[AGÊNCIA DC NEWS]. A possível integração entre Honda e Nissan foi anunciada por meio de um memorando de entendimento (MOU) em dezembro passado, prometendo criar a terceira maior montadora do mundo em volume de vendas, com 7,5 milhões de unidades anuais, atrás da Toyota e Volkswagen – e ocuparia a posição da Hyundai-Kia. A previsão é que a sinergia entre as companhias gere 1 trilhão de ienes, proveniente majoritariamente dos modelos elétricos e híbridos. A Moody’s, uma das principais agências de classificação do mundo, considera o movimento positivo para ambas as empresas do ponto de vista de crédito, mas com impactos muito diferentes para cada uma. “A integração seria mais positiva em termos de crédito para a Nissan do que para a Honda”, afirmou o relatório.
A Nissan tem métricas financeiras mais fracas e se beneficiará significativamente de economias de escala, redução de custos e sinergias operacionais resultantes da integração, disse o documento assinado pelos analistas Dean Enjo, Shunsuke Kimura, Mariko Semetko e Takashi Tsukagoshi. “A fusão representa uma oportunidade para melhorar a posição financeira e operacional da Nissan”, afirmaram os analistas. Já para a Honda, os desafios são proporcionalmente maiores e podem pesar em sua forte posição financeira.
De acordo com a Moody’s, a Honda atualmente tem uma classificação de crédito A3 estável porque já opera com solidez, principalmente devido à sua lucrativa divisão de motocicletas, que responde por margens operacionais na casa dos dois dígitos altos, e não sofre tanto com as pressões de eletrificação enfrentadas pelo setor automotivo. Já a Nissan tem uma avaliação de crédito Baa3 negativo, devido à sua operação deficitária. Portanto, os custos da fusão podem prejudicar o perfil de crédito da Honda, especialmente no curto prazo, segundo o relatório.
Outro ponto de atenção é a recompra de ações anunciada pela Honda, que pretende investir até 1,1 trilhão de ienes em 2025. Embora o movimento beneficie os acionistas, pode enfraquecer ainda mais a posição de caixa da empresa, especialmente se for financiado com alavancagem. A nova entidade formada pela fusão deve priorizar o desenvolvimento de veículos eletrificados, um mercado que ambas as empresas estão tentando conquistar, especialmente na China, o maior mercado automotivo do mundo.
A agência de classificação de risco alerta que os desafios de execução, especialmente na integração das operações na China “podem limitar os ganhos esperados no curto prazo.” A criação da holding conjunta está planejada para 2026, com a listagem na Bolsa de Tóquio, e a retirada das ações individuais de Honda e Nissan. No entanto, o relatório também destaca o risco de sobreposição de mercados e a falta de diversificação geográfica, já que ambas as marcas têm presença significativa nas mesmas regiões.
STELLANTIS – Em 2021 foi efetivada a fusão Fiat Chrysler e Peugeot, que deu origem à Stellantis. A Moody’s considera o cenário atual parecido com o que ocorreu na época, no entanto, ressalta que o cenário para a Honda é mais desafiador, dado o desequilíbrio nas condições financeiras entre as partes. O mercado observará de perto como a nova entidade equilibrará governança, fluxos de caixa e estratégias para competir com gigantes como Toyota e Volkswagen. “Se bem-sucedida, a integração Honda-Nissan pode remodelar o mercado automotivo global.”, disse o documento. Mas, como aponta a Moody’s, o caminho até 2026 será cheio de incertezas e desafios.