Na cidade de São Paulo, tivemos a mais acirrada disputa para prefeito desde a redemocratização. Ela levou ao segundo turno Ricardo Nunes (MDB), com 29,48% dos votos, e Guilherme Boulos (Psol), com 29,07%. Pablo Marçal (PRTB) teve 28,14%. Mas no estado e no país o que se viu nas eleições de 2024 foi a consagração do PSD como a maior legenda. O partido fundado e presidido por Gilberto Kassab, secretário estadual de Governo e Relações Institucionais, desbancou do posto o MDB, que por mais de duas décadas liderou o número de prefeituras brasileiras. O PSD tem em sua alta liderança nomes fortemente vinculados ao empreendedorismo e ao setor de comércio & serviços, e igualmente ligados à história e ao comando da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais de São Paulo (Facesp). Entre os dez vice-presidentes do PSD quatro são dos quadros de ACSP-Facesp – Adriana Flosi, Alfredo Cotait Neto, Ivani Boscolo e Natanael Miranda dos Anjos -, além de ter entre seus líderes Guilherme Afif Domingos, secretário estadual de Projetos Estratégicos.
Em termos nacionais, o PSD conquistou 878 cidades das 5.569 em que houve disputa e vai comandar pelo menos 16% das prefeituras brasileiras. Independentemente do que acontecer no segundo turno, o partido estará à frente do MDB, que venceu em 847 municípios. Em terceiro aparece o PP, com 743. Na lista de partidos com mais prefeitos, o União Brasil vem em quarto lugar (578), seguido por PL (510), Republicanos (430), PSB (309) e PSDB (269). O PT, do presidente Lula, aparece somente em nono (248).
No âmbito estadual, os partidos de centro cresceram 78% e vão comandar 340 prefeituras, contra 191 em 2020. O PSD sozinho avançou para 195 cidades neste domingo, crescimento de 191% sobre as 67 prefeituras (dos 645 municípios paulistas) conquistadas nas eleições de 2020. Por outro lado, a direita caiu 41%, de 411 para 243, e a esquerda caiu 65%, de 43 para 15. Os dados não incluem os 18 municípios nos quais haverá segundo turno – incluindo a capital – nem cidades nas quais o resultado ainda está sub judice. Além do PSD também cresceram de forma robusta PL e Republicanos. Dos 42 eleitos há quatro anos no PL, agora foram 100, um salto de 138%. Já na sigla do governador Tarcísio de Freitas o total de eleitos subiu de 23 para 79, alta de 243%. O PL ainda vai disputar o segundo turno em Guarulhos, a segunda cidade mais populosa do estado, depois da capital.
Os maiores perdedores foram tucanos e petistas. O PSDB encolheu 74%, de 180 para 21 prefeituras paulistas. A queda é vertiginosa, já que até quatro anos atrás o partido ainda dominava o governo estadual com João Doria, o que já ocorria desde a primeira vitória de Mário Covas (1930-2001), em 1994. Já o PT de Lula, que em 2020 elegeu somente quatro prefeitos (Araraquara, Matão, Diadema e Mauá), neste ano obteve apenas três vitórias no domingo — tem chance de evoluir no segundo turno, mas de forma tímida. O partido não conseguiu manter Araraquara e ficou fora do segundo turno em cidades importantes, como Campinas, Ribeirão, Santos, São José dos Campos e Santo André e São Bernardo, no ABC. Na região que foi seu berço político, aliás, o PT corre o risco de ser varrido. A sigla atualmente governa Mauá e Diadema, e disputará o segundo turno em ambas. O MDB elegeu 63 prefeitos. O PP elegeu 47. E o União Brasil, 33.