[AGÊNCIA DC NEWS]. Optar pelo veganismo é, como inúmeras coisas, uma escolha pela abnegação de vários hábitos e, consequentemente, avaliar como readequá-los ao novo estilo de vida. Para Marina Paixão, proprietária do café-queijaria Matuta na Vila Buarque, o pontapé de uma mudança ainda maior foi com queijos. Abandonou carreira no mundo da moda após se aprofundar em pautas de sustentabilidade, em que tomou a escolha de trabalhar em cafés e em restaurantes. “Essa mudança foi mais uma questão mesmo de sentir que estava encontrando meu propósito”, disse. “Sempre tive no fundo uma vontade de ter um espaço de café. E eu encontrei meu propósito junto às duas coisas”. Agora, com um investimento de R$ 35 mil, a empreendedora pretende abrir um empório para expor os queijos, feitos à base de castanhas, na cafeteria.
Marina começou aos poucos. Primeiro, trabalhou em cafeterias diversas para adquirir experiência. Depois, fez parcerias com alguns lugares para servir opções veganas de café da manhã aos sábados. Até que conquistou o espaço no número 281 da rua Doutor Cesário Mota Júnior que fatura R$ 30 mil mensalmente. O foco agora é atingir mais pessoas: parte do investimento do empório será destinado ao marketing do café, que soma 11,9 mil seguidores no Instagram.
Confira a entrevista.
AGÊNCIA DC NEWS – De onde surgiu a ideia do Matuta?
Marina Paixão – Estava trabalhando com moda, e desde a graduação me interessava por sustentabilidade em geral, chegou a ser o foco do meu trabalho de conclusão. Estudando sobre, caí no veganismo. Sentia que não estava seguindo um caminho legal na minha vida, mas senti que ainda não estava bom.
AGÊNCIA DC NEWS – Você não se identificava mais com seu antigo trabalho?
Marina Paixão – Exatamente, e trabalhando com moda, você sempre fica se perguntando a origem daquele tecido ou peça, como foi feito para chegar até na minha mão… Essa mudança foi mais uma questão mesmo de sentir que estava encontrando o meu propósito. E quando eu encontrei, pensei “é isso que eu quero para minha vida, levar em todos os setores da minha vida.”
AGÊNCIA DC NEWS – E por que um café e queijaria?
Marina Paixão – Sempre tive no fundo uma vontade de ter um espaço de café. E eu encontrei meu propósito junto às duas coisas. E eu decidi que para mim não importava o salário, fui trabalhar em cafeterias, na área de atendimento mesmo, para entender o que estava sentindo nessa transformação da minha vida. O queijo vegano surgiu enquanto trabalhava em um restaurante, fui me empolgando e fiquei maravilhada. “Gente, dá pra viver sem queijo e de leite de vaca.” E aí comecei a focar nisso dos queijos, já fui pensando que um dia no futuro eu ia ter um café.
AGÊNCIA DC NEWS – Quando você começou a oferecer um serviço de comida vegana?
Marina Paixão – Chamei uma amiga que entendia mais de culinária e falei que iria atrás de parcerias para oferecermos café da manhã vegano em alguns lugares. Foi o que eu fiz. Começamos em um café na Santa Cecília, mas com uma semana ela não quis continuar. Já tinha fechado com o pessoal, não podia desistir e fui me forçando a aprender mais, me jogando. Até que me ofereceram servir o café da manhã em um espaço na rua General Jardim todos os sábados. Tinha creme de queijo da castanha fermentada, pãozinhos com molho pesto, que eram o que mais saía. Mas depois de um tempo, fui procurar um espaço só meu.
AGÊNCIA DC NEWS – Como foi o investimento para começar em um espaço próprio?
Marina Paixão – Sempre tive apoio do Sebrae. Já tinha feito um empréstimo de R$ 10 mil para mais materiais, que já está quitado, e para abrir aqui fiz outro de R$ 25 mil, porque não tem como abrir um lugar sem você ter nada. Comprei as mesas, os materiais que faltavam e o suficiente para ter uma estrutura mínima. Completamos dois anos aqui em maio.
AGÊNCIA DC NEWS – Como estar no Centro acaba influenciando o Matuta?
Marina Paixão – Somos um café e queijaria, mas o bairro da Vila Buarque tem muitos apreciadores de café especial, por mais que o meu público específico não ligue tanto. Queremos ter o público da região, não só turistas que acabam se hospedando no Centro. Estou investindo um pouco mais nisso.
AGÊNCIA DC NEWS – Qual o carro-chefe aqui no café?
Marina Paixão – Considerando não só as vendas aqui na loja, são os queijos de castanha. Mas também saem muitos docinhos.
AGÊNCIA DC NEWS – A perspectiva é de quitar o investimento quando?
Marina Paixão – Em dois anos. Mas vou pegar um novo empréstimo. Quero ter um empório aqui na frente, para expor melhor os meus queijos, que ficam no fundo. Tenho uma goiabada que eu uso nos preparos. Por que não ter ela para vender? E agora estou indo atrás de um consultor financeiro, porque o Sebrae me ajudou muito até certo momento, enquanto era menor, mas no ponto que estou…
AGÊNCIA DC NEWS – Esse novo empréstimo será apenas para o empório?
Marina Paixão – Quero também investir no marketing, porque fico muito sobrecarregada. Fico na cozinha, mas sou eu quem administra. Quero ser mais certeira agora, não errar para crescer direitinho. Sei que algumas coisas dão errado, mas eu não consigo dar conta de uma rede social hoje. Tem vezes que não consigo gravar para ter mais divulgação, é muito doido, sabe? Não sei de onde tirar tempo. E tentar também conseguir mais pessoas que tem a ver também com o perfil do Matuta.
AGÊNCIA DC NEWS – Então é um valor mais robusto…
Marina Paixão – É um empréstimo de R$ 35 mil, que vou pagar em três anos.
AGÊNCIA DC NEWS – Quanto é o faturamento mensal do Matuta?
Marina Paixão – Nosso crescimento tem sido devagar, mas em média é R$ 30 mil.
AGÊNCIA DC NEWS – Com a alta dos alimentos, você tem pressionado sua margem de lucro ou ajustado os preços?
Marina Paixão – Diminuo meu lucro, porque as pessoas em geral já acham meu produto caro. E na verdade, não é.
AGÊNCIA DC NEWS – Vocês também estão trabalhando com encomendas?
Marina Paixão – Sim, e foi o que manteve o Matuta durante a pandemia. É uma parte muito importante do nosso negócios. Só que a gente atende pelo WhatsApp. A gente vai construindo uma rede. Tenho clientes que encomendam comigo toda semana.
AGÊNCIA DC NEWS – E quanto as encomendas representam do faturamento mensal?
Marina Paixão – O nosso resultado principal ainda vem das vendas no café, mas as encomendas são cerca de 15% do faturamento.
AGÊNCIA DC NEWS – Você ministra cursos de produção de laticínios veganos feitos em casa…
Marina Paixão – É uma paixão minha mesmo, e decidi começar com esses cursos. São turmas pequenas, ainda é uma parte pequena do nosso faturamento, mas nos ajuda muito.