Pesquisa Origem Destino: transporte individual supera o coletivo pela primeira vez na Grande São Paulo

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Entre 2017 e 2023, ônibus tiveram queda de 2,6 milhões de viagens
(Eduardo Knapp/Folhapress)
  • Pesquisa do Metrô mostra que 51,2% das viagens realizadas em 2023 foram por transporte individual, com táxi e aplicativo. No Centro, o coletivo ainda predomina
  • São 3 milhões de viagens a menos de 2017 para 2023, provavelmente por efeito da pandemia. Queda se concentrou no uso de ônibus
Por Vitor Nuzzi Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

[AGÊNCIA DC NEWS]. O transporte individual superou o transporte coletivo na Região Metropolitana de São Paulo pela primeira vez, conforme mostra a Pesquisa Origem e Destino (POD), divulgada nesta terça-feira (11) pela Companhia do Metropolitano (Metrô). A POD é realizada desde 1967, quando o Metrô ainda estava em projeto – só entrou em atividade em 1974. Naquele ano, de um total de 7,2 milhões de viagens motorizadas (ônibus, carros e motos), 4,9 milhões (68%) foram por meio coletivo e 2,3 milhões (32%), individual – seja por automóvel, como motorista ou passageiro (táxi), ou por moto. Os dados referem-se ao número diário de viagens.

Desde então, a modalidade individual foi ganhando espaço. Agora, na POD 2023, representa mais da metade pela primeira vez. De 25,1 milhões de viagens motorizadas diárias, 12,869 milhões (51,2%) foram individuais e 12,264 milhões (48,8%), coletivas. Em relação a 1967, as viagens coletivas cresceram 150,5%. Já as individuais (que agora incluem o transporte por aplicativo), 461,2%. No total, foram 35,6 milhões de viagens diárias em 2023, 70,5% por modos motorizados (coletivos ou individuais) e 29,5%, não motorizados (bicicleta e a pé).

Na comparação com a edição anterior da pesquisa, realizada em 2017, o transporte coletivo caiu 19,8%. São 3 milhões de viagens a menos. Já o individual também recuou, mas 0,9% (-116 mil viagens). Em 2017, o individual respondia por 45,9% do total e o coletivo, por 54,1%. A pesquisa divide todos os 39 municípios da Região Metropolitana, incluindo a capital, em sete sub-regiões. O transporte coletivo caiu em cinco – ele ainda predomina na sub-região Nordeste (Arujá, Guarulhos e Santa Isabel), com 50,8%, e sub-região Centro, que representa toda a capital paulista, com 54,7%.

Escolhas do Editor

PANDEMIA – A POD nasceu em 1967 e se repetiu sempre a cada dez anos. O Metrô decidiu antecipar esta edição (de 2027 para 2023) por um “fato extemporâneo” que pesou na decisão: a pandemia de covid-19. “Além dos efeitos na saúde da população, produziu reflexos impactantes na mobilidade urbana em todo o mundo.” A pandemia ajuda a explicar, por exemplo, a redução do número total de viagens na Região Metropolitana, de 42 milhões (2017) para 35,7 milhões em 2023, queda de 15,1%. Ou menos 6,3 milhões de viagens, entre individuais e, principalmente, coletivas. Isso aconteceu enquanto a população crescia 2% e a frota de automóveis aumentava 22%. Das 3,8 milhões de pessoas que afirmaram ter deixado de usar algo meio de transporte na pandemia, 57,3% eram mulheres e 45,2% tinham trabalho regular.

“Onde ocorreu a perda de cerca de 3 milhões de viagens no transporte coletivo? Basicamente no transporte por ônibus, que reduziu 2,6 milhões de viagens”, disse o Metrô. E no transporte individual? O automóvel perdeu cerca de 886 mil viagens, apesar do aumento da frota de 22% entre 2017 e 2023, hoje de 5,375 milhões de automóveis particulares. Assim, a performance do transporte individual se deveu ao aumento do transporte por táxi convencional e por aplicativo (137%) e por motocicleta (16%).

O automóvel responde por 41,6% das viagens motorizadas – 40,1% em 2017. O ônibus ainda concentra 22,5%, mas essa participação era de 29,4% seis anos antes. O metrô foi de 12% para 11%, enquanto os táxis e aplicativos saltaram de 1,7% para 4,4%, e as motos subiram de 3,8% para 4,9%. O uso de trens ficou praticamente estável (de 4,4% para 4,3%), enquanto o transporte escolar aumentou de 7,4% para 9,7% e o fretado foi de 0,9% para 1,3% (outros somam 0,3%).

VIAGENS A PÉ – De acordo com a pesquisa, as famílias sem automóvel representam agora 43,9% do total, ante 47,1% em 2017. Mais de 10 milhões de viagens ainda são feitas a pé, mas o número caiu (-24,6%) em relação a 2017 (13,3 milhões). As viagens de bicicleta aumentaram 25%, de 377 mil (2017) para 471 mil (2023). Das quase 35,7 milhões de viagens em 2023, 16,5 milhões (46,2%) ocorreram por motivo de trabalho. O segundo motivo continua sendo a educação: 12,9 milhões (36,2%).

Por fim, a POD, cuja versão síntese tem 211 páginas, mostra que a renda média familiar mensal (R$ 6.776) cresceu 38,1% em relação a 2017. A pesquisa destaca a alta de 77,3% na sub-região Norte. Segundo o Metrô, essa sub-região, a menor em população na RMSP, mostra crescimentos surpreendentes – de emprego, de renda e dos deslocamentos por transporte individual, entre outros. “Provavelmente, isso se deve à instalação de galpões logísticos de última milha na região, atendendo a grandes empresas de e-commerce.”

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