Candidato em Curitiba rebate Moro, diz que foi traído e questiona 'tortura psicológica em réus'

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CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – O deputado estadual paranaense Ney Leprevost (União Brasil), candidato derrotado à Prefeitura de Curitiba em 6 de outubro, rebateu as declarações do senador Sergio Moro (União Brasil) e afirmou que o ex-juiz da Lava Jato é “um traidor contumaz”.

A briga pública entre os dois correligionários começou quando Leprevost reclamou da postura de Moro na campanha eleitoral em entrevista à Folha de S.Paulo na noite de terça-feira (15). Para o deputado, Moro atrapalhou e contribuiu para o resultado nas urnas.

Leprevost encabeçou a chapa do União Brasil para a disputa à prefeitura e tinha a deputada federal Rosângela Moro, mulher do senador, como candidata a vice. A dupla ficou em quarto lugar na corrida, com apenas 6,5% dos votos.

Em reação à entrevista, Moro disse em suas redes sociais nesta quarta (16) que Leprevost tenta transferir a responsabilidade pelo desempenho eleitoral. Também disse que o ex-aliado representaria a velha política e teve nas urnas “o que merecia”.

Na sequência, em nota divulgada ainda na noite desta quarta, Leprevost elaborou uma lista com o que considera traições do senador. Ele afirma que Moro traiu a magistratura porque se utilizou dela para “se promover pessoalmente com objetivo de conquistar cargo político”. Também traiu as leis “ao realizar tortura psicológica em réus”.

Na nota, Leprevost também lembrou da eleição de 2022, quando Moro abandonou o partido Podemos, migrou para o União Brasil, e não conseguiu sair candidato ao Senado por São Paulo: “Traiu o povo do Paraná e traiu seu padrinho político, o senador Alvaro Dias, lançando-se candidato de última hora contra ele”.

O deputado estadual também voltou a dizer que Moro abandonou a campanha do União Brasil em Curitiba dez dias antes da eleição “por não ter sido satisfeita a sua vaidade de aparecer diversas vezes no programa eleitoral de televisão”.

“De herói nacional que até eu admirei, o senhor apequenou-se e se transformou em um mero “lacrador” de redes sociais. Me esqueça”, disse.

“Peço desculpas ao povo de Curitiba por ter aceitado a imposição nacional do partido de ter a sua esposa como vice, não por ela, que ainda hoje tenho como boa pessoa, mas pelo senhor, que é um oportunista visto pela esquerda como carrasco do Lula e pela direita como traidor do Bolsonaro”, afirmou o deputado.

A discussão pública deve ter consequências dentro do União Brasil, presidido por Leprevost em Curitiba. Moro tem planos de disputar o governo do Paraná em 2026, filiado ao partido, mas tem encontrado dificuldades para construir uma rede de aliados.

Neste ano, além de Curitiba, o senador atuou na campanha de aliados em outras cidades paranaenses, mas colheu derrotas também em São José dos Pinhais, Guarapuava e Cascavel.

Na disputa à Prefeitura de Curitiba, os candidatos Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB) seguiram para o segundo turno. O União Brasil optou pela neutralidade, liberando os filiados.

No segundo turno, Leprevost tem mais proximidade com o grupo do PSD, do governador Ratinho Junior, de quem já foi secretário.

Já Moro teria dificuldade em se unir à campanha de Pimentel, já que o candidato a vice-prefeito na chapa, Paulo Martins (PL), foi seu principal adversário nas eleições ao Senado, em 2022, e buscou na Justiça Eleitoral a cassação do mandato dele, o que já foi negado.

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