O primeiro metrô do Brasil foi aberto ao público em 1974, em São Paulo, e representou um marco na história dos transportes públicos do país. No restante do mundo, no entanto, outros sistemas metroviários já estavam em funcionamento havia muito tempo. O mais antigo de todos foi inaugurado em Londres, na Inglaterra, em 1863. O segundo mais antigo do planeta entraria em funcionamento 12 anos mais tarde, em 1875, na cidade de Istambul, na Turquia. Confira, a seguir, os dez metrôs mais antigos em funcionamento no planeta.
1- Londres (1863)
O metrô de Londres, capital da Inglaterra, conhecido como Underground ou Tube, detém o título de primeiro sistema de metrô do mundo, inaugurado em 1863. Originalmente concebido para aliviar o congestionamento de carruagens nas ruas, iniciou suas operações com trens a vapor. Em 1868, uma segunda linha foi inaugurada por uma empresa ferroviária relacionada, mas conflitos entre os proprietários transformaram as ferrovias em rivais, o que atrasou o progresso do sistema.
A construção de túneis seguros debaixo da terra foi feita em 1870, mas foi apenas com o avanço da energia elétrica e de elevadores seguros, no final da década de 1880, que o primeiro tubo ferroviário bem-sucedido tornou-se prático. Apesar do interesse inicial, investidores permaneceram cautelosos, resultando em um atraso de quase dez anos para a abertura dos próximos tubos. A expansão do sistema só ganhou impulso com a intervenção de um financiador americano, levando à inauguração de novas linhas interligadas entre 1906 e 1907. Atualmente, o sistema conta com 16 linhas que se estendem por 402 quilômetros, servindo 272 estações e realizando até cinco milhões de viagens diárias de passageiros.
2- Istambul (1875)
O Túnel de Karaköy, em Istambul, na Turquia, é um dos marcos históricos mais importantes da cidade, sendo o segundo sistema de metrô mais antigo do mundo, em operação desde 1875. Ele conecta os bairros de Karaköy e Beyoğl e desempenha um importante papel na mobilidade urbana. A história do Túnel de Karaköy começa em 1867, quando o engenheiro francês Eugène Gavan visitou Istambul. Encantado pela cidade, Gavan teve a visão de construir um elevador subterrâneo entre os bairros montanhosos de Yüksek Kaldırım e Karaköy, que diariamente eram atravessados por multidões a pé.
Apesar das dificuldades iniciais, incluindo a obtenção de verba para a obra e a aprovação do Governo Otomano, que dominava a Turquia à época, Gavan conseguiu apoio da Inglaterra, após a França rejeitar seu pedido de financiamento. Com a aprovação do Sultão Abdülaziz, a construção começou em 1869 e foi concluída cinco anos depois, em 1874. O Túnel, que passou para sistema elétrico em 1910, foi transferido para o IETT, organização que oferece serviços de transporte público em Istambul, em 1939. Em 1970, foi reformado por uma empresa francesa. Trinta anos mais tarde, em 2000, foi inaugurado outro metrô em Istambul, com estação principal na Praça Taksim, 8,5 km de extensão e onze estações.
3- Chicago (1892)
A jornada do “L”, como é chamado o metrô de Chicago, nos Estados Unidos, começou em 1892, com a Chicago and South Side Rapid Transit Railroad operando o primeiro trem elevado. Movido a vapor e conhecido como “Beco L”, tinha vagões de madeira e ligava a Congress Street à Pershing Road, percorrendo 5,8 quilômetros. Logo depois, em 1893, a Lake Street Line iniciou suas operações, movendo-se a vapor entre a Laramie Avenue no West Side e o centro da cidade. Esse trajeto se tornou parte da Linha Verde de hoje. Em 1895, a Metropolitan West Side Elevated se destacou ao ser a primeira a utilizar tecnologia elétrica, inaugurando uma linha que se dividia em direções distintas para Garfield Park, Douglas Park e Logan Square, que hoje formam as Linhas Azul e Rosa.
O metrô de Chicago, com suas 8 linhas e mais de 145 estações, permanece um símbolo de inovação e resiliência urbana. Desde suas origens, no final do século XIX, até sua atual configuração moderna, evoluiu para se tornar uma parte indispensável da infraestrutura de cidade, transportando quase 280 milhões de passageiros anualmente. Pouco mais de 700 mil pessoas embarcam no metrô em dias úteis, 450 mil aos sábados e mais de 320 mil aos domingos.
