O varejo paulista deverá abrir 30 mil postos de trabalho formais no último trimestre do ano, segundo estimativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), divulgada nesta quinta-feira (7). Se a projeção for confirmada, o número de contratações – na maior parte temporárias – ficará 33,9% acima de igual período de 2023 (22,4 mil). E próximo dos números de 2022 (33,5 mil). “É um cenário que sinaliza um mercado de trabalho ainda mais aquecido no fim de 2024 em comparação ao ano anterior”, afirmou a Fecomercio. Pelo menos 20% desses empregos, ou 6 mil, podem ser efetivados a partir do início de 2025. A projeção tem como base o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
A entidade cita fatores como o pagamento do 13º salário, com impacto no orçamento doméstico, e as datas comemorativas do período: Black Friday, Natal e Réveillon. Segundo a federação, 75% dessas vagas – em torno de 22,5 mil – deverão ser abertas já em novembro. Isso porque neste mês já se inicia maior movimento no comércio devido à primeira parcela do 13º aos trabalhadores contratados no regime de CLT. “As funções mais requisitadas serão as de atendentes e vendedores, seguidas pelas de operadores de caixa, repositores de mercadorias e embaladores.” Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que em 2023 o pagamento do 13º no estado de São Paulo somou R$ 86 bilhões, 30% do total.
Além disso, segundo a Fecomercio, 40% dos empregos previstos estarão nos segmentos de vestuário/acessórios e de calçados/artigos de viagem, “que, sazonalmente, lideram a abertura de postos no último trimestre do ano”. Em seguida, vem o setor de produtos alimentícios, que inclui hiper e supermercados, com 35% do total. “Outros 25% devem ser gerados em atividades específicas também de gêneros alimentícios, como açougue, lojas de bebidas e hortifrútis, além de outros segmentos favoritos para a escolha de presentes, como as lojas de cosméticos e perfumarias e de aparelhos de uso doméstico.”
De janeiro a agosto, o varejo criou 19,2 mil vagas no estado, segundo dados do Caged citados pela federação. Número bem acima de igual período do ano passado (4,8 mil novos postos de trabalho). Segundo a Fecomercio, esse cenário positivo “é uma resposta do mercado laboral ao desempenho acima do esperado da economia brasileira, que tem pilar no consumo das famílias”. Assim, com aumento da massa de salários, avanço do crédito e políticas fiscais, “tanto as receitas do comércio varejista como a tendência dos estabelecimentos de contratar funcionários devem se manter em ascensão até o fim do ano, como ocorre sazonalmente”.
Já incluído o dado mais recente, relativo a setembro, o comércio varejista paulista abriu 24,2 mil empregos formais neste ano. O número é resultado de 930,7 mil contratatações e 906,5 mil demissões. O estoque do setor chega a pouco mais de 2 milhões de empregados com carteira, 68,6% do total no estado (2,9 milhões, incluindo comércio e reparação de veículos mais atacado).
Segundo Jaime Vasconcellos, assessor da FecomercioSP, a retração no número de admissões de 2022 para 2023 pode indicar menor confiança do empresário naquele período. O Índice de Contratação de Funcionários (IC), subindicador do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec, calculado pela federação) estava em 134,9 pontos em setembro de 2022, em uma escala de 0 a 200. Em igual mês de 2023, caiu para 119,4 pontos, voltando a crescer neste ano (122,6). “Em suma, nos parece que a menor expansão do mercado de trabalho do varejo paulista em 2023, para o último trimestre, é devido a uma perda de otimismo por parte dos empresários para aquele período, algo que foi recuperado parcialmente em 2024, como o próprio IC nos mostra.”