O doce brasileiro que viaja o mundo: Docile vai aumentar produção em 120t e mira entrada no mercado americano
Gaúcha Docile é a maior exportadora de doces do Brasil
Crédito: Foodie Factor
Docile exportou 30% do faturamento de R$ 620 milhões em 2023, totalizando R$ 186 milhões. Companhia anuncia adição de linha de produção
A companhia gaúcha quer atingir o primeiro bilhão em 2025 e, para isso, preparou um investimento de R$ 100 milhões que iniciou no ano passado
Por Victor Marques
No café da manhã, depois do almoço, da janta, do cigarro, um docinho vale para toda hora. O que ninguém sabe é que o doce brasileiro também é objeto de desejo no mundo todo. Segundo a Associação Brasileira de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), o mercado brasileiro de balas e gomas exportou um montante de US$ 201,5 milhões em 2022, últimos dados do setor, o que representa 105,7 mil toneladas.
O maior player deste mercado em exportação é a Docile Alimentos, empresa familiar do Rio Grande do Sul, que exportou 30% do faturamento de R$ 620 milhões em 2023, totalizando R$ 186 milhões só com o envio de produtos para o mercado externo. Esse número deve aumentar com a adição de uma nova linha de produção de 120 toneladas, projeto que vai contribuir com o novo objetivo da companhia de faturar R$ 1 bilhão até 2025. A empresa projeta receita de R$ 780 milhões em 2024. “Com os novos equipamentos, teremos a maior linha de produção de doces do Brasil”, afirmou Fernando Heineck, sócio-diretor da Docile Alimentos.
Para atingir o ambicioso objetivo do primeiro bilhão, a empresa preparou um pacote de R$ 100 milhões em investimentos iniciados no ano passado, sendo que R$ 70 milhões foram destinados para este ano. Esses aportes em novos projetos e na expansão da companhia também contribuirão para um objetivo secundário: adentrar no mercado norte-americano de candies, o maior do mundo. Vale US$ 22,9 bilhões, segundo a Associação Nacional dos Confeiteiros, nos EUA (R$ 115 bilhões com o dólar a R$ 5,06).
Os itens comercializados pela Docile são exportados para 60 países, sendo os principais mercados externos os EUA e o Canadá. O restante vai para a Europa e alguns países da América Latina. No território norte-americano, a empresa atende gigantes como a Disney e a Universal, com produtos white label, com rótulo do cliente, feitos especialmente para o consumidor local. “Os produtos para o público americano são diferentes dos comercializados aqui no Brasil. O consumidor de lá gosta de um sabor mais marcante, forte e com mais açúcar”, disse à DC NEWS Ricardo Heineck, sócio-diretor e um dos três comandantes da Docile Alimentos.
A companhia familiar, com base em Lajeado (RS), acaba de completar 85 anos e tem o comando triplo dos irmãos Ricardo, Fernando e Alexandre Heineck, que dividem a função de CEO. Atualmente, a produção na fábrica de Lajeado (RS) é de 150 toneladas por dia. Com a adição da nova linha, composta por equipamentos alemães, a empresa dobrará esse número, atingindo um novo teto de produção de balas e gomas. Esse projeto contribuirá fortemente para que a Docile alcance seus objetivos de exportação.
A nova produção expandida se dividirá nos mais de 250 itens separados em sete categorias: balas de goma, pastilhas, regaliz (tubinhos doces recheados), chicletes, balas de gelatina, marshmallows e refrescos em pó. “Esses investimentos vêm no melhor momento da história da companhia”, afirmou Ricardo Heineck.
OLIMPÍADAS — Além do novo maquinário, a empresa também está fazendo seu maior aporte na área de marketing da história, com a contratação de Raíssa Leal, a skatista que é a cara do esporte brasileiro. Aos 16 anos, a atleta maranhense ganhou doces com seu nome e sua cara, além de ser uma das principais influenciadoras da marca. Na onda do marketing esportivo, a Docile tornou-se a primeira marca de doces a patrocinar o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), ganhando visibilidade durante o principal evento esportivo internacional do ano. Tudo isso faz parte de um pacote de investimentos de R$ 100 milhões, iniciado em 2023 e do qual R$ 70 milhões serão aplicados neste ano.
Medalhas da Gentileza é o doce criado pela Docile para as Olimpíadas Crédito: Divulgação
VAREJO — Desde sua fundação focada na venda por meio de distribuidores, a Docile tem como um dos objetivos para este ano falar mais diretamente com o consumidor. E isso inclui um novo projeto que prevê espalhar quiosques com a marca pelo país, em um modelo de franquias. A unidade piloto foi aberta no Aeroporto de Congonhas, na capital paulista, em janeiro deste ano, local de grande circulação e que atrai um público de bom poder aquisitivo, além dos influenciadores, segundo a empresa.
O objetivo é alcançar 25 lojas em modelo de franquia, algumas já em negociação. Desse número, cinco ou seis serão unidades próprias, como lojas conceito, visando serem pontos em locais estratégicos para atrair novos franqueados. O projeto faz parte de um investimento de R$ 5 milhões, mas a Docile disse à DC NEWS que haverá um investimento adicional de R$ 3 milhões para manter o projeto nos trilhos, devido a previsões da consultoria que está analisando e apoiando o plano.
A empresa acredita que o negócio de franquias, quando alicerçado, pode representar entre 3% a 5% da operação da companhia. Com o novo projeto focado no varejo, uma gigante nova linha de produção e o investimento milionário para ter sua marca exibida nos Jogos Olímpicos, a Docile parece ter um plano consolidado para crescer e atingir o objetivo esperado, o de faturar R$ 1 bilhão até 2025.