SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Conhecido pelo sobrenome famoso no Partido Democrata e também por ecoar teorias da conspiração, Robert F. Kennedy Jr. anunciou nesta sexta-feira (23) que desistiu da corrida pela Presidência dos Estados Unidos e que agora vai apoiar o republicano Donald Trump.
Embora não surpreenda, a confirmação do endosso era aguardada em uma disputa pela Casa Branca que vem se mostrando acirrada. Muitas das pesquisas de intenção de voto mostram Trump e sua adversária, a democrata Kamala Harris, tecnicamente empatados.
Filho do senador democrata Robert Kennedy e sobrinho de John F. Kennedy, ambos assassinados na década de 1960, RFK, como também é conhecido, é advogado ambiental e ativista antivacina. Ele havia entrado na corrida em abril de 2023 -na ocasião, ele tentava conseguir a nomeação do Partido Democrata, em uma disputa com o atual presidente americano, Joe Biden.
Naquele momento, ele já não contava com o apoio de grande parte da família Kennedy, que demonstrou apoio a Biden durante um comício na Filadélfia, em abril. Nesta sexta, a irmã de RFK, a advogada e ativista de direitos humanos Kerry Kennedy, voltou a se pronunciar.
“Nós acreditamos em Harris e [no candidato democrata à Vice-Presidência Tim] Walz”, afirmou ela nas redes sociais em uma carta assinada por cinco membros da família. “A decisão de nosso irmão Bobby de apoiar Trump hoje é uma traição aos valores que nosso pai e nossa família mais valorizam. É um final triste para uma história triste.”
Apesar da rejeição da família, Kennedy Jr. conseguiu certa popularidade quando os eleitores estavam desanimados tanto com Biden, criticado pela idade avançada, quanto com Trump, envolvido em diversos problemas legais. Uma pesquisa da Reuters/Ipsos de novembro de 2023, por exemplo, mostrou que ele contava com o apoio de 20% dos americanos em uma corrida de três vias com Biden e Trump.
Assim, Kennedy desistiu da nomeação democrata e resolveu concorrer como candidato independente. Mudanças recentes na conturbada campanha das eleições de novembro, porém, tiraram o foco de RFK. Nas últimas semanas, Trump sobreviveu a uma tentativa de assassinato durante um comício e Biden saiu da corrida após intensa pressão dos democratas, passando o bastão para sua vice-presidente, Kamala.
O interesse dos eleitores em Kennedy, então, diminuiu -uma pesquisa da Ipsos divulgada no início deste mês mostrou que o apoio nacional de Kennedy Jr. havia caído para 4%. Embora pequeno, o número continuava significativo no contexto de uma eleição apertada.
O Partido Democrata minimizou o anúncio, no entanto. “Donald Trump não está conquistando um endosso que o ajudará a construir apoio, ele está herdando o fardo de um candidato de margem fracassado. Boa sorte”, disse a conselheira do Comitê Nacional Democrata, Mary Beth Cahill, em um comunicado.
Em julho, durante uma ligação publicada pelo filho do candidato independente, Bobby Kennedy 3º, na rede social X, Trump ecoou as teorias da conspiração antivacina que RFK defende e tentou dissuadi-lo a concorrer à Presidência. “Eu adoraria que você fizesse algo”, afirmou Trump na ocasião. “Acho que será tão bom para você e tão grande para você.”
A postura contra a imunização é apenas uma das passagens excêntricas de sua biografia. Kennedy Jr. já confirmou que um verme comeu parte de seu cérebro, negou ter comido um cachorro e, mais recentemente, admitiu que desovou o corpo de um filhote de urso no Central Park, em Nova York, em 2014 -caso de repercussão nacional que era considerado um mistério.