Marcos Nagano, 61 anos, passou metade da vida sem fortes vínculos com o empreendedorismo. Cursou faculdade de engenharia mecânica, passou em concurso público e chegou a atuar numa das maiores companhias elétricas do Brasil antes de seguir carreira em um banco privado. Por 10 anos, empenhou-se na função de analista de sistemas, até que, em 1996, aos 31, recebeu uma proposta vinda do amigo Rui Sasazawa, para montar uma pastelaria. Com um investimento inicial de R$ 100 mil, eles abriram a 10 Pastéis. O negócio deu certo. Muito mais do que eles poderiam imaginar. Hoje, a 10 Pastéis é uma franqueadora, com 66 unidades em 11 estados do país, mais o Distrito Federal, e faturamento anual de R$ 65 milhões.
Eles querem mais. Até o fim de 2025, Marcos Nagano e Rui Sasazawa planejam expandir a rede para 150 unidades e elevar o faturamento da empresa para R$ 115 milhões. “A expansão será focada principalmente em regiões nas quais ainda não temos forte presença, como o Nordeste e Centro-Oeste”, afirmou Nagano. “Nosso plano é chegar a 150 unidades. A meta é abrir de 15 a 20 novas operações por ano.” Ele lembra que, desde o começo, a pastelaria mostrava sinais de que seria um sucesso, com muitos clientes perguntando se os donos pensavam em abrir uma franquia.
Vendo o potencial de crescimento, Nagano decidiu estudar a fundo o conceito de franchising e, com seu sócio, montou um plano para transformar a pastelaria numa marca que se expandiu além do comércio tradicional de pastéis. A ideia inicial era criar um ambiente familiar, em que as mulheres e famílias se sentissem mais confortáveis em frequentar. “Na época (1996), o consumo de pastel estava muito associado a feiras e espaços informais, que não eram ambientes atrativos para o público feminino”, disse. “As mulheres buscavam ambientes mais limpos, seguros e organizados, algo que as pastelarias da época não ofereciam.”
A primeira unidade foi aberta em Curitiba. Em seguida, Santa Catarina foi o primeiro estado a receber uma filial fora do Paraná. Era o primeiro passo de um processo de expansão, cujo objetivo inicial era crescer em um raio de 400 km da unidade original. Ao longo do tempo, pedidos de outras regiões do Brasil surgiram, como uma loja no Acre, motivada pelo potencial de mercado não explorado no estado. Para abrir uma franquia da marca, é necessário um investimento mínimo de R$ 200 mil. Segundo Nagano, o franqueado leva 36 meses para ter o retorno desse investimento. A 10 pastéis cobra das franquias 5% em royalties e 2% em taxas de marketing, das campanhas promocionais e apoios diversos em ações e ativações realizadas pela companhia. “O faturamento médio mensal por unidade é de R$ 70 mil a R$ 90 mil”, afirmou o empresário.
EXPANSÃO – Hoje, a 10 Pastéis não impõe limites para novas aberturas, desde que haja franqueados qualificados para gerir as unidades. Nagano sempre enfatizou que o sucesso de sua rede depende dos franqueados e do suporte oferecido a eles. “Investimos muito no suporte e treinamento dos franqueados para garantir que eles se sintam preparados e apoiados”. A meta atual do plano de ampliação da rede é expandir de 66 para 150 unidades. “Selecionamos nossos franqueados com cuidado, com foco em garantir a empatia com a marca e com os valores da empresa”, disse. Um dos próximos destinos da marca é a capital paulista, mas ainda sem data definida. No estado de São Paulo, a rede já está presente em cidades do interior, como Campinas, Mogi Mirim e Santa Bárbara d’Oeste.
A expansão da marca tem sido cuidadosa, especialmente devido ao cenário econômico brasileiro. Nagano reconhece que, embora o mercado não esteja favorável, o franchising oferece uma alternativa para aqueles que buscam novas oportunidades em tempos de crise. “A alta da taxa Selic e o acesso restrito a crédito afetam diretamente o ritmo de crescimento da nossa empresa”, disse. “Mas continuamos avançando, de forma inteligente e com uma base sólida de franqueados”.
MARKETING – Para se diferenciar das pastelarias convencionais, a 10 Pastéis tem uma abordagem diferenciada na criação de produtos, nos moldes de grandes empresas como McDonald’s, com o lançamento de produtos temáticos e combos exclusivos para atrair novos públicos e aumentar a receita. São três funcionários dedicados ao desenvolvimento de novos produtos, que incluem sabores e combinações únicas, como massas de chocolate, bordas no pastel e pastéis veganos. Recentemente, a rede também apostou em tendências, como o pastel da Barbie. Lançado na mesma época do filme Barbie, tinha massa rosa e virou sucesso nas redes sociais, especialmente entre o público jovem.
Também está no cardápio o pastel assado, introduzido como uma alternativa à versão frita, atendendo à demanda por alimentos mais saudáveis. Com um plano de expansão consolidado para os próximos anos, a 10 pastéis quer se tornar uma das maiores pastelarias do Brasil e expandir, inclusive, para outros países. “Estamos estudando a expansão em países próximos, da América Latina”, afirmou Nagano. “Isso é algo que nos interessa bastante, mas requer uma abordagem estratégica. Estamos buscando entender as oportunidades e os desafios.”