4- Budapeste (1896)
A construção do metrô de Budapeste, na Hungria, visava melhorar o acesso ao parque da cidade sem recorrer a bondes de superfície. Aprovada pelo Parlamento húngaro em 1870, a obra começou em 1894 e foi inaugurada no dia 2 de maio de 1896. A linha original, ligando a Praça Vörösmarty a Mexikói út, tinha 11 estações, sendo nove subterrâneas, cobrindo 3,7 km. Com trens passando a cada 2 minutos, o sistema transportava 35 mil passageiros diários, número que hoje chega a cerca de 100 mil. Após a inauguração, surgiram planos para expandir o metrô com duas linhas principais: Norte-Sul e Leste-Oeste.
A linha M2, conectando as estações ferroviárias Keleti e Deli, sofreu atrasos devido a dificuldades políticas e econômicas, sendo inaugurada em 4 de abril de 1970. Essa linha atravessa o rio Danúbio até Buda e se cruza com a linha M1 na estação Deák Ferenc tér. Entre 1970 e 1973, a linha M1 foi atualizada, com substituição dos trilhos e mudança do sentido de circulação para a direita. A construção da linha M3 começou em 1970, com o primeiro trecho de seis estações inaugurado em 1976. Hoje, o metrô de Budapeste tem 52 estações e 4 linhas. Em 2002, a linha M1 foi declarada Patrimônio Mundial da Humanidade.
5- Glasgow (1896)
A construção do metrô de Glasgow, na Escócia, foi iniciada pela Glasgow District Subway Company, em 1891, e teve a inauguração no dia 14 de dezembro de 1896. O sistema original funcionava com um mecanismo de embreagem e cabo, conduzido por uma usina a vapor localizada entre as estações West Street e Shields Road. No dia da inauguração, aconteceu um acidente noturno, quando um vagão, levando 60 passageiros, colidiu com outro, resultando em quatro feridos e no fechamento do metrô até janeiro de 1897. Os vagões originais, construídos com carrocerias de madeira pela Oldbury Railway Carriage and Wagon Company, foram projetados para maximizar a eficiência e a segurança dos passageiros.
Em 1935, o sistema fez uma transição para tração elétrica, com a energia fornecida por um terceiro trilho a 600 volts de corrente contínua. Em março de 2016, a Strathclyde Partnership for Transport (SPT) adjudicou contratos para o fornecimento de 17 novos trens sem condutor, com o primeiro deles entrando em operação em dezembro de 2023. As quinze estações do metrô estão distribuídas em um circuito de 16 km do West End e do centro da cidade de Glasgow, com oito estações ao norte do rio Clyde e sete ao sul.
6- Paris (1900)
Em 1845, Paris, iniciou discussões sobre um sistema ferroviário subterrâneo devido ao desenvolvimento urbano e aumento populacional. Companhias ferroviárias e o governo francês planejaram a expansão das linhas principais, mas enfrentaram resistência dos parisienses, que queriam uma rede independente. O impasse durou décadas, até que o intenso trânsito da cidade forçou as autoridades a agir. Antes disso, o transporte urbano consistia em linhas de ônibus. Em 1871, o Conselho Geral do Sena contratou engenheiros para planejar uma rede ferroviária urbana.
Após debates, a opção subterrânea foi escolhida devido aos altos custos de linhas elevadas. Em 1896, o projeto de Fulgence Bienvenüe foi adotado e a construção começou 2 anos depois. A primeira linha foi inaugurada em 1900, durante a Feira Mundial de Paris, com nove linhas previstas desde o início. Nas décadas seguintes, o metrô de Paris se expandiu e se modernizou. Em 1998, a Linha 14, chamada Météor, foi a primeira totalmente automática. O RER (Réseau Express
Régional), criado na década de 1970, trouxe linhas expressas regionais para complementar o metrô. Desde então, várias extensões foram inauguradas e a automação tornou-se uma tendência, com as Linhas 1 e 4 convertidas para operação sem condutor.
7- Berlim (1902)
O U-Bahn de Berlim, uma das redes de transporte subterrâneo mais emblemáticas do mundo, começou a ser idealizado em 1880 por Werner Siemens, para atender à crescente população da cidade. Em 1896, a Siemen iniciou a construção do primeiro trecho de ferrovia elevada, seguido pela primeira ferrovia subterrânea elétrica em 1897. A linha entre Stralauer Tor e Potsdamer Platz (atual U1) foi inaugurada em 1902. A Segunda Guerra Mundial danificou muitas estações e, em 1945, o túnel norte-sul foi destruído, inundando parte do sistema. A reconstrução só foi concluída em 1950.
