E-commerce: brasileiros da Geração Z são mais afetados por golpes online do que os baby boomers. Uso do Pix também é maior entre os jovens

Uma image de notas de 20 reais
Em 2023, criminosos desviaram R$ 1,5 bilhão em golpes do Pix
Crédito: Mohamed Hassan/Pixabay
  • Allan Costa, especialista em cibersegurança e co-CEO da ISH Tecnologia: as pessoas sempre acham que não vai acontecer com elas
  • A Geração Z é a líder em adoção de tecnologia: 75,52% das pessoas entre 18 e 24 anos afirmam usar Pix para suas compras online
Por Victor Marques

Os jovens são os mais afetados pelos golpes online. Mais especificamente a Geração Z – os nascidos entre 1997 e 2012 –, que sofrem 17% mais golpes online em comparação aos baby boomers – nascidos entre 1946 e 1964. Os dados são de uma pesquisa realizada pela empresa Akamai, especializada em computação em nuvem e cibersegurança. O estudo ouviu mais de 900 pessoas, que responderam a perguntas sobre comportamento de compras online no Brasil.

Do total de entrevistados entre 18 e 24 anos, 44,7% afirmaram nunca ter sofrido um golpe na internet. Já na faixa entre 24 e 29 anos, os que disseram nunca ter sido vítimas desse tipo de crime representam 45,3%. No grupo dos baby boomer, esse porcentual foi de 52,3%. “Por serem nativos digitais e estarem conectados à internet por mais tempo, os integrantes da Geração Z são mais acometidos por tentativas de estelionato digital”, afirmou o especialista em cibersegurança e co-CEO da ISH Tecnologia, Allan Costa.

Segundo ele, esse fenômeno não acontece apenas no Brasil, sendo observado também nos Estados Unidos e em países da Europa. “O comportamento é o mesmo. É algo geracional”, disse Costa. Uma pesquisa da Deloitte mostrou que nos Estados Unidos, os membros da Geração Z sofrem três vezes mais golpes que os baby boomers.

LÍDER – A Geração Z é a líder em adoção de tecnologia, mostram os dados da Akamai. Das mais de 900 respostas, 75,5% das pessoas entre 18 e 24 anos afirmaram usar Pix para realizar compras online. O menor patamar é daqueles acima de 60 anos, chegando a quase 48%. “Como os mais jovens estão mais acostumados ao uso da tecnologia, fazem muitas coisas no piloto automático”, afirmou Costa. “Essa falta de atenção gera maior propensão a cair em golpes ou clicar em links maliciosos”.

O Pix é um dos maiores alvos das tentativas de golpes. Segundo a empresa de pagamentos em tempo real ACI Worldwide, em 2023, criminosos desviaram R$ 1,5 bilhão em golpes do Pix. O novo meio de pagamento também foi apontado como um dos fatores para o aumento no número de golpes em 2023, que cresceu 8,2% ante a 2022, segundo o Anuário da Segurança Pública, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

ENTREGAS – Entre as categorias de golpe, o mais comum em qualquer faixa etária foi a compra de produtos que nunca foram entregues, que atingiu um em cada quatro dos respondentes (25%). Em segundo lugar, ficou a clonagem de cartão de crédito após compra em sites, que acometeu 14% dos entrevistados pela pesquisa. Nesse golpe em particular, os baby boomers têm o dobro de chances de cair do que os mais jovens, de acordo com a pesquisa da Akamai.

Para os especialistas em cibersegurança, esse problema de insegurança digital é geral e acomete a população devido a uma falta de maturidade do país no tema. “No âmbito geral há pouca conscientização sobre esses golpes”, afirmou Costa. “As pessoas sempre acham que não vai acontecer com elas”.

ALVO – Segundo relatório da Trend Micro, líder mundial em soluções de cibersegurança, o Brasil registrou 161 bilhões de ameaças bloqueadas, em 2023. O número é recorde e representa uma alta de 10% em relação ao ano anterior (2022), quando foram relatados 146 bilhões de ataques no país, de acordo com relatório da Trend Micro, líder mundial em soluções de cibersegurança. Este estudo mostrou, ainda, que os principais alvos das campanhas de malware (software malicioso programado para explorar falhas em dispositivos ou redes) de 2019 a 2023 foram os setores industrial, governamental, de saúde, educação e o sistema bancário.

Voltar ao topo