Marçal entra no alvo de Nunes e Boulos, e debate é marcado por troca de ofensas

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pablo Marçal (PRTB), que subiu sete pontos em duas semanas em pesquisa Datafolha, se tornou o principal alvo dos demais candidatos no debate promovido por Gazeta e MyNews neste domingo (1º).

O programa foi marcado por discussões, direitos de resposta, broncas da mediadora Denise Campos de Toledo e uma série de apelidos ofensivos —como invasor, tchutchuca do PCC, ladrãozinho de creche, Boules, Chatabata, Pablito, bandido, fujão, picareta e bananinha. Entre as propostas discutidas lateralmente, prevaleceu o tema da segurança.

Marçal teve embates diretos com Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), que dividem com ele a liderança na pesquisa. Mas, mesmo quando não estava na condição de perguntar ou responder, o candidato do PRTB foi assunto –Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB) também miraram nele.

Datena chegou a levar uma advertência por ter deixado seu púlpito e ido em direção a Marçal quando o influenciador o provocou e desafiou a ir até ele. Nesse bate-boca, Marçal havia dito que Datena era “playboy” e “multimilionário”. O apresentador chamou o influenciador de vagabundo, sem-vergonha, estelionatário de internet e mentiroso contumaz.

Marçal afirmou que Datena queria lhe agredir. “Dá pena ver a sua participação aqui”, emendou, lembrando que o tucano já disse antes não querer ser prefeito.

O influenciador também recebeu um pito quando usou palavrões. Os candidatos foram cobrados ainda a não falarem fora do tempo e a chamarem os rivais pelo nome e não pelos apelidos.

Marçal, que adota um discurso antissistema, ressaltou a união dos demais contra ele. “O que está acontecendo aqui é que fecharam um consórcio para ver se param o líder do campeonato.”

“Eu queria ser educado, mas eu sou alguém da extrema riqueza que já foi da pobreza. Eu gosto de baixaria, eu gosto do que vocês estão fazendo aqui, vocês estão mexendo com a pessoa errada”, disse em outro momento.

“Esse aqui não é um jogo para ver quem tem melhor proposta. É para ver quem aguenta mais essa encheção de saco”, afirmou ainda o influenciador.

Nunes e Boulos também protagonizaram embates duros e obtiveram direito de resposta pelas ofensas, respectivamente, de “ladrãozinho de creche” e “invasor sem vergonha, sem caráter”.

Houve ainda ataques de Marçal ao jornalista Josias de Souza, da Gazeta e do UOL, que o questionou sobre ter dito ao podcast Flow que é preciso “ser um idiota” no processo eleitoral. Marçal falou em “militância no jornalismo” que produz “idiotice”.

O influenciador acionou mais de uma vez o discurso contra o comunismo, dizendo que não tinha como discutir sobre política com um “bando de comunistas”.

No debate, Tabata anunciou que entrou com uma segunda ação na Justiça Eleitoral e acusou Marçal de continuar utilizando financiamento irregular para impulsionar seus novos perfis nas redes sociais. Os perfis originais foram suspensos em uma ação anterior movida por Tabata.

A candidata do PSB também ironizou o nome de Pablo, em uma referência ao Pablo Escobar, traficante colombiano. “Parece uma pista de Deus o nome desse cidadão”, disse.

Nunes chamou Marçal de “tchutchuca do PCC” por causa da suspeita de ligação entre pessoas do entorno do candidato e do PRTB com o crime organizado. E Boulos trouxe à tona uma nova condenação de Marçal, desta vez na Justiça Trabalhista, por supostamente humilhar seus funcionários.

Datena relembrou a condenação de Marçal por ter aplicado golpes para roubar contas bancárias e o chamou de “bandidinho virtual de internet”.

O segundo alvo preferencial dos candidatos foi Nunes. Os rivais apontaram que ele é investigado na máfia das creches e que o PCC está infiltrado em duas empresas de ônibus da cidade.

Mais de uma vez, Marçal e Nunes foram atacados de forma conjunta, principalmente por Boulos e Datena.

“Existem dois bolsonaristas ligados ao banditismo candidatos a prefeito”, disse Boulos. Nunes reagiu ao chamar Boulos de “invasor de propriedade” e Marçal de “invasor de conta bancária”.

Marçal, por sua vez, distribuiu ataques a Boulos e Nunes. Ele chamou o primeiro de “Boules”, ironizando o uso da linguagem neutra no Hino Nacional em um evento da campanha do PSOL —Boulos afirmou não ter concordado com a performance.

Também questionou se Boulos, a quem tem acusado sem provas de ser usuário de cocaína, já usou alguma substância alucinógena. O candidato do PSOL relembrou a reportagem da Folha de S.Paulo que revelou que Marçal usa o processo de um homônimo para acusá-lo de usar drogas.

Já Nunes foi fustigado pelo fato de o voto bolsonarista estar migrando para Marçal apesar de o prefeito ter o apoio declarado de Jair Bolsonaro (PL).

“Bananinha está desesperado porque a campanha dele desintegrou. Como é ter Bolsonaro como amante? Você gosta muito dele, e você tem que esconder ele do povo. […] Nenhum bolsonarista consegue te apoiar porque você tem a mesma ideologia de gênero do Boules”, disse Marçal.

Questionado sobre se sentir traído por Jair Bolsonaro por causa dos acenos a Marçal, Nunes reiterou que o ex-presidente e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estão com ele e minimizou o avanço do influenciador na direita conservadora.

Para responder à acusação sobre ser bandido, Marçal relacionou Boulos e Tabata ao PT, dizendo que o partido foi responsável pela quadrilha do petrolão. Ele também ligou Nunes aos ex-governadores João Doria e Rodrigo Garcia, que apoiam o prefeito.

O influenciador se voltou ainda contra Tabata, a quem chamou de “Chatabata” e de “garota”. “A grande pergunta é quem financia, a quem interessa a candidatura do Pablo”, revidou ela.

O debate anterior, no último dia 19, não teve a participação de Boulos, Nunes e Datena, após reclamações de que os programas serviam apenas de palco para ataques de Marçal e que era preciso haver regras mais rígidas a fim de garantir que houvesse uma discussão saudável de propostas.

No encontro deste domingo, a Gazeta e o MyNews estabeleceram regras mais severas, prevendo inclusive advertência e expulsão, e os cinco primeiros colocados nas pesquisas decidiram, então, participar.

O debate não teve plateia, e cada candidato teve direito a apenas dois assessores. Foi proibido que os candidatos se afastassem de seus púlpitos e se aproximassem dos adversários. Também não foi autorizado o uso de celular ou qualquer outro material.

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