Com a construção do Muro de Berlim em 1961, as linhas U6 e U8 passavam por Berlim Oriental sem parar, exceto na estação Friedrichstraße. Algumas estações, como Warschauer Straße e Potsdamer Platz, foram desativadas. Apesar das dificuldades, Berlim Ocidental continuou a expandir o sistema, enquanto apenas a linha U5 foi inaugurada em Berlim Oriental, em 1973. A queda do Muro, em 1989, permitiu a reabertura e reunificação das estações. Atualmente, o U-Bahn possui 174 estações e 9 linhas, totalizando quase 150 km. A passagem do U-Bahn também é válida para o S-Bahn, ônibus, bondes elétricos e alguns ferries.
8- Nova York (1904)
Operado pela Autoridade de Trânsito da Cidade de Nova York (NYCTA) e controlado pela Autoridade de Transporte Metropolitano (MTA), o metrô local atende a quatro bairros: Bronx, Brooklyn, Manhattan e Queens. Sua história começou com a primeira linha subterrânea, inaugurada em 27 de outubro de 1904, após a abertura da linha elevada IRT Ninth Avenue. Inicialmente, duas empresas privadas – BRT e IRT – operavam as linhas. Em 1932, o Sistema Independente de Metrô (IND) foi inaugurado para substituir algumas ferrovias elevadas.
Em 1940, a cidade assumiu a gestão dos sistemas privados, fechando várias linhas elevadas e integrando os sistemas. A NYCTA foi criada em 1953 e, em 1968, o MTA estadual assumiu o controle. Durante a crise fiscal dos anos 1970, muitas linhas elevadas foram fechadas e o metrô enfrentou uma era de declínio, marcada por crimes e deterioração. Na década de 1980, um programa de US$ 18 bilhões foi implementado para reabilitar o sistema. Desde os anos 2000, o metrô passou por expansões significativas, como a Extensão da Linha 7 e o Metrô da Segunda Avenida. Com 368 km de extensão, é o quinto maior sistema metroviário do mundo.
9- Filadélfia (1907)
A jornada do metrô de Filadélfia, cidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, começou quando a necessidade de um trânsito rápido na cidade se tornou evidente Contudo, somente em 1901, com a aprovação de uma lei de trânsito rápido, o desenvolvimento do metrô ganhou força. A construção começou em 1905, liderada pela Philadelphia Rapid Transit (PRT). Em 1907, a primeira linha elevada entrou em operação, aliviando o congestionamento nas ruas do centro e impulsionando o desenvolvimento urbano nos subúrbios.
Com o tempo, a cidade assumiu um papel mais proeminente no planejamento e financiamento do sistema, estabelecendo o Bureau of City Transit, em 1912. A linha Market Street foi estendida para Frankford, no nordeste da cidade, facilitando o acesso e incentivando o desenvolvimento residencial e comercial. Na década de 1960, ocorreu a mudança mais significativa, com a transferência da linha Locust Street para a Delaware River Port Authority (DRPA). Essa linha foi estendida até Lindenwold, Nova Jersey, inaugurando uma nova era de integração regional, com a criação da Port Authority Transit Corporation (PATCO). Hoje, o metrô de Filadélfia continua a ser essencial na vida da cidade, com quatro linhas que se conectam com outras opções de transporte para atender a grande parte da região.
10- Madrid (1919)
Há mais de um século, a capital da Espanha celebrou a inauguração do Metropolitano de Madrid, deixando um marco na história da mobilidade urbana da cidade. Em 17 de outubro de 1919, o Rei Afonso XIII deu início a uma jornada que revolucionaria o transporte, lançando uma linha inicial de 3,5 km, conectando Puerta del Sol a Cuatro Caminos e reduzindo os tempos de viagem entre os extremos para apenas 10 minutos. Essa conquista foi resultado do trabalho de engenheiros liderados por Miguel Otamendi.
O metrô enfrentou desafios durante a Guerra Civil Espanhola (de 1936 a 1939), servindo de refúgio para a população durante os bombardeios aéreos e adaptando-se para apoiar os esforços de guerra. Após o conflito, o Metropolitano de Madrid foi expandido para atender ao crescimento urbano, dobrando de tamanho e triplicando o número de passageiros transportados nas décadas de 1970 e 1980. Hoje, com 13 linhas e 294 km, o sistema da capital espanhola atende a cerca de 280 milhões de passageiros por ano e tem planos para expandir ainda mais sua rede.