SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após criticar e prometer acabar com o tarifa-zero, o jornalista José Luiz Datena (PSDB) prepara uma ampliação da gratuidade nos ônibus como trunfo eleitoreiro em sua briga pela Prefeitura de São Paulo.
Com uma queda vertiginosa nas pesquisas de intenções de votos, o tucano deverá, como golpe final, intensificar programas sociais às camadas mais pobres da capital.
Além do tarifa-zero, Datena vai priorizar no horário eleitoral e nas agendas de ruas compromissos como mercado solidário e a ampliação de duas horas nos expedientes das creches e UBS (Unidade Básica de Saúde), além do programa Territórios do Emprego.
Tais medidas, de acordo com os estrategistas da campanha, visam alcançar um público afeito ao apresentador de televisão, mas que ainda não o reconhecem como político.
De acordo com o Datafolha desta quinta-feira (5), Datena é disparado o nome mais conhecido entre os concorrentes, porém, detém apenas 7% das intenções de votos -atrás de Guilherme Boulos (23%), Pablo Marçal (22%), Ricardo Nunes (22%) e Tabata Amaral (9%).
Para reverter o quadro, os estrategistas da campanha debruçam sobre os estratos socioeconômicos. Boa parte dos seus votos, hoje, são oriundos dos desempregados e da dona de casa.
Por outro lado, Datena oscilou dez pontos entre quem ensino fundamental (de 19% para 9%).
Já entre os que ganham até dois salários mínimos (suculentos 32% da mais recente amostra do Datafolha), o tucano conta com somente 12% das intenções de votos. Líder nesta faixa da população, Nunes tem 28% dos votos, à frente de Boulos (19%) e Marçal (17%).
Datena minimiza os resultados. “As pesquisas não chegam a pegar as periferias da cidade, onde eu sou mais forte e tenho mais votos. Quando for captado isso na boca de urna, vamos ter um volume grande de votação”, diz ele.
“É muito melhor começar uma maratona devagarinho do que começar lá na frente e recuar.”
A um mês do primeiro turno, a campanha começará a veicular nos próximos dias a ampliação do tarifa-zero. A ideia consiste em oferecer um bilhete-único para quem está inscrito no Bolsa Família utilizar de segunda à sábado a gratuitidade já existe aos domingos desde dezembro de 2023.
Esta proposta, no entanto, destoa das afirmações do próprio Datena enquanto pré-candidato. O tucano chegou a dizer que iria acabar com a tarifa-zero aos domingos, uma das vitrines de Nunes na tentativa de reeleição.
“Não existe esse negócio de tarifa zero. Você tem que cobrar um preço justo durante a semana para o cara pagar um preço justo também aos domingos e feriados, onde menos circula gente”, afirmou o comunicador durante sabatina Folha/UOL em julho.
Depois, Datena diz que foi mal-interpretado. “Com os R$ 7 bilhões que a prefeitura vai dar para empresas de ônibus no ano que vem, essa tarifa-zero é mentirosa”, afirmou o tucano.
“Vamos ampliar a tarifa-zero como uma contrapartida dos subsídios programados às empresas. O pobre, cadastrado no Bolsa Família, não vai pagar durante a semana inteira.”
No modelo mercado solidário, a estratégia é disponibilizar um crédito de, pelo menos, R$ 100 para o morador inscrito no CadÚnico (Cadastro Único para programas sociais) comprar alimentos no supermercado do bairro -esses empreendimentos serão credenciados semelhante ao programa Farmácia Popular, do Governo Federal.
Neste front de alcançar às comunidades mais carentes, o candidato também dará publicidade para o Território do Empregoas empresas que construírem casas populares na periferia terão incentivo fiscal desde que parte do quadro de funcionários seja composto por moradores daquela região.
Por fim, com a ampliação do expediente das creches até às 19h, o candidato irá se comprometer com o jantar das crianças. “Temos mais de um milhão de pessoas em estado de insegurança alimentar”, lamenta Datena.
Os quatro anúncios tarifa-zero, mercado solidário, território do emprego e ampliação das creches e UBS em duas horas terão um impacto de R$ 4,6 bilhões, estima a campanha do tucano. O valor é equivalente a menos de 5% do orçamento da prefeitura.
“Não existe prefeitura rica, e o povo pobre. É preciso raspar o tacho”, costuma dizer Datena. “O pobre tem que entrar no orçamento da cidade”, afirma o apresentador.