. O colegiado tem mais duas reuniões neste ano: além desta de novembro, em 10 e 11 de dezembro. Depois, só em 28 e 29 de janeiro de 2025.

“Diante de um cenário ainda desafiador, com taxa de câmbio em nível mais depreciado do que na reunião anterior, mercado de trabalho apertado, e núcleos de inflação e expectativas ainda acima da meta, as autoridades devem julgar apropriado este aumento do ritmo, avançando mais rapidamente em território contracionista”, disse Mesquita em relatório divulgado na sexta-feira (1). “Neste contexto, a avaliação de um balanço de riscos assimétrico para cima também deve ser mantida.”

As apostas em alta mais intensa da Selic aumentaram depois que a edição mais recente do relatório Focus, do Banco Central, trouxe estimativa de 4,55% para o IPCA de 2024. O percentual supera o teto da meta estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (4,5%, já considerado 1,5 ponto de tolerância para cima). Foi a quarta semana seguida de aumento, saindo de 4,37% para 4,55%. Com a inflação de 0,47% em setembro, o índice oficial acumulado em 12 meses chegou a 4,42%. O IBGE vai divulgar o IPCA e o INPC de outubro na próxima sexta-feira (8).

Escolhas do Editor

No documento do Itaú, o economista-chefe do banco destaca “um contexto de volatilidade elevada”. Cita a trajetória do câmbio em um contexto que inclui “reprecificação dos juros” e eleições nos Estados Unidos, marcadas para a próxima semana. Além de “ruídos” domésticos, relacionados à questão fiscal. Por isso, ele acredita que os integrantes do Copom “devem manter em aberto o ritmo dos eventuais ajustes futuros e magnitude total do ciclo, enfatizando, no entanto, o firme compromisso do comitê no processo de convergência da inflação à meta”.

Além disso, ele afirma que a ata do Copom, referente à reunião mais recente, mostra “coesão” do colegiado em relação ao início do ciclo de aperto monetário. O comitê também enfatizou que a meta de inflação (3% no centro) será integralmente cumprida, “indicando que não há tolerância para utilizar a banda de tolerância em torno desta meta (uma mensagem que foi reforçada por membros do comitê em eventos públicos posteriormente)”.

O banco utiliza um instrumento chamado Copômetro com o objetivo, segundo explica, de medir o grau de “restrição ou expansão implícita” nos comunicados do BC. “Aplicando a metodologia, que se baseia em pontuações atribuídas às comunicações relevantes do comitê, entendemos que as mensagens possuem tons mais duros, o que é compatível com a expectativa de aumento do ritmo de alta da taxa Selic.”


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